Familiares do paciente Luis Fernando Batista, 51 anos, internado no Hospital Municipal de Diadema, denunciam possíveis maus-tratos que o homem estaria sofrendo dentro do equipamento de saúde.
Internado inicialmente para tratar da Covid, Batista está há quase 90 dias dentro do hospital. O homem se curou da doença, mas, por ficar muito tempo deitado na cama do equipamento, contraiu escaras – espécie de ferida em áreas do corpo –, sendo que uma delas acabou infeccionando.
Foi neste momento que o martírio de Batista e de sua família teve início. Parentes do paciente relatam que o homem reclama de que é esquecido dentro do quarto e de que as enfermeiras, por exemplo, não aparecem nem para dar banho nele.
Em um dos episódios relatados por integrantes da equipe médica aos familiares, um dos médicos que cuidava de Batista administrou remédios que não serviriam para tratar dos problemas apresentados pelo homem, que naquele momento estava convalescendo da Covid e também das feridas.
Os familiares chegaram a obter duas liminares para que Batista fosse transferido para outro hospital. A primeira decisão saiu dia 19 de agosto e foi acolhida pela Vara da Fazenda Pública de Diadema. “Defiro a liminar determinando que o impetrado providencie a transferência e a internação do impetrante em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de serviço especializado em cirurgia plástica”, diz o documento. Caso houvesse descumprimento, o Executivo teria que pagar multa de R$ 1.000 por dia.
Com a decisão, Batista foi encaminhado ao Hospital São Paulo, sob gerência da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), mas ao chegar lá e, depois de avaliação médica, o paciente foi reencaminhado ao Hospital Municipal de Diadema para seguir o tratamento clínico. A segunda decisão da Justiça saiu dia 25 de agosto e também foi acolhida pela Vara da Fazenda Pública de Diadema, mas seu nome foi incluído na lista da Cross, sistema gerido pelo governo do Estado, na espera de leito em outro hospital.
“Estamos aflitos, preocupados e tensos com a situação. Qualquer negligência pode custar uma vida”, declarou o filho de Batista, o promotor Luis Fernando Batista Junior, 24 anos. A Prefeitura de Diadema disse que a denúncia de maus-tratos não procede. “A Secretaria de Saúde informa que a liminar deferida pelo juízo foi cumprida no dia 21 de agosto, entretanto, o hospital receptor avaliou que não havia indicação cirúrgica, no momento, por especialidade de cirurgia plástica”, alegou a administração.
O Hospital São Paulo disse, em nota, que Batista “foi avaliado pela equipe de cirurgia plástica, realizado desbridamento (remoção de crostas) e orientado tratamento clínico e curativos. Não havia como realizar procedimentos cirúrgicos de fechamento ou enxerto de imediato, de modo que uma nova avaliação foi recomendada para o procedimento após o tratamento”.
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