Isabella Dominiciano, 1 ano, morreu quatro dias depois de ser levada com febre a hospital de Ribeirão Preto; Polícia Civil pode pedir exumação
Isabella Dominiciano morreu quatro dias depois de ter sido levada com febre a hospital de Ribeirão Preto |
Os pais de Isabella da Costa Dominiciano, de 1 ano, querem saber o motivo de não ter sido realizado o exame de necropsia no corpo da bebê, morta quatro dias depois do primeiro atendimento no Hospital Materno Infantil Sinhá Junqueira, em Ribeirão Preto.
A família suspeita de erro médico, após a criança ter sido levada para o hospital com febre e o quadro ter piorado rapidamente. A delegada Silvia Elisa Ruivo Valério Mendonça, titular do 2º Distrito Policial, disse que ainda não recebeu o boletim de ocorrência (BO), mas que poderá pedir a exumação do corpo.
"No Sinhá [hospital], um médico disse que o Cemel [Centro de Medicina Legal da USP Ribeirão] havia se recusado a fazer a necropsia. Acredito que alguém do hospital viu algum erro e está tentando acobertar isso. Nós procuramos a Justiça porque temos motivos", afirma o pai da menina, Olímpio Dominiciano Filho.
A mãe Silvana Raimunda da Costa Dominiciano conta que a menina chegou a apresentar febre na sexta-feira (2), mas que conseguiu controlar com medicamentos em casa e que chegou até a imaginar que fosse por causa da chegada dos dentes de leite.
"No sábado [dia 3 de fevereiro], nós a levamos ao hospital. A médica falou que o raio-X havia apontado uma manchinha bem pequena no pulmão, que poderia ser um começo de pneumonia", disse.
A mãe afirmou que a médica que atendeu a criança chegou a perguntar se havia algum tipo de reação a medicamentos, pois precisaria entrar com antibiótico.
"Eu disse que não havia, pelo menos o que eu sabia. Expliquei que ela já tinha tomado a Cefalexina, mas a médica disse que iria dar a Amoxicilina. A partir disso, começaram as complicações. Alguma composição do remédio agravou a situação", desabafa a mãe.
Na manhã de domingo (4), Isabella começou a apresentar quadro de vômito e os pais a levaram novamente ao hospital.
Segundo a família, a bebê passou por novos exames e até uma punção foi feita, o que descartou meningite na menina.
"Todas as vezes eu perguntava qual era o medicamento que estavam dando para a Isabella", afirma o pai, que conta ter sido informado que havia sido administrado o remédio Bromoprida para conter o vômito.
Com quadro aparentemente estabilizado, os pais afirmaram que Isabella novamente foi liberada do hospital e voltou para a casa.
Contudo, já na segunda-feira (5), ela voltou a apresentar náuseas e vômito.
"Me assustei e corremos com ela de volta. Eu cheguei a falar que não sairia dali, caso não examinassem o que a minha filha tinha", declara Silvana.
O pai lembra que uma médica percebeu que a respiração da criança estava baixando.
"Percebi que a médica estava meio nervosa. A saturação de oxigênio no sangue deu 83% e o normal é acima de 94%. Aí, colocaram o oxigênio, mas a respiração só foi diminuindo desde então", lembra Olímpio.
Gases
Ainda no hospital na segunda pela manhã, os pais contaram que perceberam que a barriga de Isabella estava rígida.
"A médica pediu para dar um remédio para gases. Foi tirado um novo raio-X e a doutora disse que havia espasmo e fezes, mas que iria cuidar do foco e que esse problema de gases era para deixar para depois. Mas, o corpo da Isabella já foi ficando mole, não tinha mais reação. Aí, chamaram uma médica da UTI [Unidade de Terapia Intensiva]. Eu não aguentava ver mais eles furarem o corpo da minha filha para colocar o acesso na veia. Chegaram até a aplicar corticoide para cortar o vômito", recorda a mãe.
Para o pai, a suspeita é que o corticoide teria sido um recurso da equipe médica para tentar cessar o efeito de algum outro medicamento no corpo da criança.
O quadro só piorava e a equipe resolveu levar a menina para a UTI.
