sábado, 5 de dezembro de 2020

Polícia investiga denúncia de abuso sexual e maus-tratos de jovem durante internação em hospital de Niterói; instituição nega

 

Estudante de 18 anos foi internada após ter uma convulsão. Familiares afirmam que equipe médica não passa informações e que jovem foi amarrada na maca. Hospital nega negligência e diz desconhecer suposto caso de abuso.


Estudante diz que foi abusada no Hospital Icarai


A polícia investiga relatos de uma jovem a parentes de que teria sofrido negligência, maus-tratos e abuso sexual enquanto estava internada em um hospital particular em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. A unidade de saúde nega as acusações.

Familiares de uma estudante de 18 anos contam que receberam na última terça-feira (1º) um pedido de socorro da jovem que está internada no Hospital Icaraí, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Ela relatou, pessoalmente para a mãe e em uma ligação telefônica para a irmã, que foi acordada com um médico mexendo em sua vagina. Parentes também reclamam de falta de informações sobre o estado da jovem, que foi internada com convulsões.

A família registrou o caso numa delegacia e a polícia pediu exame de corpo de delito na jovem.

"As investigações estão em andamento na 76ª DP (Niterói) para apurar os fatos. A mãe da vítima vai ser ouvida, nesta sexta-feira, na unidade policial. Os agentes também vão intimar todos os médicos do hospital envolvidos no atendimento à vítima para serem ouvidos na delegacia", disse a Polícia Civil.

O hospital, que é particular, diz que tem passado informações sobre o estado de saúde da jovem para a família, mas a irmã nega.

A jovem foi internada na noite do dia 26 de novembro com convulsão. A jovem foi medicada após a internação. Ainda não há um diagnóstico claro sobre o estado de saúde dela, segundo a família. A família relata ainda que a menina teria sido amarrada na maca da unidade.

A mãe da jovem esteve no hospital nesta terça - quando ela ligou para a irmã - e novamente nesta quarta.

“Uma hora ela estava sedada, outra hora não. Eles se recusavam a falar com a minha mãe, debochavam. Ontem [terça-feira] eu consegui falar com ela. Minha mãe foi visitar e levou o celular. Ela me pediu socorro, ela pediu para sair de lá. Ela estava chorando. Ela falou que foi muito maltratada”, contou a irmã da estudante, que tem 22 anos.

A irmã de paciente afirmou ainda que a caçula relatou ter acordado com as pernas abertas e com um médico mexendo na sua vagina na madrugada de segunda-feira (1º). A equipe médica, por sua vez, informou à família que se tratava de uma coleta de urina para exame.

Jovem foi amarrada na maca enquanto estava internada


“Ela disse assim: 'Eu acordei com as pernas abertas, eles estavam tentando colocar algo em mim. Comecei a gritar. Eles falaram que era algum exame’. Depois dessa ligação, minha mãe saiu da visita. E depois disso, ela foi sedada e entubada. A gente não sabe o motivo”, disse a irmã da estudante.

A irmã da jovem internada também disse ao G1 que está há dias sem dormir e sem comer direito tentando resolver a situação à distância, já que mora na Polônia.

Caso registrado na DP e jovem foi entubada


Após o pedido de socorro, a família registrou o caso na 77ª DP (Icaraí) e pediu ao hospital para que a paciente fosse transferida. Apesar disso, segundo os parentes, os médicos estariam dificultando o processo de remoção da paciente. A família diz que, após o relato de abuso, a jovem foi entubada, sem que o motivo para isso fosse explicado pelo hospital.

‘Minha mãe voltou lá [nesta quarta] e ela já estava entubada. Minha mãe pediu documentação para transferir ela de hospital e eles negaram. Pediu o resultado desse suposto exame e eles se recusam a entregar. A gente está desesperada. Como a gente vai tirar ela de lá? Por que eles não querem transferir ela de lá? A gente não consegue entender. Os médicos se recusam a falar com a gente”, completou a irmã.

O que dizem os citados


O Hospital Icaraí foi questionado pelo G1 sobre o suposto caso de abuso da paciente e informou que o hospital não foi notificado sobre o assunto. Assim que isso acontecer, ”o departamento jurídico tratará de forma legal para apurar os fatos verídicos e dar encaminhamento”.

Em relação aos casos de negligência médica e falta de informação da paciente à família, a unidade disse que as “informações não são verídicas, pois a família vem sendo acompanhada e atendida, diariamente, pelo Serviço Social do Hospital Icaraí e por sua equipe do Centro de Terapia Intensiva”.

A Polícia Civil também foi procurada pelo G1, mas até a publicação desta reportagem não enviou uma resposta.

Veja a íntegra da nota do hospital:

Vimos a público esclarecer a população sobre supostas denúncias de negligência que estamos recebendo na Internet, por conta de um suposto tratamento indevido com um paciente, que deu entrada na emergência do Hospital Icaraí.


As informações não são verídicas, pois a família vem sendo acompanhada e atendida, diariamente, pelo Serviço Social do Hospital Icaraí e por sua equipe do Centro de Terapia Intensiva. Todos os esclarecimentos devidos estão sendo prestados à família – e tão somente a ela – com respeito e responsabilidade.


De acordo com o que foi divulgado por redes sociais, nossa Unidade de Saúde não estaria fornecendo à família do paciente informações sobre o seu estado de saúde, bem como não teria permitido a visitação pelos familiares, além de outras graves acusações que vêm sendo imputadas ao hospital e corpo clínico, todas desprovidas de qualquer veracidade, com intuito visível de denegrir a imagem do mesmo, o que já foi encaminhado ao departamento jurídico para adotar as providências judiciais cabíveis.


Por razões de sigilo médico profissional é o que nos cabe divulgar em público no momento.


Colocamos nossa área de Comunicação à disposição para quaisquer esclarecimentos, a fim de que sejam evitadas informações inverídicas.


G1


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