sábado, 17 de agosto de 2019

Dois médicos são condenados por negligência, mas crime prescreve e eles não irão cumprir pena

Paciente foi diagnosticado com problemas no estômago, mas morreu de infarto em 2011, em Santa Rita do Passa Quatro (SP). Profissionais foram condenados a 1 ano e 4 meses de prisão.


Randal Claro da Silva morreu em Santa Rita do Passa Quatro após passar por dois atendimentos médicos 

Dois médicos de Santa Rita do Passa Quatro (SP) foram condenados por negligência médica, mas não irão cumprir a pena de 1 ano e 4 meses de prisão porque o crime prescreveu. Mesmo assim, a família sentiu alívio e espera que a decisão sirva de exemplo.

Disgnósticos


O caso aconteceu em 2011. Randal Claro da Silva, de 35 anos, procurou a Santa Casa com dores no peito. Na primeira consulta, realizada pelo médico Onésimo Rozante, ele foi diagnosticado com problemas estomacais, medicado e liberado.

Horas depois, no início da noite, ele voltou ao hospital com os mesmos sintomas, foi atendido pelo médico Juan Carlos Mathey Rubio que diagnosticou gastrite.

Médicos são condenados por negligência, mas crime prescreve em Santa Rita do Passa Quatro

Na manhã seguinte, Randal foi encontrado morto na sala de casa pela mãe Lucila Claro Venâncio Silva. O laudo apontou como causa da morte infarto do miocárdio.

Inconformada, ela foi em busca de justiça para a morte do filho e entrou com três processos contra os médicos.

“O primeiro, é um processo administrativo no CRM, Conselho Regional de Medicina. O segundo é o processo indenizatório que ainda está em curso, uma ação civil de indenização pelos danos provocados. E o terceiro é o processo de responsabilidade criminal", explicou o advogado Marcelo Modolo.

Santa Casa de Santa Rita do Passa Quatro


Segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), houve negligência, imprudência e imperícia nos atendimentos.

O primeiro médico até fez um eletrocardiograma, mas não soube interpretar os resultados e o segundo também não identificou as alterações e nem seguiu o protocolo do Ministério da Saúde para dores precordiais.

No processo do Cremesp, eles foram considerados culpados e a punição foi a 'censura pública em publicação oficial'. Os médicos continuam trabalhando na Santa Casa.

Alívio da família


A sentença sobre a responsabilidade dos médicos saiu na sexta-feira (9). Mesmo com o crime prescrito, Lucila se sente aliviada com a decisão da Justiça e espera que ela sirva de lição.

“Ele estava com a roupa de roça, eu com a roupa de casa, então eu queria que quando chegasse quem quer que fosse [ao hospital], tratasse com respeito e dignidade” , disse.

Defesas


A advogada de Onésimo Rozante, Neusa Ugattis, disse que irá avaliar a reforma da decisão e entrar com os recursos cabíveis depois que o acórdão for publicado.

Já a advogada de Rúbio, Sandra Franco, disse que a decisão não significa que a sentença da primeira instância, que inocentou os dois médicos, estava errada, mas sim que os entendimentos dos julgadores foram distintos.

"Apenas registramos que o exercício da medicina não é exato, está sempre sujeito a variáveis e uma delas é o médico. Rotular qualquer profissional como negligente é restringir todos os pacientes que por ele foram salvos e tratados a um episódio com resultado desfavorável", afirmou a advogada.


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