Médico do Hospital Santo Amaro, em Guarujá, no litoral paulista, perfurou 3 centímetros da bexiga da paciente.
Hospital Santo Amaro, Guarujá, litoral de São Paulo (Foto: Pedro Rezende / Prefeitura Municipal de Guarujá) |
Um suposto erro médico quase levou uma dona de casa à morte no Hospital Santo Amaro, em Guarujá, no litoral de São Paulo. Fernanda Roberta Dias, de 36 anos, estava grávida de 41 semanas quando foi internada para realizar a cesárea, na última quinta-feira (15). Porém, durante o procedimento, ela teve a bexiga perfurada e sofreu com a dor durante dias. A unidade de saúde alega que foi uma fatalidade.
De acordo com familiares, além do erro médico, um dos grandes problemas foi a falta de informação por parte da equipe do hospital. O cunhado da paciente, Leandro Arcangelo, de 37 anos, conta que todos perceberam uma estranha movimentação dos médicos, mas ninguém dizia o que estava acontecendo.
Por conta da perfuração, Fernanda enfrentou complicações e chegou a ficar com a barriga inchada, por causa da urina que se espalhou pelo corpo. "Ela se queixou de dor várias vezes, mas ninguém dava atenção e sempre falavam que era normal. No domingo [18], era nítido que ela estava morrendo.
Chegou a se despedir da família e pedir para o meu irmão cuidar bem do filho deles".
Arcangelo explica que tudo começou na manhã de quinta-feira, quando Fernanda deu entrada no hospital para realizar a cesárea. O marido assistia ao parto no centro cirúrgico, mas foi retirado quando a paciente apresentou complicações e pressão alta. Após a cirurgia, os médicos informaram apenas que ela passava bem e que tudo ocorreu dentro da normalidade.
"De noite, reparamos que a sonda dela não estava com urina, mas com sangue escuro e grosso, e não poderia estar assim. Perguntamos para a enfermeira, disse que aquilo era normal e conforme ela fosse tomando água ia sumindo. Neste dia ela já começou a sentir dores muito fortes no abdômen, mas a equipe informava que era da cirurgia", conta Arcangelo.
Na sexta-feira (16), as dores de Fernanda se intensificaram e sua barriga começou a inchar, ficando maior do que quando estava grávida, segundo o cunhado. Apesar de se queixar sobre isso para os médicos de plantão, ela foi examinada e informada de que estava tudo normal e que receberia alta no dia seguinte.
Porém, no sábado (17), os familiares notaram que o inchaço estava pior e que sua barriga estava mole. "Parecia uma gelatina, percebemos que havia líquido dentro. Outro médico examinou e novamente disse que era normal, mas uma enfermeira notou que havia algo errado e cancelaram a alta. À noite, ela fez uma lavagem no intestino".
O estado de saúde de Fernanda se tornou crítico no domingo (18). A sogra da paciente, Bernadete Arcangelo, conta que duas médicas a examinaram pela manhã e informaram que o inchaço não era um problema ginecológico. "Eu queria conseguir uma vaga para ela em um hospital em Santos, mas o médico disse que não daria tempo. Foi então que correram com os preparativos da nova cirurgia".
Por volta das 21h30, os médicos informaram à família o que realmente estava acontecendo. Segundo o cunhado, o cirurgião disse que Fernanda teve uma perfuração de três centímetros na bexiga durante a cesárea, por isso aconteceram todas as complicações. "Na segunda cirurgia, eles fecharam e fizeram uma nova lavagem, porque a urina estava espalhada pelo corpo e ela poderia ter uma infecção generalizada. Depois de tudo isso, ela está na UTI se recuperando".
Em nota, o Hospital Santo Amaro informou que o caso mencionado não foi considerado erro médico, e sim, uma fatalidade cirúrgica. A administração reitera que a paciente encontra-se em estado de saúde estável, recebendo todo o atendimento necessário na Unidade de Tratamento Intensivo. Ela está entubada, estável e orientada, e há a expectativa de que seja liberada para o leito ainda nesta terça-feira (20).
Além disso, a diretoria clínica do hospital afirma que não reconhece nenhum erro, tampouco negligência hospitalar, uma vez que a paciente teve todo o atendimento necessário em todas as etapas da internação. Os casos em que há questionamento de suspeita de erro médico são, obrigatoriamente, encaminhados para a Comissão de Ética Médica e posteriormente levados ao Conselho Regional de Medicina, órgão responsável pelo julgamento.
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