quarta-feira, 29 de julho de 2015

Garoto perde testículo e família processa médico do PS Municipal

Foto(s): Divaldo Moreira/Comércio da Franca

O advogado William Guagneli representa a família na ação
 que pede R$ 788 mil por danos morais

A família de um garoto de 15 anos, que perdeu um dos testículos em maio deste ano, entrou na Justiça contra o médico Denyson Dantas Honorato, o ICV (Instituto Ciências da Vida) e a Prefeitura de Franca, por negligência médica e pede R$ 788 mil por danos morais. O adolescente, que teve torção testicular, precisou amputar o testículo depois que o médico teria ignorado os sintomas, incluindo o atestado de outro profissional, e mandado o garoto para casa. 
 
O ICV, um dos processados, é o mesmo instituto que teve documentos apreendidos em sua sede pela Polícia Civil, na operação que investiga a atuação de falsos médicos na rede pública de saúde.
 
Segundo o advogado William Guagneli, o adolescente passeava em Ibiraci (MG), local onde tem familiares, quando teria sentido os primeiros sintomas de torção testicular. Em um primeiro atendimento, na Santa Casa da cidade, o médico realizou alguns exames e constatou o problema. Por tratar-se de um caso que necessitava de intervenção cirúrgica, teria sido indicado à mãe que ela voltasse para Franca e procurasse um médico para que o procedimento cirúrgico indicado fosse realizado.
 
 Imediatamente a mãe, com os exames e o atestado do médico de Ibiraci, teria voltado para Franca e ido ao Pronto-socorro “Álvaro Azzuz”. Lá o médico que teria atendido o adolescente, mesmo com a indicação do outro profissional, teria ignorado os sintomas e receitado apenas um remédio e o encaminhado para casa. No outro dia, ainda com muita dor e os sintomas agravados, a mãe teria voltado a procurar o PS, sendo atendida por outro médico, e esse sim teria confirmado o diagnóstico inicial e encaminhado o garoto para a Santa Casa de Franca.
 
“O caso de torção testicular é muito grave. O diagnóstico deve ser feito o mais rápido possível para evitar a amputação. Nesse caso, com a negligência do segundo médico que atendeu o adolescente, o testículo sofreu alterações irreversíveis, obrigando a sua extirpação. Por isso, enxergamos a negligência e acionamos a Justiça”, disse o advogado.
 
De acordo com Guagneli, a família entende que houve negligência porque não foi solicitado nenhum exame. “Nós processamos a culpa pela negligência, imperícia e pela imprudência, porque a partir do momento que você tem um exame e um atestado de outro médico de que é uma torção de testículo, o mínimo que o PS poderia ter feito, junto ao médico, era um exame mais aprofundado e não somente medicar e liberar o menino sem qualquer diagnóstico.”
 
Segundo o advogado, o valor de R$ 788 mil não é suficiente para reparar o erro, já que a amputação poderá afetar a reprodução e desenvolvimento hormonal do adolescente, além do aspecto psicológico. “Na verdade, para o erro e a perda do garoto, não haveria dinheiro suficiente para pagar. Pedimos esse valor mais para que médicos tomem ciência do que estão fazendo. Não estão mexendo com números e sim com vidas.”
 
Outro lado
A Prefeitura informou que a Secretaria de Saúde, “com certeza”, vai apurar o que ocorreu, “como sempre tem feito em casos dessa natureza”. As ligações feitas ao único número de telefone do médico que a reportagem conseguiu não foram completadas. Ele atuaria apenas no PS. O ICV informou que foi notificado apenas no final da tarde de ontem sobre o caso e que aguardaria a avaliação de seu Departamento Jurídico, para emitir um posicionamento oficial a respeito.
 

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