De acordo com a família, ela teve o intestino perfurado e uma gaze foi deixada dentro da paciente
Um áudio compartilhado nas redes sociais denuncia que uma paciente, de 46 anos, foi vítima de negligência médica na unidade Ilha do Leite da Hapvida Recife. Ela morreu neste mês com o intestino perfurado, 15 dias após passar por cirurgia na unidade. A Hapvida lamentou o caso.
A paciente identificada apenas como Débora deixou o marido Roberto e dois filhos, uma menina de seis anos e um menino de 14. "Foi um choque geral [...] a negligência continuada que foi feita na Hapvida Recife foi muito danosa para a nossa família", relata Marluce Oliveira, cunhada da vítima.
No dia 2 de setembro, Débora passou por uma cirurgia de histerectomia parcial para retirada de miomas no útero, que lhe causavam sangramento intenso. No dia seguinte, ela apresentou um quadro diverso e informou que não estava bem. Mesmo assim, recebeu alta da cirurgiã. "[...] muitas dores, não estava conseguindo se alimentar e vomitando. Não havia feito cocô, nem conseguido andar", teria relatado à médica.
Três dias depois, ela foi socorrida com muitas dores e ainda sem conseguir se alimentar. "Tudo que botava na boca, vomitava. O detalhe é que o vômito era podre, com cheiro de podre", descreveu a cunhada. Essa foi a primeira das seis vezes que foi socorrida para a urgência. A recomendação dos médicos era que ela tomasse remédios para enjoo e para dor, sem prescrever nenhum exame.
Com mesmo quadro de dores fortes e mal-estar, a paciente voltou a ser socorrida no dia 15. Dessa vez, o marido exigiu que fosse realizado um exame de imagem. Débora passou por uma tomografia computadorizada e identificou um pedaço de gaze dentro da mulher.
"O resultado dessa tomografia deu que ela esqueceu uma compressa de gaze dentro dela, medindo 7 por 4,5 cm, e a pessoa que fez o laudo deixou bem em destaque para que fosse tomado logo uma providência", afirmou Marluce.
Uma nova cirurgia foi marcada para o dia seguinte e, dessa vez, o marido reivindicou que uma sobrinha da esposa, que é médica no IMIP, acompanhasse o procedimento. Ele teria sido informado que a presença da sobrinha seria respeitada, pois se tratava de um direito da família. Contudo, a nova cirurgia foi realizada sem que o direito fosse atendido. "Quando ela chegou lá, já estavam limpando e fechando. Não esperaram por ela para fazer a cirurgia", disse a cunhada.
Débora morreu na madrugada do dia 17 e a necropsia teria constatado que seu intestino foi perfurado no hospital. A família acusa a Hapvida Recife de negligência continuada e pede que a cirurgiã responsável seja removida do quadro de atendimento.
Em nota, a Hapvida disse que o caso comoveu a todos que fazem parte da empresa e se solidarizou com os amigos e familiares da paciente. A companhia não citou o afastamento da cirurgiã e informou que vai apurar os fatos.
Confira o comunicado na íntegra:
“A perda de uma vida sempre traz uma enorme comoção para a família e em todos que fazem parte do dia a dia da empresa. Lamentamos profundamente, e nos solidarizamos com familiares e amigos, pelo acontecido, no último dia 18 de setembro. Por isso mesmo, a companhia antecipa que vai apurar, com todo empenho, o relato dos familiares e está totalmente à disposição da família para prestar todo o apoio necessário”.
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