Raimundo Nonato convive com doença que deixou sua perna gigante. No momento, ele espera uma liberação de cirurgia de amputação na rede pública
Imobilizado. É assim que se sente Raimundo Nonato Ribeiro, morador de uma parte mais modesta da nobre região administrativa de Águas Claras, no Distrito Federal. Desde 1995, ele batalha contra uma doença que deixou sua perna gigante.
Dessa forma, um de seus membros inferiores pesa 81 kg, o que restringe o movimento do aposentado. A solução para o problema existe: a amputação. Porém, a lentidão da rede pública de saúde faz com que ele siga preso em casa graças a essa condição.
Erro médico em cima de erro médico
A princípio, Raimundo diz que os primeiros sinais de estranheza surgiram quando ele estava jogando bola aos 14 anos de idade. Ao colocar o meião, notou que uma perna tinha uma grossura maior do que a outra. Por isso, em 1995, recorreu à ajuda médica.
Conforme a discrepância aumentava, ele percebeu que tinha um problema e que precisava tratar. Logo, deixou de lado sua vida de agricultor em Grajaú, no Maranhão, e foi cuidar dessa questão em Teresina, capital do Piauí.
Por lá, Raimundo fez sete biópsias em sua perna, pois os médicos acreditavam que ele tinha um tumor no membro. Então, os profissionais chegaram a realizar uma cirurgia de remoção de parte daquela massa extra, na intenção de evitar a disseminação de um possível câncer.
Todavia, a perna do rapaz continuou sofrendo com infecções constantes. Em uma delas, o paciente passou 13 dias internado na Unidade de Pronto Atendimento do Núcleo Bandeirante. Na ocasião, seu membro apresentava uma enorme ferida aberta que lhe impedia de se mover.
“É tanta dor, que a gente só resiste porque tem que resistir. Dessa última vez, eu fiquei dias internado e essa ferida demorou um ano para cicatrizar”, desabafa Raimundo sobre esse episódio.
Vendo que o problema persistia mesmo após cirurgia, o homem passou a ter sua perna avaliada pelo Hospital Universitário de Brasília. Desse modo, essa segunda análise detectou que a operação em sua perna não era necessária, e além disso, o erro médico removeu uma importante glândula. Logo, não há mais reversão no caso de linfedema que Raimundo enfrenta, restando a ele somente a amputação.
Linfedema: o que é?
De início, precisamos lembrar a função do sistema linfático: servir como um mecanismo que evita a disseminação de câncer ou infecção. Nesse sentido, a linfa que circula nos vasos linfáticos consiste em um líquido composto por água, glóbulos brancos, gorduras e proteínas.
Durante a sua trajetória pelo corpo humano, a linfa passa por filtragens nos linfonodos. Nestes pontos de parada, o organismo retira do líquido as células cancerosas e os organismos capazes de gerar infecções em nós.
Portanto, o linfedema ocorre quando o sistema linfático não consegue colocar em seus vasos a linfa que precisa passar pelos tecidos para recolher agentes danosos. Logo, esse líquido se acumula em locais como perna, braço e pescoço, gerando casos como o de Raimundo Nonato.
Basicamente, o linfedema não tem cura. Nesse sentido, o que é possível fazer é diminuir o acúmulo de linfa em uma região específica. Para isso, os pacientes adotam medidas como: drenagem linfática manual, exercícios para os membros, meias de compressão e massagens.
Solução encontrada por Raimundo
Além desses métodos, há a opção da amputação, escolha esta que já foi feita pelo morador do DF. Porém, há 4 anos ele espera por uma consulta na rede pública de saúde.
Isso porque, em 2018, Raimundo foi encaminhado para a ala ortopédica do Hospital Paranoá com um laudo que solicitava uma análise de especialista sobre a possibilidade de amputação. Todavia, o aposentado ainda não recebeu a convocação para a necessária avaliação.
Dessa forma, ele foi averiguar na Secretaria de Saúde do Distrito Federal o que estava provocando essa demora. Então, ele descobriu que nem estava na fila de cirurgias. Segundo o órgão, por mais que ele tivesse um laudo requisitando a análise, era necessário que o paciente buscasse uma Unidade Básica de Saúde para marcar a consulta.
Isso gera um novo processo de espera, o que não tirou de Raimundo a esperança de dar uma solução ao problema em seu membro inferior. “Se eu tirasse essa perna, seria bom demais. Ela pesa e me atrapalha em todos sentidos. Eu teria uma vida mais normal de novo”, reflete o morador de Águas Claras.
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