As 18 mortes ocorridas no Hospital Geral de Roraima, no último final de semana, remontam a outro episódio, o trágico acontecimento de 21 anos atrás verificado em outra unidade da saúde do Estado: 36 recém nascidos morreram na Maternidade Nossa Senhora de Nazareth acometidos por bactérias infecciosas e doenças desconhecidas, justamente pelo abandono do lugar.
Roraima era governado à época por Neudo Campos, marido da atual governadora Suely Campos, que costumava glorificar sua administração como perfeita, onde praticava-se a melhor saúde púbica do país. Atualmente Neudo cumpre prisão domiciliar por ter sido condenado no escândalo de desvio de dinheiro conhecido como “Gafanhotos”.
O nebuloso caso da morte dos bebés até hoje não foi esclarecido, embora tenha granjeado repercussão internacional. O Ministério Público de Roraima abriu inquérito civil para apurar as causas que levou 36 bebês a óbito, mas o caso ainda arrasta-se sem uma conclusão, provavelmente entrará para a lista dos insolúveis. Descobriu-se naquele ano que a Maternidade registrava surto de infecção hospitalar e chegou até ser anunciado pelo MP que os responsáveis pelos registros trágicos seriam denunciados por homicídio culposo (não intencional).
O ocorrido de agora é o resultado de uma saúde pública que se encontra sucateada, um verdadeiro mulambo, sem investimentos, falta de remédios, atendimento caótico, embora disponha para o seu uso de um percentual pomposo de 18% do orçamento geral do Estado, algo em torno de R$ 800 milhões anuais. E mesmo com toda essa ‘dinheirama’, a saúde pública estadual encontra-se literalmente na UTI.
É lamentável que com tanto dinheiro em caixa e esbanjando apetite para gastá-lo, como por exemplo o contrato milionário com a Cooperativa Brasileira de Serviços Múltiplos de Saúde (Coopebrás), que custa a bagatela de R$ 130 milhões, o Governo seja negligente e não tenha a capacidade de gerenciar o maior hospital do Estado que se tornou ultimamente um poço de problemas, deixando em pânico pacientes que lá se encontram, a população que necessita ser atendida na unidade e familiares dos doentes.
É interessante relacionar que as mortes de agora ocorreram, segundo registros do próprio hospital, entre a noite de sábado, 22, e o domingo, 23. No mesmo período a família da governadora Suely Campos achava-se ocupada com a comemoração do aniversário de uma de suas netas, uma festa glamorosa, como diriam os antigos colunistas sociais, “de arromba”, ocorrida no mais caro e suntuoso salão de eventos da cidade.
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