Categoria já se queixava de escalas de plantões desfalcadas |
Médicos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Gregório Lourenço Bezerra, que fica na Cidade Tabajara, em Olinda, realizaram um protesto na manhã desta terça-feira (21). Eles reclamam de demissões promovidas pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), responsável pela administração da unidade. De acordo com os manifestantes, a entidade quer reduzir o quadro de funcionários em 33% a partir de fevereiro - medida que irá prejudicar o funcionamento da unidade, localizada na PE-15.
“Quem usa sabe o quanto que os serviços de urgência são insuficientes. E essa proposta de redução só irá trazer prejuízos diretos à população. Alguns colegas já estão em aviso prévio”, alerta o médico Carlos Medeiros, clínico geral da UPA. “Nós somos uma porta de entrada para o serviço médico gratuito, já que a população não pode recorrer diretamente a um hospital. Sem as UPAs, não dá para falar em serviço de urgência”, acrescenta.
De acordo com Carlos, os primeiros cortes começaram há um ano, quando reduziram o número de pediatras. “Atendemos 350 pessoas por dia já com três clínicos gerais. Imagine o caos que vai ficar se reduzir para dois”, discorre.
A redução de profissionais chamou a atenção de quem frequenta a UPA de Olinda, como a doméstica Cristiane de Arruda, de 47 anos. Moradora de Paulista, ela foi até a unidade buscar ajuda para uma dor na perna esquerda. “Faltam médicos aqui. E com essa história (de reduzir) vai piorar ainda mais. Geralmente, o atendimento demora bastante”, reclama.
Morador de Rio Doce, o funcionário de lanchonete Jonathan Severino, 20, também lamenta a medida. “É muito errado isso. Já tem poucos médicos aqui na região. Deveria era ter muito mais”, pontua.
Manifestação aconteceu em frente à UPA. |
Providências
O protesto contou com a presença do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe). A UPA de Olinda já estava na mira do sindicato por causa de queixas sobre escalas de plantões desfalcadas. “Todos conhecemos a realidade das urgências e emergências de Pernambuco. E diminuir a quantidade de médicos nunca é algo bom. Estamos tomando as medidas necessárias”, salienta o diretor-executivo do Simepe, Fernando Júnior.
De acordo com o diretor, já foram emitidos ofícios ao Imip, à Secretaria Estadual de Saúde (SES), ao Ministério Público (MPPE) e ao Conselho Regional de Medicina (Cremepe). O Cremepe irá realizar, na noite desta terça, uma sessão plenária para definir medidas para esta situação.
Em nota, o Imip afirma que a redução foi necessária por equilíbrio das contas e que a UPA de Olinda “possui um médico a mais na escala noturna”. “Foi necessária a redução do profissional extra, uma vez que o contrato não cobre os custos deste profissional. Tal ação foi comunicada previamente à SES, bem como tratada em reunião com os médicos da unidade. Em tempo, informa-se que está em curso processo licitatório conduzido pela secretaria para novo contrato de gestão”.
Já a SES diz que “está em diálogo com o Imip para resolver a situação”. “Importante ressaltar que, atualmente, está em processo de licitação um novo contrato para a UPA de Olinda. Nesse contrato, já está previsto o redimensionamento do plantão de clínica médica noturno da unidade. A expectativa é que a mudança ocorra até o final deste primeiro semestre”.
A reportagem procurou o Cremepe e o MPPE e aguarda um posicionamento destes sobre o assunto.
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