Interventora do hospital informa que morte de bebê será investigado por uma comissão de óbito |
A família do bebê Leonardo, tirado já sem vida da barriga da mãe, na Santa Casa de Mogi Mirim, no dia 14, acusa o hospital de negligência médica. Um boletim de ocorrência foi registrado nesta segunda-feira, 19, em Itapira, onde moram os pais da criança.
O caso vai ser investigado pela Vara da Infância e Juventude do Ministério Público itapirense.
Rosemary Favero, a Rose de 52 anos, moradora em Mogi Mirim e tia da vítima, conta que a sobrinha de 20 anos veio para a cidade ter o filho porque estava prestes a dar à luz, devido à sua dilatação. Com 37 semanas de gestação, no final do sétimo mês, por precaução, seu médico recomendou um hospital com UTI Neonatal, caso da Santa Casa de Misericórdia daqui.
A mãe do bebê deu entrada no hospital mogimiriano no domingo, Dia dos Pais, às 10h, com indicação para ter o filho nesse mesmo dia. Mas só foi passar por cesárea três dias depois, na quarta-feira, 14, depois de constatarem que o coração de Leonardo já não batia mais.
“Inclusive minha sobrinha veio pra cá de Samu para não correr o risco de ter de fazer o parto no carro. Ela não teve seu bebê no domingo, Dia dos Pais, por descaso médico, negligência médica. Deixaram o bebê morrer na barriga da mãe”, contou Rose ao O POPULAR.
Informou também que a sobrinha tinha passado por exame cardiotoco (CTG), para medir o bem-estar da criança, e verificou-se que os batimentos cardíacos do bebê não passavam de 70 por minuto.
“O normal é de 140 a 150 batimentos por minuto de um bebê no útero. Abaixo de 120 já é considerado sofrimento fetal. Com 70 era para ter sido realizada a cesárea imediatamente. Mas não. Prorrogaram o sofrimento do menino e da mãe por três dias”, conta Rosemary, inconformada.
Ainda, segundo ela, só foram fazer a cesárea na sobrinha, na tardezinha de quarta-feira, porque o exame cardiotoco já não registrava os batimentos cardíacos do bebê. “Morreu no útero da mãe”, pontuou Rose.
O bebê passou por exame necroscópico. Foi constatado, segundo Rose, falta de oxigênio intrauterino como causa da morte.
“O que prova que se tivessem feito a cesárea logo no domingo, quando chegou à Santa Casa, a criança estaria hoje em casa, no colo da mãe, e não dentro de um caixão e enterrado”, observa a tia da vítima.
Rose conta que a criança era perfeita. Foi tirado da barriga da mãe com 2.540 quilos e 48 centímetros. “Talvez fosse necessário ficar na incubadora da UTI Neonatal para concluir a formação do pulmão. Infelizmente, essa chance lhe foi privada”, diz.
Leonardo seria o primeiro filho da jovem sobrinha de Rosemary. Ela teve alta do hospital no dia 16.
“Nós queremos que seja feito justiça e é isso que vamos cobrar, para isso que vamos lutar”, finalizou.
O caso ganhou repercussão no Parlamento Municipal. Contatadas por Rosemary, as vereadoras Maria Helena Scudeler de Barros (PSB) e Sonia Módena (PP) se comprometeram a investigar o caso da morte do bebê na barriga da mãe dentro da Santa Casa e cobrar rigorosa punição aos responsáveis. O hospital está sob intervenção da Prefeitura.
Sindicância
A interventora da Santa Casa, Rosa Iamarino, informou ao O POPULAR ontem que o hospital vai, sim, investigar a morte do bebê Leonardo por meio de uma comissão de óbito, que funcionará como uma sindicância interna.
Segundo ela, a comissão vai colher os relatórios por escrito de todos os envolvidos no caso, da equipe médica e da enfermagem, e, depois, ouvir o que cada um tem a dizer.
“O primeiro ponto é saber se o óbito era evitável ou não evitável”, disse. O segundo passo é apurar se, em caso de óbito evitável, pode ter havido negligência, imprudência ou imperícia das equipes médicas.
Rosa informou que o resultado da sindicância será encaminhado para os conselhos dos profissionais envolvidos para serem tomadas as medidas cabíveis. “E a Santa Casa tomará sua decisão também, junto com seus diretores”, acentuou a interventora.
Sobre a cesárea não ter sido realizada no mesmo dia da internação, Rosa disse que a recomendação médica é para adiar o máximo possível o procedimento a fim de que a criança nasça mais bem formado possível.
Mas aconteceu o contrário.
Sobre a causa da morte do bebê, Rosa disse ainda não ter informações. “Ainda não recebemos o resultado da necrópsia, que foi feita pelo Município”, pontuou. Ela também ressaltou que a Ouvidoria da Santa Casa não recebeu nenhuma reclamação formal da família.
“Diante disso tudo, posso dizer que sentimos muito tudo o que aconteceu, lamentamos profundamente”, comentou Rosa Iamarino, frisando que a Santa Casa deu toda a assistência necessária para a mãe do bebê.
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