quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Médico é indiciado por homicídio culposo ao atestar morte de paciente ainda viva no HGE, em Maceió

 

Vítima foi dada como morta e colocada em um saco funerário; funcionários perceberam que ela ainda estava viva e a levaram de volta para o hospital, mas ela não resistiu e faleceu horas depois.


Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, AL


Um médico de 42 anos que atestou a morte de uma paciente quando ela ainda estava viva, internada no Hospital Geral do Estado (HGE) após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), foi indiciado pela Polícia Civil de Alagoas por homicídio culposo. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (30).

O nome do médico não foi divulgado pela polícia. A vítima era Audeci da Silva Ferreira, de 65 anos. A denúncia foi feita pela irmã dela.

Segundo a Polícia Civil, Audeci deu entrada no hospital no dia 4 de julho. Por volta das 17h, o médico atestou a morte da mulher, mas quando ela foi transportada em um saco funerário para o necrotério do HGE, funcionários perceberam que ela ainda estava viva e a levaram de volta para o hospital, onde veio a falecer às 21h10 do mesmo dia.

A irmã da vítima alegou que foi chamada pela assistente social para uma sala onde, em um computador, foi mostrado a ela o relatório do óbito e solicitado que ela fosse ao necrotério do hospital fazer o reconhecimento.

Chegando ao necrotério, com base no nome apresentado, disseram que o corpo da irmã dela não estava ali. A irmã da paciente contou que presenciou uma outra funcionária do hospital sair assustada da sala dizendo que "o corpo da mulher estava se debatendo", mas sem citar nomes.

Diante disso, a irmã da paciente foi retirada do local. Com a insistência por esclarecimentos, momentos depois, ela foi recebida por um médico que disse ter se enganado ao atestar o óbito da paciente, pediu desculpas pelo erro e disse que a irmã dela ainda estava internada, viva. Ela foi levada para um quarto onde viu a irmã em coma, respirando com ajuda de aparelhos.

À época, o HGE não confirmou que a paciente tinha sido levada viva para o necrotério, mas admitiu que o óbito foi comunicado à família antes do início do protocolo de morte encefálica.

Depois de ouvir testemunhas e funcionários, o delegado Robervaldo Davino, do 6º Distrito da Capital, concluiu que houve negligência por parte do médico. O inquérito já foi enviado à Justiça.


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