terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Criança que morreu em clínica odontológica de Igarapé chegou a reclamar de dor durante cirurgia

 

Menino teve uma hemorragia após extração de um dente, foi socorrido, mas não resistiu.


Paciente chegou a ser levado para a UPA da cidade, mas chegou sem vida

O menino de 10 anos que morreu durante um procedimento cirúrgico em uma clínica odontológica de Igarapé, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, nessa segunda-feira (20), chegou a reclamar de dor momentos antes de começar a fazer vômito e perder a consciência, conforme consta no boletim de ocorrência da Polícia Militar. 

De acordo com o documento policial, a mãe contou que, após o filho reclamar, a dentista foi questionada por ela e teria respondido que "ele não estaria sentindo dor". Em seguida, a profissional aplicou mais anestesia.

Anthony Bernardo da Silva Souza foi atendido no último sábado (18) pela mesma dentista, que indicou a realização de um canal como tratamento, passou um antibiótico e marcou o retorno do menino para essa segunda. 

Na nova consulta, a mãe disse que perguntou se seria possível extrair o dente do filho com segurança.

"Ele retornou hoje (segunda), pediu um Raio X, minha tia chegou a fazer o Raio X (na criança) e ela (a dentista) falou que dava para fazer super de boa, que não tinha perigo, que ela tinha uma equipe competente. Foi aí que o Bernardo começou a dar hemorragia, a esparramar sangue pelo chão e já chegou aqui na UPA desacordado", explicou Maria Victória da Silva César, prima da criança.

Possibilidades de tratamento


Ainda segundo o boletim, após ter acesso ao Raio X, a dentista disse que a gengiva do paciente estava muito machucada, mas que teria condições de extrair o dente. Assim que ele foi extraído, a hemorragia começou. Anthony foi socorrido em uma ambulância, mas não resistiu. 

À polícia, a dentista de 29 anos, contou que no dia da primeira consulta foi realizada uma avaliação sendo constatado que havia uma cárie e que a indicação seria um canal. O tratamento ficaria no valor de R$ 750, mas a mãe da criança alegou que não tinha condições de arcar com os custos.

A profissional afirma que foi oferecida a possibilidade de parcelamento, mas a mãe reforçou que não teria como pagar, uma vez que estava desempregada. Com isso ficou acertada a extração do dente pelo valor de R$ 180.

A dentista afirma que foi perguntado à mãe se o menino teria alguma alergia, o que foi respondido que não. Ainda conforme ela, o procedimento de extração teve início por volta das 11h e ocorria dentro da normalidade quando, em certo momento, ela notou que saiu uma quantidade maior de sangue e, por esse motivo, chamou a sócia.

A outra dentista contou aos militares que assumiu o procedimento, extraiu o dente e o paciente apresentou um quadro de hemorragia. Um terceiro profissional, especializado em cirurgia avançada, foi acionado para auxiliar no estancamento da hemorragia.

Ela ainda afirmou que, antes da chegada da ambulância, foram mantidos os procedimentos para estancamento e iniciaram uma massagem cardíaca para melhorar a ventilação do menino, além da utilização de aparelho para sugar as secreções e deixar o paciente em condição estável. 

De acordo com o boletim, as duas dentistas foram "convidadas a comparecerem na delegacia de plantão para acompanhar o encerramento do B.O, se disponibilizando a prestar esclarecimentos caso a autoridade judiciária julgue necessário".

Já  o terceiro profissional não aguardou no local e não foi localizado. Segundo a polícia, ele teria se deslocado para Divinópolis e não foi possível entrar em contato. 

Procedimentos policiais


Por meio de nota, nessa segunda, a Polícia Civil informou que "assim que acionada, deslocou ao local equipe da perícia criminal e de policiais civis da Delegacia de Igarapé para realizar os primeiros levantamentos". O corpo de Anthony foi encaminhado ao Posto Médico Legal de Betim para se submeter aos exames cabíveis. 




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