quinta-feira, 27 de maio de 2021

'Brinquei com a saúde pública', diz falso médico que prescreveu receita com erro ortográfico

 

Contratado para atender em uma UPA de Engenho Novo, na Zona Norte do Rio, Aleksandro Gueivara escreveu 'potacio' em uma receita médica. Ele também não sabia usar o sistema eletrônico de farmácia, o que gerou desconfiança dos colegas.



falso médico que foi desmascarado após cometer erros de grafia em receitas (como escrever "potacio") e gerar desconfiança por não saber usar o sistema eletrônico de farmácia disse que errou ao brincar com a saúde pública

"Eu errei, brinquei com a saúde pública", admitiu Aleksandro Gueivara, por telefone.

Aleksandro Gueivara, que não é médico, foi contratado pela Organização Social Viva Rio para atender em uma UPA de Engenho Novo, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Após ser desmascarado, ele foi excluído dos cadastros da entidade e não recebeu o pagamento.

Por mensagens, ele também disse que foi levado à delegacia. Até a última atualização desta reportagem, o falso médico seguia em liberdade.

Aleksandro Gueivara, falso médico contratado para atuar em UPA no Rio mesmo sem apresentar número do CRM

O falso médico foi procurado pelo RJ1, que esteve na sua casa, na Taquara, Zona Oeste da cidade, nesta quarta-feira (26). No local, a reportagem foi recebida por um homem que se apresentou como seu irmão gêmeo. Segundo essa pessoa, o irmão "tinha um sonho", mas que não estudou medicina.

"Ele nunca fez isso antes, foi a primeira vez que ele fez isso, que ele falou comigo", disse.

Em uma foto publicada nas redes sociais, Aleksandro Gueivara aparece armado e vestido de segurança. Em outro momento, ele usa o uniforme do Corpo de Bombeiros. Contatada pela reportagem, a assessoria de imprensa da corporação negou que ele faça parte do corpo militar.

Falso médico é descoberto por erros de grafia, como 'potacio'

Viva Rio diz que vai à polícia


Além do erro ortográfico, o médico foi descoberto depois que uma paciente não conseguiu a medicação prescrita porque o número de cadastro no Conselho Regional de Medicina (CRM) informado na receita era inexistente.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) disse que há duas médicas com o CRM usado por Aleksandro, uma em São Paulo e outra em Minas Gerais.

Funcionários da UPA de Engenho Novo disseram que a contratação ocorreu porque a Organização Social Viva Rio, responsável pela administração, estava recrutando médicos às pressas e não consultou o registro.

A Viva Rio disse que, após identificar a fraude, ele foi excluído dos cadastros e não recebeu o pagamento e que registraria o caso na delegacia.

Uma paciente que chegou a ser atendida pelo falso médico e recebeu prescrição errada fez um desabafo.

"Se fosse pra eu operar, o que seria? Um médico falso me operando. E se eu tivesse algum problema a mais do que meu machucado e não soubesse de nada? E se a medicação que ele passasse não fizesse bem pra minha saúde?", questionou a paciente, que não quis ser identificada.


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