quinta-feira, 7 de abril de 2022

Grávidas sofrem à espera de socorro em maternidade e mulher diz que perdeu bebê; 'estava com dor e não fui atendida'

 

Secretária de Saúde do Recife disse que Barros Lima, na Zona Norte, passa por troca de profissionais. Ela afirmou que 'foram cenas lamentáveis'.


Grávidas passam a noite à espera de atendimento na Maternidade Barros Lima

A madrugada foi de espera longa e dolorosa para as grávidas que precisaram de socorro, nesta quarta (6), na Maternidade Barros Lima, em Casa Amarela, no Recife. As mulheres reclamaram que não tiveram pré-atendimento e precisaram aguardar em cadeiras, na recepção. Uma delas afirmou que perdeu o bebê.

Imagens enviadas para o WhatsApp da TV Globo mostram a recepção da maternidade cheia de grávidas revoltadas com a falta de atendimento. O cenário era o mesmo, tanto de noite como de madrugada.

Muito sofrimento para as mulheres e acompanhantes. A dona de casa Alexandra de Melo Lima estava grávida de dois meses e chegou à unidade de saúde às 12h da terça. Com muita dor e sem atendimento, ela contou que perdeu o bebê.

"Eu estava com bastante dor e não fui atendida. Às 8h , fui ao banheiro e estava sangrando muito. Eu senti uma bola descendo. Ai eu acho que perdi o meu filho e ainda estou aqui sangrando. Ainda vou fazer a ultrassom para poder fazer a curetagem", disse.

Alexandra de Melo Lima estava grávida de dois meses e disse que perdeu o bebê

A dona de casa Cleyzer Kelly de Santana esperava desde as 14h da terça por atendimento e chorava de dor e angústia. A data na cartilha do pré-natal mostrava que ela já passou do dia previsto para o parto, que era 29 de março. O surgimento das contrações a deixou preocupada com o bebê

"Eu estou sofrendo muito de maternidade em maternidade, mas só indo para casa. Essa aqui é a terceira (maternidade). Já não aguento mais. Estão mandando eu ir para casa e eu estou com nove meses já. São 41 semanas", desabafou.

Cleyzer Kelly de Santana esperava desde às 14h da terça por atendimento e chorava de dor e angústia

Uma mulher que não quis ser identificada também chegou à maternidade na tarde da terça e disse que só foi atendida na manhã desta quarta.

"Mandaram eu simplesmente ir para outra maternidade, sem me dar um encaminhamento, um prontuário médico. Teve a mulher que a bolsa estourou e ficou mais de três horas para parir. Mulher que perdeu sangue. Muitas mulheres passando por coisas horríveis", lembrou.

A dona de casa Thamily Siqueira está grávida de oito meses. Com contrações, ela disse que ficou muito triste com o atendimento que recebeu.

"Disse que o médico estava lá fazendo o parto, que ia largar de 7h e entrar outro plantão para atender a gente, mas até agora nada", afirmou.

Inspeção


Na tarde desta quarta, o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) realizou uma inspeção na maternidade.

A presidente da entidade, Claudia Beatriz, disse que foi até a Barros Lima para checar a denúncia de escalas deficitárias, superlotação, sobrecarga de trabalho.

Segundo o sindicato, houve tumulto e tentativa de invasão na porta da maternidade por causa de dificuldades no atendimento.

"Há pacientes revoltados com a longa e médicos obstetras indignados com as equipes desfalcadas. A escala exige cinco profissionais e hoje só havia dois", afirmou a entidade.

O que diz a Prefeitura


Em entrevista ao NE1, da TV Globo, a secretária de Saúde do Recife, Luciana Albuquerque, afirmou que 72 profissionais que foram contratados temporariamente estão sendo substituídos por concursados.

No entanto, os profissionais que vão assumir, chamados no dia 29 de março, estão no período de entrega de documentação para assumir o trabalho.

"Enquanto isso não se dava, a gente estava substituindo por plantões de profissionais da nossa rede. Mas enquanto a Barros Lima normalmente recebe 50 gestantes no dia, ontem foram 92. Somou a falta de profissionais com a chegada de mais mulheres e a gente viu essas cenas que foram lamentáveis. Cenas como essa a gente não quer ver se repetir de forma alguma", disse.

De acordo com a secretária, para que a situação não se repita, outros profissionais vão reforçar os plantões.

"A gente vai procurar mais profissionais para reforçar estes plantões até que estes profissionais possam assumir, em aproximadamente dez dias", garantiu.








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