Ministério Público recebeu inquérito policial e analisa provas
Em janeiro, policiais colheram documentos no hospital e casa do suspeito
O médico suspeito de matar pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de Itajaí foi indiciado pela Polícia Civil por oito homicídios. O inquérito está com o Ministério Público, que analisa o documento para definir se fará a denúncia à Justiça nos próximos dias. O profissional continua afastado das atividades e a defesa dele garante que a acusação é equivocada.
O caso é investigado desde o ano passado, quando denúncias de que Gustavo Deboni teria “abreviado a vida” dos pacientes com medicações e desligando respiradores surgiram. Conforme o delegado Sérgio Sousa, as vítimas estavam em estado grave na UTI do Hospital Marieta Konder Bornhausen, entre 2017 e 2019.
No começo deste ano, policiais cumpriram mandados de busca e apreensão na unidade de saúde para averiguar dados de computadores. Os agentes também foram até o apartamento do médico. Todo o material foi levado ao Instituto Geral de Perícias (IGP).
Em agosto do ano passado, a colunista Dagmara Spautz trouxe com exclusividade a informação de que Deboni havia sido suspenso do Conselho Regional de Medicina (CRM). Em dezembro, porém, a interdição foi revogada. A Justiça interveio e estabeleceu medidas cautelares contra ele. Por isso, o profissional continua proibido de atender.
O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público há uma semana (dia 6). O promotor Luís de Oliveira Souto é o responsável por analisar as provas colhidas. A princípio, o tempo para definir se a denúncia será formalizada é de 15 dias, mas a promotoria, em nota, alertou que “se trata de fatos complexos, que demandam minuciosa análise de diversos prontuários médicos e das perícias juntadas até o momento''
O que diz a defesa
A advogada de Deboni, Louise Mattar Assad, diz que a perícia feita pelo IGP não identificou “nexo de causalidade entre a atuação do médico e os óbitos”, o que afastaria a tese de negligência, imperícia ou imprudência.
Em nota, destacou o fato do CFM devolver o direito do profissional de exercer o ofício por reconhecer a “ilegalidade e falta de veracidade das acusações”. Por último, escreveu que Deboni está disposto a esclarecer “essa falsa teoria conspiratória deflagrada por interesses escusos”.
O que diz o hospital
À época do início das investigações, a assessoria do hospital Marieta se manifestou por nota. "O Hospital Marieta, como sempre, agirá dentro da legalidade acatando e cooperando com os órgãos competentes e de classe. Os fatos serão apurados conforme o sigilo dos processos determina. A direção salienta que a instituição nunca havia recebido qualquer denúncia referente ao gerente médico".
Relembre
A representação contra o médico chegou ao Ministério Público em março do ano passado por meio da Univali, onde ele era professor do curso de Medicina. O inquérito tramitou em sigilo na primeira fase, e incluiu a análise dos prontuários de pacientes que foram atendidos pelo médico no dia em que morreram, ou que tiveram a declaração de óbito assinada por ele.
O MP informou que, além das suspeitas de que pelo menos oito pessoas tiveram a vida abreviada pelo médico, ele também é investigado por outras infrações disciplinares. O profissional foi suspenso do Hospital Marieta no dia 14 de agosto, a pedido da Promotoria.
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