O Tribunal de Justiça do Distrito Federal condenou o governo a pagar R$ 100 mil de indenização a um casal que perdeu o filho por causa de um erro médico na rede pública. Alex Lima dos Santos, 15, estava com apendicite, mas foi diagnosticado com infecção intestinal e recebeu alta. Ele morreu dias depois. O caso ocorreu em janeiro de 2017.
A mãe da vítima, Ana Cláudia Lima, conta que o filho estava com febre alta, vômitos, diarreia e fortes dores abdominais. Por falta de médico, eles só conseguiram atendimento no terceiro hospital que procuraram, uma Unidade de Pronto Atendimento no Recanto das Emas, cidade a 15 km de Brasília.
Lá a médica pediu um exame de sangue e, mesmo com as taxas alteradas, disse que o jovem tinha uma infecção intestinal, receitou Buscopan e o liberou para casa. "Eu cheguei a perguntar pra ela se não poderia ser apendicite, pelos sintomas, mas a médica disse que não e só mandou ele ficar em repouso", afirmou a mãe ao UOL.
Nas próximas horas, no entanto, os sintomas se agravaram, e Alex voltou à UPA com os pais. Lá ele desmaiou e sofreu uma parada cardíaca. Os médicos correram para entubar o jovem e o transportaram para o Hospital Regional de Taguatinga, a 30 km de Brasília.
"Essa deve ter sido a hora que o apêndice dele rompeu. Ele já estava expelindo fezes pela boca e o nariz", lembrou a mãe. Alex passou por uma cirurgia de emergência e ficou 22 dias na UTI, mas acabou morrendo após uma segunda parada cardíaca.
O pai de Alex, Helton Ferreira dos Santos, conta que até para conseguir a UTI foi uma luta. "A gente ainda precisou entrar na justiça para conseguir o leito para ele, porque não tinha nenhum livre no hospital. Para mim, tudo isso foi negligência", disse.
O Governo do Distrito Federal afirmou à justiça que o tratamento foi adequado e que foram adotados todos os procedimentos cabíveis. Além disso, alegou que o quadro do paciente era bastante grave e negou que tenha ocorrido negligência, omissão ou erro de diagnóstico.
A 8ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal, no entanto, entendeu que o erro no primeiro diagnóstico contribuiu para o agravamento do quadro de saúde do paciente. "Está evidenciado que ficou demonstrada a existência de nexo de casualidade entre o dano sofrido pelos autores, estando comprovada a responsabilidade civil do réu", pontuou a juíza Mara Silda Nunes de Almeida.
O advogado da família, Marco da Silva Barbosa, afirmou ao UOL que vai recorrer da sentença, pedindo uma indenização maior. Segundo ele, a mãe da vítima está vivendo à base de remédios para suportar a dor da perda do filho.
Procurada pelo UOL, a Procuradoria-Geral do Distrito Federal informou que vai avaliar se apresentará recurso após ser intimada da decisão.
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