domingo, 2 de janeiro de 2022

Mulher que passou mais de oito horas sem atendimento no Hospital Ferreira Machado espera, agora, por cirurgia

Rosângela Lobo foi medicada, está sem dor e passou o réveillon de repouso em casa; previsão é que seja operada na próxima semana

A dona de casa Rosângela Correa Lobo, de 57 anos, que ficou oito horas e meia sem atendimento oftalmológico no Hospital Ferreira Machado (HFM), em Campos, esta semana, espera, agora, por uma cirurgia. Embora não tenha sido agendada, a operação deve acontecer na próxima semana devido a emergência do caso. Esta é a expectativa da família que não dá trégua para resolver o problema e continua apreensiva com a saúde pública do Município. Rosângela passou o réveillon sem dor, medicada e de repouso em casa, no Parque Rosário, em Campos.

A demora para o atendimento chamou atenção de campistas e até do prefeito de Campos, Wladimir Garotinho, que se manifestou nas redes sociais após um vídeo viralizar. As imagens são fortes e mostram a filha de Rosângela, Stella Lobo, em prantos, clamando pelo socorro da mãe no saguão do hospital que é referência regional em emergência. (Veja aqui).

“Estamos aguardando o recesso médico para que eles voltem a operar. A médica que atendeu a minha mãe disse que ela precisa fazer a cirurgia no dia 3 de janeiro, pois ela corre o risco de ficar cega, mas não deixou claro onde será feita e se acontecerá pelo SUS. Vamos aguardar. Enquanto isso, minha mãe continua com a visão turva”, disse Stella.

Rosângela foi diagnosticada com glaucoma agudo no olho esquerdo, doença que registra pressão ocular alta e que, se não for tratada, pode comprimir o nervo óptico causando cegueira irreversível.

Neste sábado (1º de janeiro), a família de Rosângela fez outra denúncia ao Jornal Terceira Via: falta de maca no HFM. Segundo Stella, sua mãe ficou em observação por quase 24 horas sentada numa cadeira após o atendimento médico.

Stella em desespero no saguão do HFM

Entenda o caso

Com fortes dores nos olhos e sem conseguir enxergar com a vista esquerda, Rosângela chegou ao Hospital Ferreira Machado, às 4h da madrugada de quarta-feira (29/12) levada pela filha Stella Lobo. “Eu sabia que somente no HFM haveria plantão de emergência em oftalmologia. Fomos atendidos por um homem na recepção que perguntou os sintomas da minha mãe e depois informou que não havia oftalmologista no momento e que o médico chegaria às 7h. Entramos às 7h novamente no hospital e só então foi feita a ficha e ela passou pela triagem com a equipe de enfermagem. Neste momento, fui informada de que o médico só chegaria às 11h, pois o que deveria estar de plantão, apresentou atestado e se licenciou”, lembra Stella.

Para a família, houve omissão de socorro e negligência médica. “Deu 11h e o médico ainda não tinha chegado. Minha mãe passou a sentir dores também no olho direito e a ficar com a vista turva. Fiquei muito nervosa e preocupada. Foi quando por volta do meio-dia me exaltei e um funcionário do setor administrativo veio até mim e garantiu que minha mãe seria atendida, pois uma médica já estava a caminho. Ela chegou 12h30 de quarta-feira (29) e, aí sim, minha mãe foi atendida, passou por exame de fundo de olho foi e diagnosticada com glaucoma grave e início de uma catarata. A médica, então, recomendou a cirurgia de emergência”, conta.

Rosângela foi medicada com analgésicos intravenosos e colírios e recebeu alta com orientação médica para continuar o tratamento em casa até a cirurgia ser marcada.

Hospital é considerado referência em emergência na região – Foto: Carlos Grevi

Após o atendimento médico Rosângela ficou em observação, de repouso por cerca de 20 horas em uma cadeira até a manhã do dia seguinte, quinta-feira (30).

O vídeo em que Stella se desespera ao ver a mãe sentindo dores e estar sem atendimento viralizou. O prefeito de Campos, Wladimir Garotinho, tomou conhecimento do fato e fez um vídeo pedindo desculpas à paciente e sua família. De acordo com o prefeito, o médico oftalmologista que estaria de plantão apresentou sintomas de gripe e não foi trabalhar. Ainda segundo Wladimir, a médica substituta se atrasou para assumir a função no plantão. Ele disse que a profissional seria notificada pelo atraso e transtorno causado. 

Neste primeiro dia do ano de 2022, Stella afirmou que ainda está indignada. “Não quero desculpas de prefeito nenhum, quero solução. Minha mãe dormiu em uma cadeira e não há médicos na cidade para fazer a cirurgia dela. A saúde de Campos tem tudo para dar certo, mas não estamos vendo nenhum resultado”, desabafou Stella.

O Jornal Terceira Via entrou em contato com a Prefeitura de Campos e aguarda posicionamento sobre o caso e sobre as novas denúncias feitas por Stella e o andamento para agendamento da cirurgia.


Jornal Terceira Via

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