sábado, 10 de agosto de 2019

Em audiência na Justiça, pai de jovem que morreu após ser estuprada na UTI desabafa: 'Difícil cicatrizar'

Pai afirma que houve falhas em procedimento e cobra acesso integral às filmagens de câmeras de segurança. Susy Nogueira morreu dias após o abuso. Suspeito esteve na sessão.


Susy Nogueira Cavalcante, de 21 anos morreu após ser estuprada em hospital de Goiânia

O técnico em enfermagem Ildson Custódio, suspeito de estuprar a estudante Susy Nogueira, de 21 anos, enquanto ela estava internada na UTI de um hospital, esteve em uma audiência de instrução na tarde desta sexta-feira (9), em Goiânia, no entanto não foi ouvido. Ela morreu dias depois do abuso. O pai dela, Vanderly Cavalcante, que figura como testemunha, desabafou e cobrou uma solução para o caso.

"O sentimento é difícil cicatrizar. Houve falhas, não entregaram os vídeos completos para a gente, queremos saber o porquê. Se o hospital tivesse avisado dos abusos antes, não teria chegado a essa situação”, lamenta.

G1 entrou em contato com a assessoria da empresa responsável pela UTI do Hospital Goiânia Leste, a OGTI, e aguarda um posicionamento sobre a queixa do pai da jovem sobre a não disponibilização das imagens completas do local.

Os vídeos aos quais Vanderly se refere são aqueles gravados pelas câmeras de segurança dentro da UTI do hospital. Um dos trechos, inclusive, foi usado pela polícia para constatar o estupro sofrido pela jovem. O pai acredita que o registro de outras partes da gravação comprovaria que a filha morreu por conta de erro médico. Laudo do IML apontou que a jovem teve uma embolia pulmonar.

Ildson chega para audiência judicial sobre a morte de Susy 

“Quando falaram que a morte foi por embolia pulmonar, fomos atrás de saber o que causou. E pelos vídeos, está sacramentado que houve erro médico. Eles faziam muita força para entubar, usavam material que era rígido. Até um leão não resistiria a um procedimento assim”, disse o pai.

Sobre a denúncia de erro médico, a OGTI, informou que "em virtude do sigilo profissional, não pode prestar informações quanto ao atendimento prestado à paciente."

Para o advogado da família, Darlan Alves, o abuso sofrido pela paciente agravou o quadro clínico dela. “Esse ato libidinoso levou ela a agravar o quadro de convulsão, de inquietação dela”, disse.

Ildson chegou à sala de audiência por volta de 15h15. Ele estava fortemente escoltado e não falou com a imprensa. O técnico em enfermagem sempre negou ter cometido o crime. Os jornalistas não foram autorizados a acompanhar a sessão.

Pai de Susy acredita que erro médico causou a morte da filha em UTI

Nova audiência marcada


Ildson Custódio não foi ouvido durante a audiência desta sexta-feira porque quatro testemunhas que foram listadas não compareceram. Como ele obrigatoriamente precisa ser o último a ser ouvido, uma nova audiência foi marcada para outubro.

O advogado do preso, Leonardo Silva Araújo disse que o técnico em enfermagem segue negando o crime. “A audiência só corroborou o laudo do IML, que o Ildson não tem envolvimento com a causa da morte da Susy. Sobre o suposto abuso, ainda faltam laudos, vamos esperar para ver como será a atuação”, afirmou.

Estupro na UTI


O delegado Washington da Conceição, do 9º Distrito Policial, no Leste Universitário, é o responsável por investigar a morte de Susy. Antes de iniciar esta investigação, a equipe da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher apurou a denúncia de estupro.

Conforme a polícia, a paciente foi abusada sexualmente por um técnico em enfermagem na primeira noite que passou no Hospital Goiânia Leste, na madrugada de 17 de maio. As investigações apontaram que as imagens de câmeras de monitoramento mostram o crime.

Indiciado e denunciado pelo estupro de Susy, o técnico de enfermagem Ildson Custódio Bastos se entregou à Polícia Civil e segue preso.

Segundo delegada, imagens mostram abuso sexual por parte de técnico de enfermagem

Verificação das imagens


O delegado Washington da Conceição informou que aguarda o resultado de laudos pedidos institutos Médico Legal (IMl) e de Criminalística, previstos para serem concluídos em até 30 dias, para concluir o inquérito sobre o que causou a morte da jovem. Segundo ele, mais de 50 pessoas já foram ouvidas na investigação.

Entre os laudos solicitados está um para a verificação das imagens gravadas dentro da UTI.

De acordo com o gerente do Instituto de Criminalística, Antônio Carlos Chaves, as imagens já estão sendo avaliadas pela sessão de informática da Polícia Técnico Científica. A previsão é que o laudo fique prontos em mais uma semana.

“Estamos avaliando se houve alguma supressão de imagem ou manipulação de arquivo, pois há nas gravações algumas interrupções, já que a informação é de que elas eram feitas a partir de um detector de movimento. Vamos verificar se realmente é isso”, informou Chaves.


Nenhum comentário:

Postar um comentário