domingo, 20 de fevereiro de 2022

Prefeitura é condenada a pagar R$ 150 mil para família de mulher que morreu após ser atendida por falso médico

 

Homem fazia parte de facção criminosa de falsos médicos descoberta pela polícia em 2015, em Tatuí. Segundo a sentença do TJ, perícia apontou que houve falha no diagnóstico e na conduta médica.


Pronto-socorro de Tatuí — Foto: Cláudio Nascimento

A Prefeitura de Tatuí (SP) foi condenada a pagar uma indenização de R$ 150 mil por danos morais aos filhos de uma mulher que morreu em junho de 2015, depois de ser atendida por um falso médico que atuava no pronto-socorro municipal da cidade.

Conforme a sentença publicada na segunda-feira (14), a família de Naimar Conceição Machado afirmou que a paciente sofreu um infarto no dia 27 de junho de 2015 e foi levada ao Samu até a unidade hospitalar.

Ela morreu dois dias depois, e a família descobriu que ela tinha sido atendida por um falso médico que estava atuando há seis meses como plantonista no local.


Segundo o documento do TJ, a quadrilha atuava "aplicando golpes e inserindo pessoas sem formação em medicina para trabalhar como se médicos fossem".

Na sentença, o juiz afirma que Bertino foi o responsável pelo diagnóstico e atendimento da paciente Naimar em Tatuí. Além disso, diz que uma perícia atestou que o atendimento feito pelo suposto médico foi deficitário, havendo falha no diagnóstico e na conduta médica.

Conforme o TJ, apesar de não ser possível afirmar que a paciente sobreviveria se fosse atendida por um profissional, houve risco à saúde pública e danos morais. Além disso, ele destacou que a paciente poderia ter tido "melhores condições nos últimos momentos de vida".

Sentença


Durante o processo, a prefeitura de Tatuí chegou a dizer que o falso médico nunca pertenceu ao quadro de servidores, sendo admitido diretamente pela Santa Casa. O município também destacou a falta de provas da relação do atendimento deficitário do médico com o óbito da paciente.

No entanto, a decisão judicial aponta que a prefeitura é a responsável primária pelo serviço de saúde local e, consequentemente, também é responsável pelos danos causados aos pacientes. Por isso, a Justiça condenou a prefeitura ao pagamento de R$ 150 mil à família da vítima.

O processo também pedia uma indenização por danos morais à Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, mas a Justiça afastou a responsabilidade do órgão, dizendo não haver qualquer "vínculo com a instituição hospitalar ou com o suposto médico".

Em nota, a Prefeitura de Tatuí informou, através da Secretaria de Governo e Negócios Jurídicos, que vai recorrer da decisão judicial. Apesar disso, destacou que os fatos ocorreram no ano de 2015, durante outra gestão municipal.

Na época, a Santa Casa de Tatuí estava sob intervenção do município, por isso, era de responsabilidade da prefeitura.

g1 também entrou em contato com o hospital para pedir um posicionamento, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Já o processo contra Bertino Rumarco da Costa e os demais falsos médicos que participavam da organização criminosa está na 2ª Vara da Comarca de Mairinque, e ainda não houve sentença.




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