terça-feira, 19 de outubro de 2021

Mulher denuncia que perdeu bebê e o útero por negligência no atendimeto em maternidade de Goiânia

 

Unidade informou que a cirurgia foi realizada após diagnóstico de descolamento prematuro de placenta e a morte da criança. Mas médico que fez atendimento antes do parto disse que estava tudo normal.


Grávida perde bebê e o útero por falta de maternidade em Senador Canedo, diz família

Um casal de Senador Canedo, na Região Metropolitana da capital, denuncia que perdeu a filha por negligência no atendimento. A grávida foi encaminhada para a Maternidade Dona Íris, em Goiânia, em trabalho de parto, mas só foi atendida três horas depois. A criança já estava morta.

Além de perder a filha, a dona de casa Laryssa Damasceno Silva teve o útero retirado na cirurgia, que foi realizada na quarta-feira (6), e não pode mais gerar filhos. Ela contou que iria registrar a Alice Emanuelly na segunda-feira (11), se tudo tivesse dado certo.

A maternidade Dona Íris informou, em nota, que a paciente passou pela triagem às 21h41 e a cesariana foi realizada às 23h52. Disse ainda que a cirurgia foi realizada após diagnóstico de descolamento prematuro de placenta e óbito fetal, ou seja, a morte da bebê (leia a íntegra ao final).

A família pondera que recebeu diagnóstico positivo sobre a saúde da bebê em uma consulta com médico em Senador Canedo, antes de ser transferida para Goiânia, e que os exames estavam normais.

Neste feriado do Dia das Crianças, o casal diz que deveria estar com a filha nos braços. Já estava tudo pronto para a chegada da Alice. A mala cheia de roupinhas, mamadeiras e brinquedos. Mas 18 dias antes da data programada para o parto, Laryssa Damasceno começou a se sentir mal.

Casal denuncia que perdeu bebê por falta de maternidade de Senador Canedo, Goiás

Ela e o marido contam que não puderam ser atendidos na única maternidade de Senador Canedo porque a unidade está fechada há mais de dois meses para uma reforma que não começou.

"É Dia das Crianças e poderíamos estar com a nossa bebê aqui, mas infelizmente ela não está. Era uma maternidade que poderia estar aberta servindo à população", lamentou o pai da bebê, o auxiliar de mecânica Johnny Vinícius de Souza.

Sobre o fechamento da maternidade, a Secretaria de Saúde de Senador Canedo informou que fechou a unidade por conta de problemas na infraestrutura, principalmente no centro cirúrgico. Nos próximos dias, será apresentado o projeto da obra, segundo a secretaria, e até o início do ano que vem a maternidade será reaberta.

Casal que perdeu bebê denuncia negligência no atendimento em unidade médica de Goiânia, Goiás

O casal, então, foi para um posto de saúde responsável pelos atendimentos das mães enquanto a maternidade estiver fechada. Laryssa Damasceno contou que foi examinada e os médicos disseram que ela estava em início de trabalho de parto.

"O médico escutou o coração da minha filha e disse que estava tudo ótimo. Eu ia entrar em trabalho de parto porque tinha dilatado dois centímetros e que ia sair a regulação para saber para onde eu ia ser atendida", explicou a dona de casa.

Grávida que perdeu bebê estava com tudo preparado para receber a filha em casa, em Senador Canedo, Goiás

Exames normais


O diretor clínico da Secretaria de Saúde de Senador Canedo, Elter Borges, disse que o caso será apurado, já que exames mostraram que tudo estava normal antes do parto.

"Pelo que consegui levantar, o pré-natal não apresentava nenhuma característica de risco. O exame físico dela no dia do atendimento estava normal, a ausculta do bebê estava normal e a avaliação de dilatação também", ponderou Borges.

Parto


A família foi de carro próprio para a Maternidade Dona Íris, para onde saiu o encaminhamento da regulação. A mãe disse que não recebeu atendimento de emergência. Ficou na recepção esperando ser chamada por senha.

Segundo Laryssa Damasceno, foram três horas de espera, mesmo com ela passando muito mal, quando foi recebida por um médico, porém, já era tarde demais. Depois de fazer uma ultrassonografia, o diagnóstico dado pelos médicos é que o bebê já estava morto.

Mulher que perdeu bebê e útero durante cirurgia disse que exames estavam normais, em Senador Canedo, Goiás

"A médica que fez minha cirurgia veio conversar para explicar e alegou que a bebê estava morta há dias dentro de mim. Mas não estava, eu sentia ela mexendo", contou a dona de casa.

A avó da criança Maura Targino Matos acompanhou a cirurgia para a retirada da criança. Ela denuncia que a maternidade Dona Íris negou o direito da família de saber a causa da morte.

A maternidade informou que o corpo não é encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO) quando a causa da morte é conhecida.

"A maior revolta é saber que a gente enterrou a nossa bonequinha sem saber o motivo da morte. Assinei documento autorizando a autópsia dela e foi negado", desabafou.

Maura Targino disse que a pequena Alice era muito esperada. "Nossa primeira neta e eles tiraram isso da gente", lamentou.

Nota da Maternidade Dona Íris


O Hospital e Maternidade Dona Íris (HMDI) informa que a paciente Laryssa Damasceno Silva esteve na unidade para atendimento de emergência no dia 06/10, tendo passado pela classificação de risco às 21h41, seguida de atendimento médico às 22h43 e cesárea às 23h52.

A cirurgia foi realizada após diagnóstico de descolamento prematuro de placenta e óbito fetal em decorrência dessa condição. O descolamento foi determinado por meio de ultrassonografia realizada no HMDI, assim como o óbito fetal.

Quando a causa mortis é conhecida, o corpo não é encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO).









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