quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Polícia investiga suposto erro médico em paciente do DF submetido a cateterismo

Em exame de sangue feito em morador do Guará constava que paciente era do sexo feminino. Laudo do IML apontou 'discrepância' em resultados.

Edvan Santos diz à reportagem que foi vítima de “erro médico” (Foto: TV Globo/Reprodução)

Um paciente do Distrito Federal procurou a Polícia Civil, no início deste ano, após suspeitar de erro médico na indicação de um cateterismo para solucionar um problema cardíaco. De acordo com Edvan Santos, de 45 anos, os resultados dos exames de sangue dele foram trocados por o de outra pessoa internada, supostamente com o mesmo nome.

No documento emitido por um hospital particular da Asa Sul constava que Santos, na época internado na UTI do local, seria do sexo feminino. Por esse motivo, houve alteração nas taxas analisadas, uma vez que, dependendo do gênero, os resultados variam.

O paciente disse que percebeu o erro ao sair da UTI para o apartamento. "Nos exames de sangue, constava que eu era do sexo feminino". Depois da reclamação, Edvan recebeu os resultados corretos que indicavam que as taxas estavam "dentro da normalidade".

O paciente contou que outros dois exames do coração também levantaram a suspeita do médico. Com um índice de quase 60% da artéria obstruída e várias partes do coração aumentadas, segundo os exames, Edvan recebeu medicamentos para uma suposta obstrução na carótida esquerda.

"Será que teve alteração nesses resultados? [...] Eu tomei medicamento sem necessidade", conta Santos. Dias depois, o autônomo recebeu alta do hospital, mas com indicação urgente de uma angiografia, procedimento considerado por médicos como "invasivo".

Em nota enviada à TV Globo, o Hospital Santa Lúcia informou que já está em contato com o paciente e com o médico que realizou o procedimento para esclarecer o caso. O profissional responsável pelos exames, Walter de Paula, não atendeu às ligações da reportagem.

Com o diagnóstico descartado, o paciente procurou o médico Walter de Paula."Ele se desculpou dizendo que tinha trocado os exames por um outro paciente com o mesmo nome que o meu", disse Santos.

Cateterismo

Em 10 de janeiro, Santos foi submetido a um cateterismo no mesmo hospital, mas segundo mostra o laudo, não havia alterações vasculares. Os exames foram refeitos em um segunda clínica e a hipótese de que não havia alteração foi confirmada.

Após a denúncia do susposto erro, um exame de corpo de delito foi feito no paciente. No resultado, o Instituto Médico Legal (IML) apontou que os exames do Hospital Santa Lúcia são "discrepantes" – diferentes – dos outros.

"É fato que pelo menos um dos exames não pertence ao paciente."

Procurado, o Conselho Regional de Medicina (CRM) informou que vai instaurar uma sindicância pra apurar o caso. O órgão disse ainda que os processos éticos que englobam erros médicos diminuíram. No passado foram 29 – oito a menos que em 2016.

O presidente da Comissão de Bioética da ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Jerônimo Agenor, diz que casos parecidos têm se repetido no DF. "Infelizmente ocorre e, às vezes, chega até a óbito do paciente".

"Muitos pacientes sofrem por esse erro, por procedimento inadequado e muitas vezes não procuram o hospital por desinformação, não procuram o âmbito judicial pra ter o seu direito resguardado."

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