O que era um momento de felicidade pela chegada da primeira filha, se tornou um pesadelo para a família de Mayres Soares, moradora de Cabo Frio. O bebê da jovem de 25 anos morreu depois de aspirar matéria fecal expelida dentro do útero, conhecida como mecônio. Consternada, a família acredita que o óbito ocorreu por erro médico e acusa o Hospital da Mulher de negligência.
Em denúncia, a sogra de Mayres, Helena Pradela, afirmou que a gestante, já completando 41 semanas e 3 dias, esteve na unidade para atendimento sem sentir dor e foi mandada de volta para casa. Dois dias depois, ela começou a sentir dores de cabeça e buscou atendimento em São Pedro da Aldeia, onde foi aconselhada a voltar ao Hospital da Mulher pois o coração do bebê já não estava bom e por ser na cidade onde ela reside.
Ao chegar, a gestante foi examinada pelo médico de plantão, Dr. Aldo, que pediu para que ela voltasse pela manhã para fazer uma cesárea, então no sábado (12), ela retornou ao local, conforme combinado e foi internada. O médico já não estava presente, por isso ela foi acompanhada por duas médicas plantonistas que fizeram os exames necessários e induziram o parto com comprimido intravaginal.
Helena conta que, depois de mais de 18h aguardando, às 2h40 da manhã, a bolsa rompeu já saindo o líquido verde característico do mecônio. A recém nascida inalou esse líquido, que pode trazer problemas e foi a óbito por complicações decorrentes dessa inalação. “O quadro era tão grave que mesmo eu conseguindo uma UTI neo Natal de avião, ela não podia mais ser removida”, disse a avó.
A família acredita que a morte foi resultado trágico de um erro médico, já que o parto já apresentava complicações e a cesárea indicada anteriormente não foi realizada. “Continuaram forçando o parto ‘natural’ até que a bebê nasceu cheia de mecônio nos pulmões, necessitando uma remoção para uma UTI neo Natal porque na cidade de Cabo Frio não existe”, lamenta Helena.
Em resposta a avó da pequena Margô, uma das médicas responsáveis pelo atendimento lamentou o ocorrido e disse que não sabia que teria que realizar uma cesárea.
“Eu entendo a sua tristeza e me solidarizo a ela. Porém tudo foi feito conforme protocolos estabelecidos. Ela não tinha indicação médica de cesárea momento algum e também não pediu por isso. A equipe médica fez tudo que era possível e manteve a vigilância e o acompanhamento a todo momento. Foi uma complicação pós parto e infelizmente essa taxa de óbito existe. Assim como vocês eu também fiquei muito triste com o ocorrido” disse a Dra. Thais Lourival.
A família questiona se era a parturiente quem deveria indicar o procedimento correto. “Minha nora nem Coca Cola tomava pra ter uma gestação saudável. Ela estava tendo o primeiro filho, não sabe nada, não tem estudo, a médica é que tem que saber se tem que fazer cesárea”, lamenta Helena.
Ela pretende levar o caso à justiça através da Defensoria Pública. “Cabo Frio não pode mais sofrer esse descaso na saúde. São muitas mães que choram caladas as mortes de seus bebês, muitas que não tem para onde ir. Estamos ali à mercê desses médicos que não tem amor a profissão, amor a vida humana” lamentou a avó.
A Prefeitura de Cabo Frio informou que está apurando a situação mencionada.
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