Catador de reciclável deixa o Ouro Verde sem ter alta médica e familiares reclamam da omissão da unidade de saúde
Familiares foram ao hospital em busca de informações e fizeram buscas
Uma família moradora na região do Campo Belo, em Campinas, está inconformada e busca desesperadamente por um catador de reciclado de 52 anos, que desapareceu do Hospital Ouro Verde. Segundo a tia do homem, a também coletora de reciclados Maria Helena de Lima Nicacio, de 48 anos, Ivânio Santana Barbosa foi transferido para a unidade médica na quinta-feira passada, após ser levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São José. Na tarde do sábado, a mulher o visitou. Porém, Barbosa sumiu do hospital e a família garante que não foi avisada. "Soubemos do desaparecimento dele na terça-feira, quando minha sobrinha foi levar objetos de higiene pessoal para ele. No hospital disseram que ele tinha fugido", contou.
Na manhã de ontem, um grupo de familiares foi até o hospital para exigir informações sobre o desaparecimento e também realizou buscas nas imediações da unidade, sem sucesso. "Estamos desesperados. Ele não apareceu em casa. Estava sem dinheiro e doente. A gente não consegue entender como ninguém do hospital o viu saindo ou até mesmo tentou impedir ele, sem contar que nem nos avisaram do desaparecimento", falou.
Segundo Maria Helena, o sobrinho tem alguns problemas de saúde, inclusive cardíacos, e teria sido levado para a UPA após passar mal com dores no pâncreas. Barbosa teria ido com veículo de aplicativo e fornecido um número de telefone celular desconhecido. Entretanto, ao descobrir o erro da informação, a família forneceu quatro números de contatos, já que por conta da pandemia, as visitas são limitadas. "Pedimos para mudar o telefone de contato no prontuário dele. Estávamos tranquilos achando que ele estava internado e que passaria logo pela cirurgia", disse a catadora de reciclado.
Em nota, a Prefeitura confirmou que Barbosa foi levado para o hospital no dia 26, com suspeita de pancreatite, e que no dia 28 foi orientado pela equipe médica e de enfermagem que precisava continuar internado para tratamento, porém, ele recusou os cuidados hospitalares e evadiu-se do hospital. "No mesmo dia, o hospital tentou contato com a família várias vezes, mas não conseguiu falar com ninguém. Quando um usuário adulto é capaz e abandona voluntariamente o tratamento no hospital, isso é chamado de evasão. Não é considerado crime grave e, por isso, não se faz registro de boletim de ocorrência", frisou em nota.
De acordo com a Administração municipal, foi feita uma notificação interna de controle de acesso no hospital e registrada a evasão. "As visitas aos pacientes do hospital não estão proibidas, mas restritas por causa da Covid-19 e com horários pré-determinados", frisou.
Pelo protocolo dos hospitais particulares, todo paciente é responsabilidade do hospital e quando um paciente adulto foge da unidade é registrado um boletim de ocorrência na Polícia Civil como medida de precaução. Além disso, a assistência social também entra em contato com a família e quando não consegue falar com ninguém, vai até o endereço indicado na ficha de internação.
A Prefeitura disse que também há protocolos na rede municipal e que o hospital fez contato no número deixado na ficha do paciente e que na manhã de ontem orientou a família fazer o boletim de ocorrência de desaparecimento.
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