quarta-feira, 12 de maio de 2021

Delegada ouve pacientes sobre morte em hospital e vai intimar médicos citados

 



A delegada Luciani Barros Pereira de Lima, da 2ª Delegacia de Cuiabá (Planalto), está prestes a terminar a primeira fase da investigação das denúncias que apontam supostas irregularidades no atendimento a pacientes com Covid-19 (a doença causada pelo coronavírus) no Hospital São Judas Tadeu. Ela espera que na próxima terça (27) termine a fase de entrevistas dos que estão registrando boletins de ocorrência contra a unidade hospitalar. Depois disso, pretende ouvir o corpo médico e administração.

Até o momento, foram cinco boletins de ocorrência registrados contra o hospital apontando possível negligência e situações de maus-tratos. “Estamos ouvindo os familiares dos parentes que foram a óbito e alguns pacientes que estavam no quarto dessas pessoas e foram citados”, diz a delegada Luciani conta que quatro deles morreram e apenas uma paciente, que estava internada na unidade hospitalar, mas foi transferida para outra unidade.

Eles [administração do hospital] estão bem ansiosos, segundo o advogado, para que eles venham aqui ser ouvidos e dar as explicações


A autoridade policial diz que depois da primeira denúncia, que foi da técnica de enfermagem Amanda Benício, de 38 anos, foi ouvi-la em depoimento. “A partir do que ela pontuou, nós fomos desenvolvendo a investigação”, diz. Conta também que os advogados do hospital já procuraram a delegada e se colocaram à disposição para colaborar nas investigações.

Eles [administração do hospital] estão bem ansiosos, segundo o advogado, para que eles venham aqui ser ouvidos e dar as explicações”. A delegada ressalta, porém, que isso só vai ser feito na segunda fase da investigação, que é quando intimará médicos e enfermeiros que foram citados e o próprio hospital para prestar esclarecimentos necessários.

Como parte da colaboração, o Hospital São Judas Tadeu já forneceu imagens das câmeras de segurança, que estão sendo analisadas pela Politec, além de documentos e prontuários médicos dos pacientes envolvidos.  o diretor-geral da unidade, o médico Arnaldo Sérgio Patricio, diz que “se houve alguma falha, não foi do meu conhecimento” e que “não tem ninguém mais interessado em saber do que eu”.

A delegada conta que as pessoas, principalmente os parentes de pacientes que estão ou passaram pelo hospital, estão sensibilizados com as denúncias. “Por isso, temos ter a responsabilidade de apurar os fatos com todo o rigor necessário. Até para dar uma resposta para as famílias, para aquelas que vieram nos procurar e para os que não vieram nos procurar ainda, mas que estão angustiados, desejando que essa investigação chegue a um término”, diz.

Caso

A técnica de enfermagem Amanda Benício denunciou supostos casos de negligência citando o atendimento prestado ao major PM Thiago Martins de Souza, que morreu aos 34 anos em decorrência do coronavírus.

A profissional relata também que foi repassado que teriam que escolher qual paciente sobreviver porque não havia respiradores e leitos, além da falta de sedativos para intubação e outros medicamentos. Ela denunciou ainda que pacientes intubados estariam sendo amarrados ao acordar do coma induzido.

Em entrevista à imprensa na delegacia, Amanda afirma que foi demitida por falar a verdade e que resolveu denunciar por não "compactuar com a morte". Ela assumiu responsabilidades cíveis e criminais por tudo que declarou no BO.

Na época, o hospital se defendeu por meio de nota apontado que o BO registrado pela profissional é uma forma de vingança por ter sido demitida.



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