O erro médico, a negligência de profissionais e a ganância de alguns hospitais, maculam a imagem da medicina brasileira que conquistou a nação pelo bom trabalho realizado em relação à pandemia. Mas a falta de responsabilidade de alguns médicos, desagua quando deixa de ser uma medicina seletiva para entrar no tecido fino da sociedade, ou seja, a camada pobre.
Exemplo recente vem de Guaratuba. Neste final de semana, uma jovem, com cerca de 30 anos, recorreu ao Hospital Municipal da cidade devido à fortes dores abdominais. Ao ser atendida pelo médico de plantão, recebeu um curto e grosso diagnóstico de que estaria com infecção urinária. Foi aviada a receita e liberada.
Não suportando as dores, familiares da jovem recorrem a um médico amigo de Curitiba que solicitou retorno ao hospital para que fosse submetida a uma ecografia do abdômen para um diagnóstico mais preciso. Veio a resposta de que o equipamento que faz ecografia (ou imagem) estava quebrado e que o exame não poderia ser feito.
A família, pobre, levou a jovem para Curitiba. Ao chegar na Santa Casa de Misericórdia, mais um drama: a administração informou aos familiares que não iria atender ou fazer qualquer procedimento se não houvesse pagamento adiantado da consulta e de possível cirurgia. Eram perto da zero hora de sábado para domingo. O que fazer?
O médico amigo chegou ao hospital e pediu para ver a paciente e determinou cirurgia imediata, sob risco de vida, pois a jovem estava com apendicite supurada e precisava de cuidados médicos urgentes. A cirurgia foi feita em regime de urgência.
Casos como esse vem sendo comum na área médica, principalmente quando se trata de atendimento do SUS, modelo de saúde no país.
Negligência, imprudência ou imperícia vem crescendo assustadoramente no país. São perto de mil denúncias por ano junto ao Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM). Dessa média, aproximadamente 100 viram processos éticos e jurídicos.
Entre as denúncias, a maioria diz respeito à atendimento grosseiro. As vítimas ou familiares devem fazer denúncias na Secretaria de Estado da Saúde (Ouvidoria), no Ministério Público e no Conselho Regional de Medicina.
Segundo artigo publicado na revista JusBrasil, “infelizmente o ser humano é falho, e com isso alguns descuidos são comuns em todas as profissões, e não seria diferente na medicina que, entretanto, podem ocasionar danos irreparáveis para o paciente, seus familiares e consequentemente o responsável do procedimento”.
O Anuário de Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil, do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar aponta que o erro médico causa em média seis mortes por hora no Brasil. Isto representa perto de 55 mil mortes por ano no país.
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