sábado, 4 de julho de 2015

Transplantados também sofrem sem remédios

Joana (de óculos), que acompanha o irmão João, está preocupada com a falta de medicamentos para transplantados/ Sérgio Bernardo/ Jc Imagem
Joana (de óculos), que acompanha o irmão João, está preocupada com a falta de medicamentos para transplantados/ Sérgio Bernardo/ Jc Imagem
 
As denúncias contra a Farmácia de Pernambuco – a de remédios especiais administrada pela Secretaria Estadual de Saúde – cresceram tanto no primeiro trimestre deste ano que a Promotoria de Defesa da Saúde do Ministério Público Estadual convocou para esta segunda-feira (06/07), às 14h30, uma audiência com representantes do governo para tentar entender o que vem acontecendo.Entre os prejudicados estão transplantados e mais uma vez pacientes com câncer, em uso de medicação especial não prevista na tabela do SUS, que recorrem à Justiça e, mesmo com decisão favorável, não têm o pedido atendido.

 Segundo o diretor da Associação Pernambucana de Apoio aos Doentes do Fígado, Lenivaldo Gaia,  a descontinuidade no fornecimento tem sido frequente. Há queixas quanto à logística da farmácia do Estado  e excesso de trabalhadores terceirizados, sem preparo para o atendimento.
 
“Não imaginava que meu irmão, depois de se submeter a uma cirurgia tão difícil, como um transplante de fígado, iria passar por essa dificuldade com os remédios que garantem a manutenção do novo órgão”, diz Joana Maria Soares (foto).  Os doentes não entendem como o sistema de saúde gasta até R$ 100 mil com cada transplante e não consegue fornecer os remédios que mantêm o sucesso da cirurgia complexa. A Secretaria Estadual de Saúde informa que gastou no ano passado R$ 110 milhões com medicamentos especiais. Até agora, já foram empenhados cerca de R$ 29 milhões.
 
A SES explica que os medicamentos fornecidos a partir de medida judicial são custeados pelo Estado. Os outros são bancados em parceria com o Ministério da Saúde. A secretaria alega qualificar os profissionais, planejar e monitor a compra dos remédios. Reconhece a burocracia, mas argumenta estar enfrentando esvaziamento das licitações, o que “demanda mais tempo para o processo de aquisição”. A farmácia do Estado atende 39 mil pessoas com 235 tipos de medicamentos. De 2014 até o mês passado, a secretaria realizou 161 notificações a empresas que não entregaram produtos no prazo, outro problema da assistência farmacêutica de alto custo.
 

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