sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Mortes no HGR lembram outra tragédia ocorrida em 96 com a morte de 36 bebês na Maternidade do Estado.


Imagem de um dos corredores do HGR mostra amontoado de pessoas atendidas em situação deprimente.


As 18 mortes ocorridas no Hospital Geral de Roraima, no último final de semana, remontam a outro episódio, o trágico acontecimento de 21 anos atrás verificado em outra unidade da saúde do Estado: 36 recém nascidos morreram na Maternidade Nossa Senhora de Nazareth acometidos por bactérias infecciosas e doenças desconhecidas, justamente pelo abandono do lugar.
 
Roraima era governado à época por Neudo Campos, marido da atual governadora Suely Campos, que costumava glorificar sua administração como perfeita, onde praticava-se a melhor saúde púbica do país. Atualmente Neudo cumpre prisão domiciliar por ter sido condenado no escândalo de desvio de dinheiro conhecido como “Gafanhotos”.
 
O nebuloso caso da morte dos bebés até hoje não foi esclarecido, embora tenha granjeado repercussão internacional. O Ministério Público de Roraima abriu inquérito civil para apurar as causas que levou 36 bebês a óbito, mas o caso ainda arrasta-se sem uma conclusão, provavelmente entrará para a lista dos insolúveis. Descobriu-se naquele ano que a Maternidade registrava surto de infecção hospitalar e chegou até ser anunciado pelo MP que os responsáveis pelos registros trágicos seriam denunciados por homicídio culposo (não intencional).
 
O ocorrido de agora é o resultado de uma saúde pública que se encontra sucateada, um verdadeiro mulambo, sem investimentos, falta de remédios, atendimento caótico, embora disponha para o seu uso de um percentual pomposo de 18% do orçamento geral do Estado, algo em torno de R$ 800 milhões anuais. E mesmo com toda essa ‘dinheirama’, a saúde pública estadual encontra-se literalmente na UTI.
 
É lamentável que com tanto dinheiro em caixa e esbanjando apetite para gastá-lo, como por exemplo o contrato milionário com a Cooperativa Brasileira de Serviços Múltiplos de Saúde (Coopebrás), que custa a bagatela de R$ 130 milhões, o Governo seja negligente e não tenha a capacidade de gerenciar o maior hospital do Estado que se tornou ultimamente um poço de problemas, deixando em pânico pacientes que lá se encontram, a população que necessita ser atendida na unidade e familiares dos doentes.
 
É interessante relacionar que as mortes de agora ocorreram, segundo registros do próprio hospital, entre a noite de sábado, 22, e o domingo, 23. No mesmo período a família da governadora Suely Campos achava-se ocupada com a comemoração do aniversário de uma de suas netas, uma festa glamorosa, como diriam os antigos colunistas sociais, “de arromba”, ocorrida no mais caro e suntuoso salão de eventos da cidade.
 

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