A família ainda afirma ter tido dificuldades para enterrar a criança
Uma família de Palmas, no sudoeste do Paraná, afirma ter sido negligenciada pelo sistema público de saúde da cidade após o nascimento prematuro, com apenas cinco meses, de um bebê já sem vida. Segundo o relato, a mãe da criança teria passado por complicações durante a gravidez e não teria sido atendida corretamente nas unidades de saúde.
De acordo com a família, a mulher procurou por ajuda no Pronto Atendimento Médico do município quatro vezes, mas foi liberada para voltar para casa em todas elas. Além disso, os familiares revelaram que, sem condições financeiras, ela chegou em uma das vezes retornar caminhando, mesmo com sangramento, para a residência.
“Eu estava grávida de uma menininha, tinha colocado o nome dela já de Yasmim. Eu pouco antes de passar para o segundo mês de gestação, eu tive um sangramento intenso, forte, procurei a unidade de atendimento de Palmas, onde a resposta que eu ouvia é que aquilo era normal. Não foi uma ou duas vezes que eu procurei a unidade de atendimento e as respostas que eu escutava é que não tinha nada demais. Esse normal resultou no quê? No sofrimento da gente porque sofre é só quem perde, eles não perderam nada”,
Durante a procura por atendimento médico, segundo relato da própria mãe, os médicos usavam exemplos de outros casos semelhantes para afirmar que a gravidez não corria riscos. “Eles falavam que já havia acontecido casos de muitas mães, na gravidez, passarem por isso, pelo sangramento. Que era normal, que o sangramento ia cessar e não tinha nada demais. Só que o sangramento não parou, aumentou”, completa a mulher.
Em nota, a Prefeitura de Palmas afirmou que a gestante foi “plenamente atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade”, que não houve negligência médica, que foram prestados todos os atendimentos desde o início da gestação e que não serão prestados maiores esclarecimentos a cerca do atendimento”.
Além das negligências apontadas nos atendimentos, a família afirma também ter passado por dificuldades para enterrar o bebê, segundo eles, houve “empurra, empurra”. De acordo com a lei, fetos com idade gestacional acima de 20 semanas precisam de liberação do corpo para enterro e funeral. A despedida foi feita em casa, mas na hora do sepultamento Letícia precisava assinar os documentos, mas não podia porque estava internada.
“Foi uma enrolação, eles não queriam liberar o papel. Eu liguei no cartório, eles não atendiam e nem na assistência social”, conta Rosilda Cristina, mãe de Letícia.
O Hospital São Lucas de Palmas, onde foi constatada a morte da criança, afirmou que após a declaração de óbito feita pelo médico, a documentação é entregue a família para que sejam tomadas as providências necessárias junto ao município. Também apontam que o direcionamento desse processo é de responsabilidade do próprio município.
Por se tratar de uma família de baixa renda, o sepultamento é feito por conta da prefeitura, de forma social. Segundo o município, para o funeral social é preciso verificar todos os documentos do usuário, e que assim que tudo foi revisado a família pode realizar as celebrações. Ainda afirmou que não houve negativa do atendimento em momento algum.
Letícia permanece hospitalizada e se recupera da perda do bebê.
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