"A gente se sente de mãos amarradas e não acreditava na piora da Isabella. Na UTI, pedi que Deus a abençoasse e disse que a amava eternamente. Mal chegamos em casa de volta e recebemos um telefone do hospital. A médica disse que depois que eu saí do quarto, ela teve uma piora", relata a mãe, emocionada.
Isabella faleceu por volta das 22h do dia 6 de fevereiro.
Confusão
A família afirma que chegou a assinar a autorização para a necropsia no corpo da criança, mas que o hospital teria ligado para o Cemel e pedido para que Isabella fosse levada de volta para o Hospital Materno Infantil Sinhá Junqueira.
Segundo a família, o atestado de óbito consta choque séptico como causa da morte. O BO na Polícia Civil foi registrado como morte natural.
"Minha filha entrou com uma simples febre, piorou no hospital e morreu lá. A explicação sempre é essa de que foi uma bactéria, uma virose. Toma um remédio e vai para casa. Alguém tem que tomar é uma providência", reclama o pai.
A família também afirma que o hospital teria solicitado ao convênio médico da menina a autorização para um procedimento cirúrgico de urgência na criança, mas Isabella já havia falecido e o plano de saúde tinha até sido cancelado.
Os pais disseram que somente esperam a apuração dos fatos pela polícia e que não pretendem prejudicar o hospital nem estão interessados em qualquer indenização.
"O meu alerta é que os médicos de lá do hospital são residentes, não têm experiência, e hoje dificilmente você vê um profissional que trabalha por amor. Peço para os pais não aceitarem medicar seus filhos com um remédio que não sabe qual é", desabafa a mãe.
Outro lado
O Hospital Materno Infantil Sinhá Junqueira informa, por meio de nota encaminhada ao ACidade ON por sua assessoria de imprensa, que seguiu o protocolo padrão documentado em prontuário e que encaminhou o corpo de Isabella para o Serviço de Verificação de Óbito (SVO) do Cemel (Centro de Medicina Legal).
"Apesar do regular envio para o SVO, foi por este serviço recusada a realização da necropsia, em razão da causa da morte estar fundamentada na documentação médica enviada pelo hospital", explica a nota.
De acordo com o hospital, a família teria sido informada sobre a recusa e, então, o corpo da paciente acabou liberado.
O hospital, porém, não informou a causa da morte em razão do sigilo médico.
A família suspeita de erro médico, após a criança ter sido levada para o hospital com febre e o quadro ter piorado rapidamente. A delegada Silvia Elisa Ruivo Valério Mendonça, titular do 2º Distrito Policial, disse que ainda não recebeu o boletim de ocorrência (BO), mas que poderá pedir a exumação do corpo.
"No Sinhá [hospital], um médico disse que o Cemel [Centro de Medicina Legal da USP Ribeirão] havia se recusado a fazer a necropsia. Acredito que alguém do hospital viu algum erro e está tentando acobertar isso. Nós procuramos a Justiça porque temos motivos", afirma o pai da menina, Olímpio Dominiciano Filho.
A mãe Silvana Raimunda da Costa Dominiciano conta que a menina chegou a apresentar febre na sexta-feira (2), mas que conseguiu controlar com medicamentos em casa e que chegou até a imaginar que fosse por causa da chegada dos dentes de leite.
"No sábado [dia 3 de fevereiro], nós a levamos ao hospital. A médica falou que o raio-X havia apontado uma manchinha bem pequena no pulmão, que poderia ser um começo de pneumonia", disse.
A mãe afirmou que a médica que atendeu a criança chegou a perguntar se havia algum tipo de reação a medicamentos, pois precisaria entrar com antibiótico.
"Eu disse que não havia, pelo menos o que eu sabia. Expliquei que ela já tinha tomado a Cefalexina, mas a médica disse que iria dar a Amoxicilina. A partir disso, começaram as complicações. Alguma composição do remédio agravou a situação", desabafa a mãe.
Na manhã de domingo (4), Isabella começou a apresentar quadro de vômito e os pais a levaram novamente ao hospital.
Segundo a família, a bebê passou por novos exames e até uma punção foi feita, o que descartou meningite na menina.
