domingo, 18 de setembro de 2022

Médico nega falha em atendimento a adolescente grávida liberada do PS antes de dar à luz a gêmeos na rua em Guaíra

 

Após parto em frente à casa da jovem de 15 anos, um dos bebês morreu antes de chegar à Santa Casa da cidade. Família alega negligência de equipe médica que deu alta para a menina.


Adolescente grávida faz parto na rua após ser liberada de PS em Guaíra, SP

O diretor médico responsável pelo Pronto Socorro de Guaíra (SP), Rafael Chaves Dassie, onde uma adolescente de 15 anos grávida de gêmeos foi atendida e liberada antes de dar à luz na rua em frente à casa delanegou que tenha havido falhas no atendimento prestado à jovem. A adolescente procurou a unidade na tarde de quinta-feira (15) após sentir dores abdominais

"A médica avaliou, não tinha contração uterina, os batimentos presentes, medicou para dor e deixou em observação. O obstétrico orientou manter em observação e depois ver se teria contração no período. Não teve dinâmica uterina [contração]. Às 17h50 ela foi reavaliada novamente, nessa 1h50 que ela ficou, não teve dinâmica uterina, ela relatou que a dor melhorou", disse .

Diretor médico do Pronto-socorro de Guaíra, SP, Rafael Chaves Dassie 

Quando chegou em casa após ser liberada do PS, a menina, que estava no sexto mês de gestação, sentiu as dores aumentarem e entrou em trabalho de parto. As duas crianças nasceram na rua em frente à casa dela, antes de mãe e bebês serem levados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) à Santa Casa da cidade. No entanto, quando chegaram ao hospital, uma das crianças já tinha morrido.

"A gente fez, de certa forma, tudo que cabia ao nosso serviço fazer. A gente prestou todo apoio, ela ficou em observação por duas horas, não teve dinâmica uterina, e por isso ela acabou sendo liberada. A instituição está prestando todo apoio à família. A gente se compromete com o que puder ajudar, vamos estar ajudando", completou o diretor.

Nesta sexta (16), o pai da jovem disse que o bebê sobrevivente foi levado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Barretos. A mãe da criança também está internada na unidade. O estado de saúde deles não foi informado.

Família alega negligência


Familiares da jovem alegam que os médicos foram negligentes ao liberarem a adolescente na noite de quinta-feira.

Pai das crianças, o autônomo Wilson José da Silva Júnior afirmou que a jovem recebeu remédio e uma injeção no pronto-socorro e foi liberada após ficar de repouso. Segundo ele, a gravidez era considerada de risco.

"Deu um parecetamol e uma injeção. Daí [a médica] falou: 'Fica um pouco de repouso, e vamos ver se vai melhorar'. E nada. Daí a médica falou: 'Pode ir embora'. Nós viemos embora a pé. Chegamos aqui, ela foi no banheiro para tomar banho e me gritou. Quando fui lá dentro, ela falou para ligar para a mãe dela porque ela estava ganhando. Todo mundo apavorado."

"O povo sempre falou que [a gravidez] era de risco. Teve [negligência] da médica. O erro foi a médica, que não atendeu direito."

A vizinha Kelly Cristina Dias foi uma das pessoas que ajudaram a adolescente durante o trabalho de parto. Imagens recebidas pela reportagem mostram o momento em que ela e outros vizinhos tentam ajudar a menina na rua em frente à casa. 

"Ela tinha acabado de chegar do pronto-socorro, ela gritou, eu corri, me deparei com o marido dela ajudando ela e ajudei a socorrer. Chegando perto do carro, o bebê já tinha saído, e já estava nascendo a segunda. Daí colocamos ela no colchão, na calçada, e chamamos o Samu."

Adolescente entrou em trabalho de parto em rua de Guaíra, SP

Investigações


Sobre as investigações do caso, a Santa Casa de Guaíra, responsável pelo PS, diz que uma primeira análise constatou que a equipe médica adotou os procedimentos corretos, mas ressaltou que seguirá apurando a conduta tomada.

"A princípio, após averiguações, foram seguidos todos os protocolos existentes para o quadro da paciente, continuaremos nos próximos dias com as averiguações pertinentes ao caso, onde estaremos à disposição para maiores esclarecimentos se necessário".

Já a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que o caso é investigado como morte suspeita pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Guaíra.

"A equipe da unidade [policial] requisitou exames periciais junto ao IML [Instituto Médico Legal] e segue realizando oitivas e diligências para o esclarecimento dos fatos", complementou a SSP.

Santa Casa de Guaíra, SP 







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