Pai alega que houve negligência no atendimento de Denis Bryan, que morreu no sábado (1º). Saúde afirma que cumpriu protocolo e classificou episódio como tragédia.
Pai de menino morto com dengue denuncia suposta negligência ao Cremesp em Ribeirão Preto |
O pai do menino Denis Bryan, de 10 anos, que morreu com dengue em Ribeirão Preto (SP) no fim de semana, registrou nesta segunda-feira (3) uma denúncia no Conselho Regional de Medicina (Cremesp).
Michel Rodrigues da Silva afirma que houve negligência no atendimento à criança e quer que a entidade abra uma investigação sobre o caso.
"Fiz a denúncia, isso fica de alerta para todo mundo, não é só a doença. Essas pessoas que estão atendendo nossos filhos, nossos pais, a nós mesmos, se todo mundo fizer isso, não sei se vai mudar alguma coisa, mas estou fazendo a minha parte aqui em nome do meu filho e outras crianças que passaram por isso e podem vir a passar", disse.
Em entrevista coletiva, o secretário municipal de Saúde Sandro Scarpelini disse que os médicos cumpriram os protocolos de atendimento e classificou o episódio como uma tragédia.
Pai do menino Denis Bryan fez denúncia ao Cremesp em Ribeirão Preto (SP) após morte por dengue |
O que se sabe sobre a morte do menino Denis Bryan
Denis Bryan teve uma parada cardíaca e morreu no sábado (1º) depois de ser atendido na UBDS da Vila Virgínia e de ser internado na unidade de emergência do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto;
O menino de 10 anos é a segunda criança a morrer no município este ano em função da dengue;
Segundo a família, Denis foi atendido com febre e dores no corpo pela primeira vez no dia 24 de janeiro, mas a doença somente foi diagnosticada na última quinta-feira (30);
O pai diz que a equipe médica da UBDS foi negligente ao deixar de solicitar exames;
O secretário municipal de Saúde garantiu ter cumprido o protocolo de atendimento e tratou um caso como uma tragédia.
Menino de 10 anos morre com dengue em Ribeirão Preto |
Michel disse que foi orientado a redigir uma carta relatando o caso e que o documento seria enviado para o Cremesp em São Paulo.
"Muito triste, não queria estar aqui fazendo isso, não queria nem estar passando por um tipo de situação como essa, mas infelizmente não tem o que fazer", afirma.
Para o pai, se a dengue tivesse sido diagnosticada antes o menino poderia estar vivo agora. "Se ele tivesse chegado antes na mão deles no HC talvez ela tivessem revertido o quadro, mas ele chegou péssimo, em estado crítico."
Ao mesmo tempo em que tem que lidar com a morte do filho, Michel acompanha o atendimento das duas filhas de 8 e 12 anos que também estão com suspeita da doença. O atendimento delas, no entanto, foi bem diferente do recebido pelo filho.
"Estão lá na UPA da [Treze de Maio], recebendo um atendimento que meu filho não recebeu. Graças a Deus elas estão recebendo esse atendimento, hoje estão sendo muito atenciosos com elas."
A morte do menino
O pai relata que Denis Bryan foi atendido na Unidade Básica Distrital de Saúde (UBDS) da Vila Virgínia pela primeira vez na sexta-feira (24) com dor no corpo e febre e que, nas várias consultas realizadas, o filho era liberado após receber soro e analgésico.
Segundo ele, o exame de sangue foi realizado na quinta-feira (30), seis dias após o primeiro atendimento na UBDS, quando o estado de saúde do menino se agravou.
Ainda de acordo com o pai, o menino começou a urinar sangue e foi transferido para Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE) na sexta-feira (31). Ele teve uma parada cardíaca durante a madrugada e não resistiu.
O secretário municipal de Saúde confirmou que Denis foi atendido três vezes em um intervalo de três dias - entre 28 e 31 de janeiro - na UBDS, mas a dengue só foi diagnosticada, em um estágio mais grave, no último atendimento, quando foi definida a transferência para o HC-UE.
"Ele não tinha um caso clássico da doença. Ele tinha diarreia, náuseas e uma febre, que era medida pela mãe em casa. Mas, não era a dengue com sinais de alerta, que a gente tem nos protocolos do Ministério da Saúde e do município”, afirmou.
Dengue em Ribeirão Preto
De acordo com a Secretaria da Saúde, em janeiro foram registrados 876 casos de dengue em Ribeirão Preto, número quatro vezes maior que no mesmo período do ano passado, quando 254 moradores foram infectados.
Esse também é o segundo maior índice de notificações para o mês, atrás apenas de 2016, quando 9,3 mil tiveram a doença.
Atualmente, em torno de 12% dos pacientes estão hospitalizados em decorrência da gravidade da dengue. Em outras epidemias, quando Ribeirão Preto chegou a registrar 14 mil infectados, esse índice foi de 4%.
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