quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Criança morre em Acorizal por falta de médico


Reprodução

Menina de 3 anos e 11 meses passa mal e morre em Acorizal (62 km de Cuiabá) neste final de  semana. O pai acusa equipe de plantonistas da unidade de saúde de negligência e diz que se os profissionais tivessem feito atendimento digno poderiam ter salvo a filha.
 
A família, muito abalada, se despediu de Kauane Vitória Santos Brito, na tarde desta segunda-feira (7). O velório ocorreu na casa da família e o enterro ocorreu por volta das 16h no cemitério da cidade.
 
O pai da menina, o autônomo Januário Cipriano da Silva Brito, 45, popularmente conhecido por Gaio, está revoltado, pois a menina, segundo ele, sempre foi saudável e de repente começou a ter febre e vômito. A mãe correu para a unidade de saúde e lá afirma que foi mal atendida por 3 funcionárias que estavam de plantão naquele dia.
 
“Quando ela chegou não tinha ninguém na recepção do postinho. Estavam todas no fundo. Minha mulher perguntou por que não tinha ninguém ali e a funcionária começou a discutir com ela ao invés de atender a minha filha. Disse que se fosse para UPA, em Cuiabá, ia ter que esperar muito mais para ser atendida”, conta o pai .
 
A mãe da menina, a dona de casa Edirce dos Santos, 32, que já estava nervosa por conta da filha, ficou indignada e levou a menina de volta para casa. O pai então ofereceu para a criança paracetamol que comprou em uma farmácia. A menina conseguiu dormir, mas acordava de tempos em tempos vomitando e com diarreia. Durante a madrugada o quadro se agravou.
 
“Ela não conseguia comer nada, só beber água e mesmo assim vomitava tudo. Fiquei desesperado, pedi para amigos para me levarem para Cuiabá, mas não consegui a carona”, revela. Pela manhã os pais voltaram na unidade de saúde onde outra equipe já havia assumido o plantão.
 
Diante da gravidade da situação, a ambulância do posto foi acionada para transferir a criança para Cuiabá, mas no caminho a criança morreu. A enfermeira que atendeu o caso ainda ligou para a equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da Capital que foi se encontrar com a ambulância perto do Distrito da Guia, mas não teve tempo de fazer mais nada, pois a menina já estava morta.
 
O relatório médico do Serviço de Verificação de Óbito aponta que a causa da morte foi desidratação e gastroenterite aguda (infecção que atinge o sistema gastrointestinal ocasionando sinais e sintomas do aparelho como as diarreias, cólicas intestinais e vômitos).
 
“Acredito que se ela tivesse recebido soro nas primeiras horas que tinha vomitado não teria ficado tão desidratada e morrido”, avalia.
 
Outro lado  
A Secretaria de Comunicação (Secom) de Acorizal diz desconhecer negligência por parte dos servidores. Admite que não há médicos plantonistas no Posto da Saúde da Família aos finais de semana, como em nenhum PSF, por isso os casos mais graves são encaminhados para Cuiabá.
 
Diz ainda que a equipe plantonista, formada por uma enfermeira padrão, uma técnica de enfermagem e uma atendente, recebeu a mãe e a menina, procedeu com o atendimento e passou medicação para cortar a febre, mas a mãe da criança se negou a receber a medicação.
 
Explica que no dia seguinte a criança não apresentou melhora e foi acionda para fazer atendimento na casa da avó. A ambulância da unidade de saúde foi usada para fazer o translado até uma unidade de saúde de Cuiabá. O que não chegou a ser concluído, já que a menina morreu no meio do caminho.
 
Leia nota encaminhada ao Gazeta Digital na íntegra

A Secretaria de Saúde de Acorizal, desconhece a acusação de negligência no atendimento de saúde prestado a menor Kauane Santos Brito. Consta no livro de registros de atendimentos da unidade que a os pais deram entrada com a criança no pronto atendimento as 16h45 de sábado (5). Consta que a criança passou por pré-consulta com a técnica em enfermagem Euzely de Jesus, que aferiu a temperatura da criança que estava em 39,8 C, encaminhando a mesma em seguida para a sala de medicação onde estava a enfermeira chefe Celina Maria de Jesus, que realiza atendimento a outros dois pacientes, e atendeu em seguida a criança. Após examinar a mesma e seguir para o preparo da medicação, a mãe da criança se levantou, retirando a menor da maca e recusou a medicação, dizendo que iria por conta própria para Cuiabá.
 
A enfermeira chefe, conta que ainda insistiu com a mãe para que permanecesse na unidade dada a febre alta que a criança estava, mas a mesma saiu e a medicação que já estava sendo preparada teve que ser descartada. Todo ocorrido foi presenciado pelos outros pacientes e por uma acompanhante que assinou o livro de registro de atendimentos da unidade onde foi relatado o ocorrido.
 
A equipe realizou o que prevê o protocolo de urgência e emergência que é aferir a temperatura e pressão arterial ( no caso de adultos), estabilizar o paciente para só então conduzi-lo a Cuiabá. No entanto os pais da menor Kauane recusaram o atendimento e retiraram a criança da unidade.
 
Conforme relato dos funcionários presentes no momento o pai da criança estava bastante exaltado na recepção da unidade de saúde e até proferiu palavras agressivas aos mesmos.
 
No dia seguinte, domingo (6) a equipe que estava pegando plantão foi acionada as 8h20 da manhã para realizar um atendimento fora da unidade. Foi relatado que se tratava de uma criança de 4 anos que estava vomitando e com diarreia. Ao chegar no local a equipe encontrou a criança desacordada, desidratada no colo da tia. A mesma foi atendida, recebeu oxigênio e a enfermeira tentou reanimar a criança com massagens, mas a menor não reagiu. A equipe partiu para Cuiabá com a criança e foi feito então o contato com o SAMU que encontrou com a ambulância no trajeto. Os paramédicos do SAMU tentaram por diversas vezes reanimar a crianças mas a mesma não resistiu e foi a óbito. O médico do Serviço Móvel foi quem informou ao pai da criança sobre o óbito.
 

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