O Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM) publicou a pena disciplinar de cassação do exercício profissional do médico Carlos Jorge Cury Mansilla, condenado pela Justiça do Amazonas por crime de lesão corporal gravíssima contra paciente que teve o corpo deformado permanentemente, em procedimento estético no qual não tinha especialidade.
Assinada pelo presidente Emanuel Thomaz de Lima, a publicação diz: ‘O Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas, em conformidade com o disposto na Lei no 3.268, de 30 de setembro de 1957, tendo em vista a decisão prolatada nos autos do Processo Ético-Profissional n.o 44/2013, julgado no Pleno do Tribunal Superior de Ética Médica do Conselho Federal de Medicina, torna pública a aplicação da penalidade de “Cassação do Registro Profissional, prevista na alínea “e” do art. 22 da mencionada Lei, por infração aos artigos 1o, 10, 14, 22, 31 e 58 do Código de Ética Médica (Resolução CFM no 1931/2009) ao DR. CARLOS JORGE CURY MANSILLA, inscrito neste Conselho sob no 1811.”
Este ano, o Tribunal der Justiça do Amazonas (TJAM) confirmou condenação de , que havia sido condenado em primeira instância, por o erro médico que “ocasionou sérios danos (realização de nova cirurgia) e traumas sem precedentes na vida da vítima, já que teve seu abdômen mutilado”.
Na Justiça do Amazonas, Mansilla responde a 22 processos, entre eles oito pedidos de indenização e 14 ações penais. Uma das denúncias resultou na condenação dele a oito anos de prisão pelos crimes de estelionato e homicídio culposo contra Maria Altenizia de Lima Salles. Ela pagou R$ 25 mil por cirurgia plástica que resultou na morte dela.
A vítima afirmou que procurou a clínica de Mansilla após indicação de uma cliente do salão de beleza onde ela trabalhava. Na consulta, a mulher contou ao médico que gostaria de fazer uma plástica no nariz e ele ofereceu os serviços de lipoescultura e abdominoplastia, com facilitação no pagamento – ela daria R$ 7 mil de entrada e seis parcelas de R$ 1 mil.
De acordo com a vítima, o pagamento do serviço foi feito em março de 2012, mesmo dia em que a cirurgia foi realizada no Incor (Instituto do Coração do Amazonas). Segundo ela, antes de realizar o procedimento, Mansilla disse que era cirurgião e aluno de Ivo Pitangui, renomado cirurgião plástico que faleceu em 2016.
A cirurgia da paciente durou mais de seis horas. Durante o procedimento, ela acordou e os médicos aplicaram reforço da anestesia. A mulher disse que ficou no hospital apenas 24 horas e foi para casa, mas a cicatriz do abdômen infeccionou, o que motivou ela a voltar ao consultório após 10 dias para retirar os pontos.
A paciente afirmou que os pontos foram retirados pelo irmão de Mansilla. No entanto, a cirurgia abriu. Mansilla, então, tentou fechar a cicatriz, mas não conseguiu, pois saia bastante secreção do local. Segundo a mulher, cinco meses após o procedimento, ela estava na mesma situação e procurou o médico.
A mulher afirmou ainda que havia uma deformidade na região glútea. O médico marcou uma segunda lipoescultura, realizada na sala ao lado do consultório de Mansilla. A paciente disse que o abdômen dela ficou bastante inchado e necessita de uma reconstrução. Ela também alegou que, desde a cirurgia, sente dores quando mantém relações sexuais.
De acordo com a paciente, as consequências da cirurgia afetou até o casamento dela, que foi desfeito um ano depois da deformidade. A mulher alegou que está “complexada uma vez que não tem espontaneidade para um encontro íntimo, pois aconteceu de ao se despir ser olhada de outra forma, com nojo ou assombro”.
Mansilla alegou que “agiu com todas as cautelas de um cirurgião” e que teve “respaldo do cardiologista e do anestesista, responsáveis pelos exames pré-operatórios”. O médico disse que “não existe procedimento cirúrgico sem riscos” e que “qualquer médico pode atuar em qualquer área desde que responsável pelos próprios atos e tenha conhecimento técnico”.
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