A família de Marisa Nunes, a mulher de Fazendas de Almeirim que morreu na sequência de complicações sofridas num exame de rotina num hospital privado em Leiria, diz-se “revoltada com a justiça”.
“Ninguém compreende porque é que, três anos depois da morte da minha irmã, o processo continua parado nos tribunais”, disse à Rede Regional José Nunes, irmão da vítima, sobretudo quando há um relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) que arrasa por completo a assistência que lhe foi prestada no Centro Hospitalar São Francisco.
Os três médicos que socorreram Marisa Nunes “omitiram procedimentos que podiam ter melhorado o estado clínico da doente”, conclui o relatório da IGAS, onde se lê que houve uma violação das chamadas “Leges Artis”, ou seja, das boas práticas clínicas.
Marisa Nunes, que tinha então 33 anos, deu entrada no São Francisco a 19 de julho de 2017 para a realização de uma AngioTAC Cardíaca, um exame de rotina para despistar uma possível doença no coração.
Já na radiologia, e depois de lhe ter sido administrado um contraste, a mulher sofreu um choque anafilático inesperado, com dores fortes e perda de consciência.
Segundo a IGAS, o radiologista, a anestesista e o clínico de medicina interna que a assistiram não lhe administraram os fármacos corretos naquela situação, não prestaram as manobras de primeiros socorros mais adequadas, e ainda permitiram que fosse transportada para o hospital público de Leiria, o Santo André, numa ambulância dos bombeiros sem qualquer acompanhamento médico, entre outros indícios de negligência grave.
A vítima chegou já em paragem cardiorrespiratória ao Santo André, onde esteve internada, em coma, até 18 de agosto, dia em que foi transportada para o Hospital de Santarém, onde veio a falecer a 6 de dezembro de 2017.
A IGAS considera não ter competência jurídica para intervir nesta situação, uma vez que ocorreu numa unidade de saúde privada onde os médicos declararam ser prestadores de serviços, mas determina o envio do relatório para o Ordem dos Médicos, para apuramento de eventuais responsabilidades disciplinares, e para o MP de Leiria, onde a família formalizou queixa-crime contra o Centro Hospitalar São Francisco.
Três anos depois da morte de Marisa Nunes, a família desconhece em que estado está o processo, que diligências têm sido feitas, ou sequer se os médicos irão ou não a julgamento.
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