Em dois dos casos, a família perdeu o bebê
Anderson indignado segurando o atestado de óbito da sua filha.
Manaus – Pacientes do Instituto da Mulher Dona Lindú, denunciam negligência médica após perderem filhos durante parto na unidade. Os relatos desesperados são de pais que esperaram durante nove meses por seus bebês, que, segundo eles, morreram por inúmeras negligências na unidade hospitalar.
A cabeleira Anna Luíza da Silva, perdeu o recém-nascido chamado Josué. A paciente deu entrada no Instituto no último domingo (5), sentindo fortes dores.
“Eu fui atendida e fiquei esperando da noite até de manhã por um leito. Depois eu subi para o segundo andar, aí o médico me viu, disse que eu não estava tendo dilatação e ele pediu uma cesária”, explicou Anna.
Depois de entrar na unidade no domingo, cesariana só foi feita na quinta (9). Segundo a mãe, a equipe só fez a cirurgia porque o batimento cardíaco do bebê diminuiu.
“Rapidinho eles arrumaram a emergência pra eu ir, quando cheguei lá, foi todo mundo rápido e não tinha ninguém na sala de emergência. Lá foi constatado que o bebê já estava falecendo, tanto que ele nasceu morto. Foi negligência sim, porque o bebê passou da hora de nascer”, contou a mãe, emocionada.
O pai do pequeno Josué, o gerente Fábio Júnior, relata que a mulher ficou um dia inteiro sem se alimentar, aguardando a cirurgia que não foi feita.
“Uma cirurgia mal feita, e eles vem falar pra mim que fizeram de tudo? Quando vierem me perguntar hoje qual era o meu sentimento, é de revolta, pelo serviço público, o pessoal tem que ter amor, é vocação. Eu fico decepcionado”, relatou o pai da criança.
A família também encontrou dificuldades na liberação do corpo do filho, a certidão de óbito só foi liberada nesta sexta-feira (10).
O sentimento de revolta é o mesmo do taxista Anderson de Souza, que perdeu a filha após o trabalho de parto da companheira. A equipe do hospital alegou falta de leito na unidade.
“Hoje atenderam ela, eles disseram que fizeram de tudo, mas que a enfermaria que segurou ela porque viu que ela estava sagrando. Tá aqui, estou com atestado de óbito da minha filha, ela já vai ser enterrada amanhã”, contou o homem.
Reclamações são feitas por boa parte dos pacientes da unidade. A cabeleira, Domingas Neta, está com a filha internada, com dois meses de gravidez, sentindo fortes dores e toma apenas medicamentos.
“É um descaso muito grande aqui dentro. Até agora não fizeram nada por ela, só dizem que vai suspender o medicamento é que a médica vai vir aqui. Mas e se ela morrer? Quem vai reponder se alguma coisa acontecer com ela”, explicou a mãe, preocupada com o estado de saúde da filha.
As famílias já buscaram contato com a ouviria do hospital e agora, aguardam por resposta da unidade hospitalar.
Nota da SES
A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), que enviou a seguinte nota:
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) informa que irá apurar os casos e sugere que sejam formalizados na Ouvidoria do SUS. Seguem os canais de atendimento virtual da ouvidoria de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h, telefone (92) 98418-5011 e e-mail ouvidoria.sus@saude.am.gov.br.
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