Protocolo anticovid rendeu a cardiologista batalhas na Justiça contra administração de prédio e Vigilância
Antes de morrer em decorrência de complicações da covid, Clemênio Frutuoso Ribeiro, de 67 anos,
dono da Ciclo Ribeiro, posou para foto com o cardiologista
O cardiologista João Jackson Duarte, que teve o nome envolvido em polêmicas após ser proibido de receber pacientes de covid em seu consultório e ser o responsável por dois pacientes conhecidos que perderam a batalha para a doença, continua aplicando o tratamento precoce na Capital. Depois que a briga com vizinhos e condomínio de salas comerciais lhe rendeu notificações da Vigilância Sanitária e foi parar na Justiça, o médico decidiu, contudo, se mudar definitivamente.
João Jackson agora atende em clínica no Bairro Chácara Cachoeira. Embora ainda trave batalhas judiciais contra o Edifício Evidence Prime, que fica frente ao Shopping Campo Grande, e a Vigilância, segundo a própria advogada, Alice Adolfa Miranda Plöger Zeni, já está negociando com o proprietário da sala 901 o rompimento do contrato de locação para não mais voltar ao prédio. “Desistiu. Era inquilino, vai entregar [o consultório]”, explicou.
O Campo Grande News apurou que o médico não aceita pacientes de convênio e cobra R$ 500 para prescrever o seu protocolo.
Além da confusão no condomínio, João Jackson também foi citado, em grupos de WhatsApp e redes sociais, por ter tratado dois pacientes ilustres que não resistiram à covid. O deputado José Almi Pereira Moura, conhecido como Cabo Almi (PT), que morreu no dia 24 de maio, é um deles. Dias antes, o próprio parlamentar disse ao Campo Grande News que estava sendo acompanhado pelo médico, se tratando em casa. -
Nas redes sociais, João Jackson defende o tratamento precoce contra a covid, o mesmo que é aplicado por pelo menos uma dezena de médicos na Capital – de ao menos três especialidades, também conforme apuração do Campo Grande –, e posta fotos e vídeos de suas “vitórias”. O empresário Clemênio Frutuoso Ribeiro, de 67 anos, dono da Ciclo Ribeiro, que morreu em 9 de julho em decorrência de complicações provocadas pela covid, é um dos que posou para foto com a plaquinha “eu venci”.
Mudança – A confusão entre o médico e o condomínio começou em maio, quando a administração do edifício foi à Justiça contra o cardiologista alegando que ele não seguia os protocolos de biossegurança e ignorava os pedidos de segui-los, feitos pelos demais condôminos. Houve, inclusive, acusação sobre ele circular sem máscara pelas dependências, mesmo depois de ter diagnóstico positivo para covid. A petição cita que João Jackson estaria usando seu consultório no prédio como hospital.
Em junho, o médico foi notificado pela Vigilância Sanitária para que parasse de receber pacientes com covid no local. Caso contrário, teria o consultório interditado. O prazo para cumprir a determinação foi prorrogado até julho. Ele se mudou antes.
Câmeras do condomínio flagraram médico, por diversas vezes, transitando sem máscara nos
corredores próximos ao consultório, conforme anexado em processo
Imbróglio - O cardiologista também foi à Justiça e agora, três ações judiciais discutem o imbróglio – a do condomínio contra ele, dele contra a administração do edifício e a dele contra a Vigilância Sanitária.
Segundo a defesa de Jackson, ele nunca descumpriu normais sanitárias em seus atendimentos, mas o condomínio sim, ao deixar de direcionar todos os pacientes da sala 901 para elevador de uso exclusivo.
Mesmo assim, ele trocar o local para atendimentos. A advogada Alice Zeni classifica o que aconteceu com o cliente dela nos últimos meses como "um despropósito" e afirma que para "ter paz", hoje ele atende em clínica, que recebeu "todos os alvarás necessários".
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