terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Família denuncia hospital por negligência após paciente perder visão e movimentos de braços e pernas

Denúncia foi protocolada no MPRR contra o Hospital Geral de Roraima (HGR)


Ângelo contraiu catapora, ficou cego e perdeu movimento dos
 braços e pernas

A família de Ângelo Ryan da Silva, 13 anos, morador do município de Caracaraí, protocolou uma denúncia no Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR), na última semana, contra o Hospital Geral de Roraima (HGR). A alegação seria de que a criança foi vítima de negligência médica durante os dois meses que ficou internada na undiade de saúde.
Em entrevista ao Roraima em Tempo, a prima do paciente, Lorena Ferreira, afirmou que Ângelo é autista e tem hidrocefalia. Ela contou que após ser internado no HGR, o menino contraiu catapora, ficou cego dos dois olhos e perdeu o movimento dos braços e pernas.
"Ele ficou cego, perdeu os movimentos e até agora ele não foi encaminhado para nenhum especialista. Nunca passaram o laudo e a cada dia que passa ele está ficando mais debilitado, com risco de contrair mais infecções", relatou. 
Conforme ela, o paciente foi encaminhado para unidade hospitalar no mês de dezembro por apresentar fraqueza, dor de cabeça e não conseguir se alimentar direito. Depois de uma série de exames, ele foi diagnosticado com infecção urinária e devido ao estado debilitado permaneceu internado no hospital.
"Ele ficou internado porque já estava muito fraco e muito debilitado, aproveitamos para conversar com um médico especialista para falar que ele é autista e tem hidrocefalia. Falamos um pouco sobre o estado de saúde dele, o médico disse que iria ver a situação para ver o que poderia ser feito em relação ao Ângelo, mas na verdade nada chegou a ser feito", explicou.
De acordo com a prima da criança, durante o período de internação no HGR Ângelo foi ficando cada vez pior. Segundo ela, depois de quatro dias internado na unidade, o menino foi encaminhado para o Hospital das Clínicas (HC), nesse momento a família percebeu que ele não enxergava e estava perdendo o movimento dos braços e pernas.
"Ângelo ficou alguns dias no HGR e foi encaminhado para o HC [Hospital das Clínicas] e percebemos que ele não estava enxergando e não acompanhava os movimentos que fazíamos. Além disso, as mãos dele também estavam perdendo o movimento. A médica que acompanhava viu que a situação era grave e encaminhou ele novamente para o HGR", informou.
Com isso, Ângelo permaneceu dois dias internados no HGR até ser transferido para o Hospital Lotty Íris. No local foi constatado que o menino havia contraído catapora durante o tempo de internação no HGR.
"Ele ficou um total de 22 dias internado na unidade, eles trataram da catapora e da infecção urinária, mas a visão dele não voltou e ele continuou sem o movimento dos braços e pernas e estava ficando cada vez mais fraco. Então novamente ele voltou a ser encaminhado para o HGR", narrou.
Lorena destacou ainda que, ao voltar para o HGR, Ângelo ficou internado em uma maca no corredor da unidade, sem receber assistência e correndo o risco de cair. Ela narra que somente depois de muita briga, o menino foi encaminhado para uma maca maior no leito, local onde continua internado.
"Desde que foi internado pela primeira vez ele só tem piorado, a única coisa que mudou até agora é que ele foi colocado em uma maca maior. Ainda não sabemos o que aconteceu ou qual é o diagnóstico dele", completou.


OUTRO LADO

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e a direção geral do HGR esclareceu que o paciente deu entrada na unidade na terça-feira (18) e no mesmo dia foi transferido para um leito no Bloco "D", onde está internado atualmente, recebendo toda a atenção de saúde da equipe médica.
"Salienta ainda que o paciente está sendo acompanhado por equipe multiprofissional e que o mesmo já se alimenta normalmente, sem necessidade do uso de sonda", citou um trecho da nota enviada à redação. 
A direção ressaltou ainda que o paciente passou por exame de ecocardiograma, o qual  apontou normalidade em seu estado de saúde. E já passou por avaliação oftalmológica.


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