segunda-feira, 26 de julho de 2021

Cirurgião plástico investigado por abuso sexual acumula 23 processos éticos no Cremers

 

Médico chegou a ter o registro cassado duas vezes, mas em ambos os casos, a pena máxima foi suspensa pelo Conselho Federal de Medicina, em Brasília.


Entenda o caso: Médico é investigado por abuso sexual no RS

O cirurgião plástico Klaus Wietzke Brodbeck, denunciado por 95 mulheres por abuso sexual, acumula 23 processos éticos no Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremes). O médico chegou a ter o registro cassado duas vezes, mas em ambos os casos, a pena máxima foi suspensa pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília.

Em depoimento à Polícia Civil, o médico negou as acusações. Ele foi preso, em Gramado, na serra gaúcha, na noite de sexta (16).

Os processos foram julgados em 2004 e 2011. Em um deles, Klaus foi absolvido e no outro, acabou condenado a 30 dias de suspensão.

Em nota, o CFM informou que "a atuação do CFM e dos CRMs se caracteriza pelo respeito aos princípios da ética, da justiça e da idoneidade". Leia nota completa abaixo.

"Situações como essa merecem uma investigação bastante apurada. Compete aos conselhos regionais de medicina a fiscalização do exercício da medicina em território nacional e certamente o conselho agirá junto com as autoridades policiais. A sociedade de cirurgia plástica aguarda o pronunciamento desses órgãos pra que possamos tomar procedimentos administrativos internos. De imediato, foi instaurado um procedimento administrativo para verificação e acompanhamento a todos esses casos", explica o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Dênis Calazans.

Casos de abusos


Uma das mulheres ouvidas pela reportagem da RBS TV fez uma cirurgia com Klaus, em 2001, e diz que foi abusada. Ela era menor de idade na época, tinha 14 anos. Pela primeira vez, decidiu falar dos abusos e denunciar o caso à Delegacia da Mulher.

"A primeira consulta foi com a minha mãe junto. [No retorno] ele já não deixou mais a minha mãe entrar. Ele falou 'deixa eu ver o teu nariz', vem aqui um pouquinho. Ele se levantou, botou os dedos dele na minha boca, hoje eu entendo o que, simulando como se eu tivesse fazendo sexo oral. Ele falava pra mim que ele queria ver se a ponta do meu nariz baixava. Ele me pôs nua na frente dele, ficava acariciando os meus seios, só que tudo ele falava em relação porque 'tu vai amar a tua cirurgia, tu vai retornar, e aí a gente vai colocar prótese'. Ele ia mexendo, ia descendo no meu corpo, ele colocou a mão na minha bunda, alisou. Ele dizia que ele tinha uma técnica de levantar bumbum. Na minha cabeça eu pensava 'eu estou ficando louca, não é possível, sabe, ele está abusando de mim, está passando a mão diferente'", conta.

A polícia coletou material genético para realizar exames que podem comprovar os abusos.

"Diante do relato de que seriam filmados algumas dessas consultas com as vítimas, já apreendemos objetos como celulares e notebooks e alguma outra documentação que seja importante para a investigação", afirma Jeiselaure Rocha.

O caso mais grave investigado pela Delegacia da Mulher é o de uma corretora de imóveis. Ela também vez implante de silicone nos seios e depois de pagar pela cirurgia, diz que recebeu uma proposta de klauss brodbeck.

"Ele disse assim pra mim 'eu já fiz pra várias meninas lá da tua cidade'. Ele começou a citar os nomes das meninas, e 'eu não te cobro nada', ele disse, 'só a gente fazer uma troca de favores'.

Mesmo assustada, ela foi pra mesa de cirurgia. E ao acordar, horas depois, percebeu secreções na vagina.

"Eu não estava sentindo nada, nem os seios eu não estava sentindo, como se eu não tivesse feito nada, e quando eu urinei, eu me sequei e notei que tinha uma secreção estranha em mim, que não era da urina, que era uma secreção meio gosmenta assim. A minha mãe estava no dia comigo, e eu fiquei com medo de chamar ela e falar e se não fosse nada, e ela fizer um escândalo, e se não fosse nada", disse.

Nota do Conselho Federal de Medicina


A Lei nº 3.268/1957 outorga aos Conselhos de Medicina o poder de disciplinar e aplicar penalidades aos médicos considerados culpados de irregularidades cometidas no exercício da profissão, garantindo-se direito à ampla defesa e contraditório em todas as etapas.

Na autarquia, o Conselho Federal de Medicina (CFM) funciona como instância em grau de recurso para casos julgados pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) nos quais pelo menos uma das partes (denunciante ou médico) manifestou inconformidade com a decisão tomada e solicita nova análise.

Reitere-se que em caso de cassação no âmbito do CRM esta decisão por determinação legal deve ser referendada pelo CFM, mesmo sem a apresentação de recurso por nenhuma das partes.

Nesta fase, o processo é reavaliado e, ao final, o CFM se pronuncia sobre o caso, podendo manter ou alterar a decisão tomada em primeira instância em função da análise criteriosa dos documentos e outras informações.

Em todos os momentos, a atuação do CFM e dos CRMs se caracteriza pelo respeito aos princípios da ética, da justiça e da idoneidade.






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