Certidão de óbito de criança de três anos traz como uma das causas da morte H1N1...
A família de uma criança de três anos entrou na Justiça contra a Prefeitura de Cascavel, com pedido de indenização por dano moral, por suposto erro médico. A criança morreu em abril deste ano e uma das causas da morte apontada na certidão de óbito é H1N1. Os pedidos de indenizações são no valor de R$ 1 milhão.
A criança foi atendida na UPA Veneza no dia 13 de abril e estava com febre alta (38º). A médica diagnosticou que seria uma virose e receitou medicação antitérmica e inalação com soro fisiológico por cinco dias. A criança foi liberada.
Acontece que a febre só baixava no momento em que a criança ingeria a medicação e depois retornava. Dois dias após a consulta, a menina começou a vomitar e o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionado porque a mãe não encontrou ninguém disponível para levar a criança até a UPA. O Samu só chegou 1h40 após o primeiro chamado.
O médico que atendeu a criança solicitou um exame de Raio-X que comprovou que a criança estava com um quadro grave de pneumonia e bronquite e internou a paciente. A mãe estranhou porque a criança não tinha histórico de bronquite.
Sucessão de erros
Segundo os autos, após o internamento houve uma sucessão de erros e descuidos. Inicialmente, um enfermeiro fez a medição dos batimentos cardíacos da criança, com um oxímetro de dedo, deixando o aparelho no dedo da criança e informou à mãe de que a filha estava reagindo bem.
A mãe percebeu que a filha estava com 38º de febre e imediatamente chamou a enfermeira. Perto das 6 horas ela percebeu que a filha estava com batimentos cardíacos baixos, chamou a enfermeira novamente que colocou o oxímetro no dedo da criança, mas falou que o aparelho não estava funcionando. Segundo o que consta nos autos, a profissional de saúde falou isso enquanto conversava com outra enfermeira sobre assuntos particulares afirmando “que tinha um babado para contar”.
Pela manhã, o pai da criança foi até a UPA para ficar com a filha enquanto a mãe iria para a casa tomar banho, mas pouco tempo depois de ela sair do local, o esposo a chamou novamente dizendo que a enfermeira percebeu que a criança estava sem batimentos cardíacos. Os médicos providenciaram uma vaga na UTI do Hospital Universitário, mas a criança entrou em óbito antes de ser transferida.
Para a defesa, foram duas consultas médicas e dois diagnósticos equivocados. Primeiro, o diagnóstico de que a filha estava com uma virose e, segundo, de que ela sofria de bronquite.
“Curioso que a Secretaria de Saúde mencionou a hipótese de a criança estar acometida de H1N1 somente após o evento “morte”, sendo que nos atendimentos médicos sequer foi tomado qualquer providência preventiva, de monitoramento ou de investigação, ficando claro o erro que provocou a morte da menor. Os exames confirmaram infecção pelo vírus Influenza A, subtipagem H1N1”, questiona a defesa.
A certidão de óbito traz como causa morte “coagulação intravascular dissiminada, insuficiência respiratória, sepse, pneumonia e H1N1”. Para a defesa, houve imperícia e negligência na morte da garotinha.
O que diz a prefeitura
A Secretaria de Saúde (Sesau) informou que realizou análise técnica. A equipe que incluiu profissionais da Unidade de Pronto Atendimento, profissionais da Sesau e Vigilância Epidemiológica, analisou as documentações como prontuários e resultados de exames e não identificou falha técnica que justificasse o encaminhamento.
“A análise realizada é que a evolução de H1N1, em alguns casos, é rápida e imprevisível, bem como nem sempre responde ao tratamento efetuado, situação esta que aparenta ter sido o caso. A Secretaria lamenta o falecimento da paciente, especialmente por tratar-se de criança, porém, se trata de uma situação que pode acontecer em determinados casos, independentemente de todos os esforços da equipe para um desfecho positivo”, informou a secretaria.
Já a Procuradoria Jurídica informou que não tem conhecimento da existência de ação judicial, pois não houve nenhuma notificação ao Município até o momento.
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