"Todas as vezes eu perguntava qual era o medicamento que estavam dando para a Isabella", afirma o pai, que conta ter sido informado que havia sido administrado o remédio Bromoprida para conter o vômito.
Com quadro aparentemente estabilizado, os pais afirmaram que Isabella novamente foi liberada do hospital e voltou para a casa.
Contudo, já na segunda-feira (5), ela voltou a apresentar náuseas e vômito.
"Me assustei e corremos com ela de volta. Eu cheguei a falar que não sairia dali, caso não examinassem o que a minha filha tinha", declara Silvana.
O pai lembra que uma médica percebeu que a respiração da criança estava baixando.
"Percebi que a médica estava meio nervosa. A saturação de oxigênio no sangue deu 83% e o normal é acima de 94%. Aí, colocaram o oxigênio, mas a respiração só foi diminuindo desde então", lembra Olímpio.
Gases
Ainda no hospital na segunda pela manhã, os pais contaram que perceberam que a barriga de Isabella estava rígida.
"A médica pediu para dar um remédio para gases. Foi tirado um novo raio-X e a doutora disse que havia espasmo e fezes, mas que iria cuidar do foco e que esse problema de gases era para deixar para depois. Mas, o corpo da Isabella já foi ficando mole, não tinha mais reação. Aí, chamaram uma médica da UTI [Unidade de Terapia Intensiva]. Eu não aguentava ver mais eles furarem o corpo da minha filha para colocar o acesso na veia. Chegaram até a aplicar corticoide para cortar o vômito", recorda a mãe.
Para o pai, a suspeita é que o corticoide teria sido um recurso da equipe médica para tentar cessar o efeito de algum outro medicamento no corpo da criança.
O quadro só piorava e a equipe resolveu levar a menina para a UTI.
"A gente se sente de mãos amarradas e não acreditava na piora da Isabella. Na UTI, pedi que Deus a abençoasse e disse que a amava eternamente. Mal chegamos em casa de volta e recebemos um telefone do hospital. A médica disse que depois que eu saí do quarto, ela teve uma piora", relata a mãe, emocionada.
Isabella faleceu por volta das 22h do dia 6 de fevereiro.
Confusão
A família afirma que chegou a assinar a autorização para a necropsia no corpo da criança, mas que o hospital teria ligado para o Cemel e pedido para que Isabella fosse levada de volta para o Hospital Materno Infantil Sinhá Junqueira.
Segundo a família, o atestado de óbito consta choque séptico como causa da morte. O BO na Polícia Civil foi registrado como morte natural.
"Minha filha entrou com uma simples febre, piorou no hospital e morreu lá. A explicação sempre é essa de que foi uma bactéria, uma virose. Toma um remédio e vai para casa. Alguém tem que tomar é uma providência", reclama o pai.
A família também afirma que o hospital teria solicitado ao convênio médico da menina a autorização para um procedimento cirúrgico de urgência na criança, mas Isabella já havia falecido e o plano de saúde tinha até sido cancelado.
Os pais disseram que somente esperam a apuração dos fatos pela polícia e que não pretendem prejudicar o hospital nem estão interessados em qualquer indenização.
"O meu alerta é que os médicos de lá do hospital são residentes, não têm experiência, e hoje dificilmente você vê um profissional que trabalha por amor. Peço para os pais não aceitarem medicar seus filhos com um remédio que não sabe qual é", desabafa a mãe.
Outro lado
O Hospital Materno Infantil Sinhá Junqueira informa, por meio de nota encaminhada ao ACidade ON por sua assessoria de imprensa, que seguiu o protocolo padrão documentado em prontuário e que encaminhou o corpo de Isabella para o Serviço de Verificação de Óbito (SVO) do Cemel (Centro de Medicina Legal).
"Apesar do regular envio para o SVO, foi por este serviço recusada a realização da necropsia, em razão da causa da morte estar fundamentada na documentação médica enviada pelo hospital", explica a nota.
De acordo com o hospital, a família teria sido informada sobre a recusa e, então, o corpo da paciente acabou liberado.
O hospital, porém, não informou a causa da morte em razão do sigilo médico.
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