quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Bactéria matou jovem que ficou com a pele roxa em hospital de SP, diz Saúde

Secretaria de Saúde do município informa que a jovem teve hemorragia da glândula supra-renal, mas a família afirma que ainda não recebeu o laudo do Serviço de Verificação de Óbito.


Jovem deu entrada em hospital com dores no corpo, ficou roxa após medicação e morreu

A jovem Oberleide Rosario de Jesus, de 23 anos, que morreu após apresentar manchas roxas pelo corpo ao tomar medicação em um pronto socorro de Praia Grande, no litoral de São Paulo, teve um quadro de meningococcemia, de acordo com informações da prefeitura. A doença é ocasionada pela bactéria meningococo, que também causa meningite.

Procurada pelo G1 nesta terça-feira (6), a Secretaria de Saúde Pública informou que a jovem teve hemorragia da glândula supra-renal, proveniente da doença meningococcemia. "A doença tem alta taxa de mortalidade e evolui de forma agressiva, comprometendo o funcionamento de órgãos vitais, fato que, infelizmente, ocorreu com a paciente", afirma, em nota.

O município informa que a doença foi apontada pelo laudo do Serviço de Investigação de Óbito (SVO), porém, a Secretaria de Saúde do Estado, que é responsável pelo SVO, afirma que o documento não foi liberado oficialmente, já que ele foi solicitado no dia 1º de agosto e tem até 15 dias para ser liberado para os familiares.

Ainda de acordo com a prefeitura, a informação sobre a causa da morte foi obtida preliminarmente junto ao SVO. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que o caso foi registrado na Delegacia Sede da cidade e que aguarda a emissão do laudo definitivo para adotar as medidas cabíveis na investigação do caso.

Jovem deu entrada no Pronto Socorro Quietude com dores no corpo e febre, segundo a família

Caso de polícia


Segundo apurado pelo G1, a jovem é natural da cidade de Fátima, na Bahia, e havia se mudado para o litoral paulista há apenas cinco meses para morar com o esposo e buscar um emprego na região. Familiares de Oberleide questionaram o município por que a jovem morreu de forma repentina logo após a medicação e, ainda assim, a morte foi registrada como 'causa natural'.

O caso foi levado à polícia e a Delegacia Sede de Praia Grande solicitou exame ao SVO para verificar a causa da morte. "Estamos esperando a mãe dela viajar para ir para acompanhar tudo de perto", conta o carpinteiro Renilson Carvalho de Jesus, de 30 anos, tio da jovem.

Segundo a família, Oberleide apresentava dores no corpo e febre e, após a piora do quadro, os médicos disseram que ela precisaria ser levada com urgência a uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A remoção, porém, não foi disponibilizada a tempo e ela não resistiu.

"Uma hora falavam que poderia ser dengue hemorrágica, outra hora falaram embolia. Quando saiu o laudo, disseram que foi morte natural. Como a família vai se conformar, se até um dia antes a menina estava bem, sem nenhum problema de saúde?", questiona a dona de casa Josefa llda dos Santos Oliveira, de 31 anos, cunhada de Oberleide.

Jovem é natural da Bahia e se mudou recentemente para o litoral para morar com o esposo

Meningococcemia


De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações, a meningococcemia é ocasionada pela bactéria meningococo, que também causa meningite. Ambas são denominadas doenças meningocócicas.

Enquanto a meningite é a inflamação das meninges no cérebro, a meningococcemia é a infecção generalizada. O contágio se dá por via respiratória e, se o paciente for tratado precocemente, o resultado pode ser positivo. Porém, a doença costuma evoluir muito rapidamente, podendo levar à morte.

‘Queremos uma resposta’


A jovem começou a sentir dores no corpo na terça-feira (30) à tarde e, no mesmo dia, no período da noite, foi levada ao Pronto Socorro Quietude. Ela foi liberada, mas, como continuou sentindo dores, retornou na quarta-feira (31) pela manhã.

Após tomar uma medicação, que a família não sabe dizer qual, Oberleide começou a reclamar de ainda mais dores. "Começou a aparecer umas manchas roxas no corpo dela. Ela estava sentindo muita coceira, falava que sentia muita queimação. Quando eu cheguei lá, por volta das 13h, ela estava conversando comigo, mas estava sentindo muitas dores, queimação no corpo", diz a cunhada.

"Na hora que eu cheguei lá o médico falou que o caso era grave e que ela precisava urgente de vaga na UTI. Chamamos até a polícia [para conseguir a vaga]", explica. Ilda diz que a vaga foi disponibilizada por volta das 16h, mas nesse momento o médico teria dito que ela não tinha condições de ser encaminhada a outro hospital. "O médico disse que saiu a vaga, mas que ela estava muito fraca, com batimentos muito baixos", conta.

Segundo a cunhada, Oberleide faleceu por volta das 16h40 de quarta-feira. "Não estamos acusando ninguém, mas a gente quer que seja investigado, queremos uma resposta".

O corpo de Oberleide foi levado na última sexta-feira (2) para a cidade de Fátima, na Bahia, onde mora sua família. Segundo apurado pelo G1, a jovem havia se mudado para o litoral paulista há apenas cinco meses para morar com o esposo e buscar um emprego na região.

Posicionamento


Procurada pelo G1, a prefeitura de Praia Grande, por meio da Secretaria de Saúde Pública, informou que o atendimento atendeu todas as diretrizes dos órgãos reguladores da área da saúde. "Caso seja constatada alguma irregularidade no atendimento prestado, a Sesap tomará as medidas cabíveis", afirma, em nota.

A secretaria informa ainda que "não são verídicas as informações que estão sendo publicadas nas redes sociais em páginas e perfis, em sua maioria ligados a grupos políticos que atuam na cidade, sobre qualquer tipo de erro médico ou descaso no atendimento desenvolvido no PS Quietude" e esclarece que está à disposição para qualquer tipo de esclarecimento sobre as condutas médicas e procedimentos adotados durante o atendimento da paciente.

Jovem foi atendida no Pronto Socorro Quietude, em Praia Grande, SP

G1

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