Doutor Dalvo Neto foi denunciado em 2019 pelo Ministério Público do Ceará por vender um aparelho de ultrassom veterinário, devidamente tombado, e duas sondas.
Mulheres que tiveram sequelas e complicações após cirurgias plásticas denunciam médico
O doutor Dalvo Neto, de 43 anos, alvo de um inquérito por lesão corporal que reúne denúncias de pelo menos dez mulheres que dizem ter sofrido complicações e sequelas de cirurgias feitas por ele em Fortaleza, é réu na Justiça Estadual pelo crime de receptação qualificada. Conforme a denúncia, o médico havia anunciado a venda de um ultrassom que pertence à Universidade Estadual do Ceará (Uece).
O inquérito policial de abril de 2019 aponta que o médico sabia "que sabia [que os equipamentos que ele pôs à venda] eram produtos de crime". A 8ª Vara Criminal de Fortaleza aceitou a denúncia.
A defesa de Dalvo Neto disse ao g1 que em relação à acusação pelo crime de receptação "ficará comprovada a inexistência de qualquer ato ilícito". Disse ainda que houve colaboração do médico com as autoridades para a identificação e prisão dos responsáveis pelo crime.
O g1 também entrou em contato com o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE). Segundo informações da 8ª Vara Criminal, onde corre o processo, a referida audiência "não se realizou em face da pandemia da Covid 19 e está concluso ao juiz para ser redesignada".
Aparelho de ultrassom pertence à Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Em agosto de 2019, três meses após a denúncia do Ministério Público, a Justiça solicitou que a audiência de instrução e julgamento de Dalvo Neto fosse marcada para 5 de agosto de 2020. Na ocasião, deveriam ser ouvidos a vítima e as testemunhas de acusação e defesa. A audiência não aconteceu.
Investigação
O MPCE afirmou que policiais civis do 11º Distrito Policial de Fortaleza foram procurados por um professor da Uece que afirmou que um homem anunciava em um grupo de médicos veterinários a venda de um aparelho ultrassom que havia sido levado da universidade. O valor do produto era R$ 11 mil.
O equipamento foi levado após arrombamento, no dia 15 de fevereiro de 2019, do interior do veículo de uma aluna na Praça da Gentilândia, no Bairro Benfica. Na ocasião, foram furtados o aparelho de ultrassom, além de duas sondas, também de propriedade da universidade, avaliados no valor total de R$ 45 mil.
A equipe policial iniciou conversas com o médico e ofereceu o citado equipamento, tendo ficado ajustado a conclusão da negociação para o dia 4 de abril de 2019, em seu consultório, às 14h.
Na data combinada, a equipe policial se dirigiu até o endereço, na companhia da Delegada titular do 11º DP. No local, segundo o MPCE, o médico exibiu o aparelho de ultrassom para agentes de segurança que, ao examinarem o objeto anunciado, constataram que se tratava do aparelho furtado da Uece.
Interrogado pela aquisição do aparelho, Dalvo Neto explicou na época das investigações que pertence a um grupo de compra e venda de produtos em Fortaleza e, que no dia 7 de março de 2019, um homem lhe ofereceu o aparelho ultrassom pelo valor de R$ 3 mil.
O médico disse que pagou a quantia de R$ 2,4 mil transferido para a conta do vendedor. O médico afirmou ainda que, em virtude do alto valor de venda, anunciou o equipamento em um grupo de médicos veterinários, negando ter ciência de que se tratava de produto de crime.
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