terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Médicos da UPA de Olinda protestam por cortes na equipe

Categoria já se queixava de escalas de plantões desfalcadas

Médicos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Gregório Lourenço Bezerra, que fica na Cidade Tabajara, em Olinda, realizaram um protesto na manhã desta terça-feira (21). Eles reclamam de demissões promovidas pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), responsável pela administração da unidade. De acordo com os manifestantes, a entidade quer reduzir o quadro de funcionários em 33% a partir de fevereiro - medida que irá prejudicar o funcionamento da unidade, localizada na PE-15.

“Quem usa sabe o quanto que os serviços de urgência são insuficientes. E essa proposta de redução só irá trazer prejuízos diretos à população. Alguns colegas já estão em aviso prévio”, alerta o médico Carlos Medeiros, clínico geral da UPA. “Nós somos uma porta de entrada para o serviço médico gratuito, já que a população não pode recorrer diretamente a um hospital. Sem as UPAs, não dá para falar em serviço de urgência”, acrescenta. 

De acordo com Carlos, os primeiros cortes começaram há um ano, quando reduziram o número de pediatras. “Atendemos 350 pessoas por dia já com três clínicos gerais. Imagine o caos que vai ficar se reduzir para dois”, discorre.

A redução de profissionais chamou a atenção de quem frequenta a UPA de Olinda, como a doméstica Cristiane de Arruda, de 47 anos. Moradora de Paulista, ela foi até a unidade buscar ajuda para uma dor na perna esquerda. “Faltam médicos aqui. E com essa história (de reduzir) vai piorar ainda mais. Geralmente, o atendimento demora bastante”, reclama.

Morador de Rio Doce, o funcionário de lanchonete Jonathan Severino, 20, também lamenta a medida. “É muito errado isso. Já tem poucos médicos aqui na região. Deveria era ter muito mais”, pontua.

Manifestação aconteceu em frente à UPA.

Providências
O protesto contou com a presença do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe). A UPA de Olinda já estava na mira do sindicato por causa de queixas sobre escalas de plantões desfalcadas. “Todos conhecemos a realidade das urgências e emergências de Pernambuco. E diminuir a quantidade de médicos nunca é algo bom. Estamos tomando as medidas necessárias”, salienta o diretor-executivo do Simepe, Fernando Júnior.

De acordo com o diretor, já foram emitidos ofícios ao Imip, à Secretaria Estadual de Saúde (SES), ao Ministério Público (MPPE) e ao Conselho Regional de Medicina (Cremepe). O Cremepe irá realizar, na noite desta terça, uma sessão plenária para definir medidas para esta situação. 

Em nota, o Imip afirma que a redução foi necessária por equilíbrio das contas e que a UPA de Olinda “possui um médico a mais na escala noturna”. “Foi necessária a redução do profissional extra, uma vez que o contrato não cobre os custos deste profissional. Tal ação foi comunicada previamente à SES, bem como tratada em reunião com os médicos da unidade. Em tempo, informa-se que está em curso processo licitatório conduzido pela secretaria para novo contrato de gestão”.

Já a SES diz que “está em diálogo com o Imip para resolver a situação”. “Importante ressaltar que, atualmente, está em processo de licitação um novo contrato para a UPA de Olinda. Nesse contrato, já está previsto o redimensionamento do plantão de clínica médica noturno da unidade. A expectativa é que a mudança ocorra até o final deste primeiro semestre”.

A reportagem procurou o Cremepe e o MPPE e aguarda um posicionamento destes sobre o assunto.



Nenhum comentário:

Postar um comentário