quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Paciente relata violência obstétrica em maternidade de Sergipe

Segundo a SES, a Fundação Hospitalar decidiu afastar o médico suspeito por 30 dias para apurar o caso.


Hospital Regional de Nossa Senhora do Socorro José Franco, Sergipe 

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou nesta segunda-feira (19) que a Fundação Hospitalar de Sergipe (FHS) suspendeu, por 30 dias, as atividades de um médico suspeito de violência obstétrica contra uma gestante na Maternidade do Hospital Regional José Franco, localizada no município de Nossa Senhora do Socorro.

A mulher de 29 anos de idade deu entrada na unidade na quarta-feira (14) em trabalho de parto. Na madrugada da quinta-feira (15), ela aguardava na sala de pré-parto para realizar o parto, fazendo exercícios físicos e acompanhada por outros profissionais, quando um médico plantonista interviu.

"Ele chegou com muita ignorância, fez um exame de toque muito brutal e foi me arrastando. Eu não estava com roupa nenhuma, só com um lençol por cima. Ele me pegou pelo braço e eu saí nua pelo corredor", disse a vítima.

"Na sala de parto, mandou eu subir na cama. Eu disse que não conseguia, porque já podia sentir a cabeça do meu filho saindo. Duas mulheres que estavam na sala vieram me ajudar", lembrou a mulher, que ainda alegou que o bebê foi retirado, mas a placenta continuou dentro.

"Foi muita tortura na sala e eu gritando de desespero. Quando o bebê saiu, ele me deixou com as pernas penduradas no ferro (...) Meu filho nasceu 1h45, quando olhei para o relógio eram 2h10 e eu lá".


O relato ainda conta que, passado o tempo, uma das enfermeiras que estava na sala foi chamar o médico para terminar o procedimento.

"Enquanto isso, a porta estava aberta, e eu com a perna aberta, cortada. Uma moça da equipe de limpeza entrou, me viu virou o rosto e limpou a sala comigo mesmo daquele jeito. Capaz de pegar uma bactéria", disse.

Momentos depois, o médico voltou. Houve aplicação de anestesia, mas antes de surtir efeito, ele teria suturado a vítima, que desmaiou em seguida. "Quando eu dizia que estava doendo, ele puxava bem forte os fios".

Em decorrência dos maus tratos, a mulher não consegue andar, nem segurar o filho sem a ajuda de outras pessoas. Já o bebê passa bem. De acordo com a defesa, um Boletim de Ocorrência foi prestado na Polícia Civil nesta segunda-feira.

A SES disse que a medida faz parte de um processo administrativo disciplinar, aberto após a FHS receber relatório do caso.

G1 não conseguiu contato com a defesa do médico.

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