sexta-feira, 13 de maio de 2022

Médico indiciado por morte de mulher após cirurgia plástica tirou mais gordura que o recomendado

 

Lidiane Aparecida Fernandes se submeteu a uma abdominoplastia e a uma lipoaspiração em dezembro do ano passado. Polícia Civil aponta que houve desrespeito às normas do Conselho Federal de Medicina.


Lidiane Aparecida Fernandes Oliveira de 39 anos morreu após fazer duas cirurgias plásticas em clínica de BH

O cirurgião plástico Lucas Mendes, indiciado por homicídio culposo pela morte de Lidiane Aparecida Fernandes Oliveira, de 39 anos, em dezembro do ano passadoretirou, durante a lipoaspiração, uma quantidade de gordura acima do recomendado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

A conclusão é da Polícia Civil, e foi divulgada em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (28).

O inquérito foi concluído, após quatro meses de investigação. As cirurgias foram feitas no Instituto Mineiro de Obesidade (IMO), localizado no bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, em dezembro de 2021.

De acordo com a Polícia Civil, enquanto o limite determinado pelo Conselho é de retirar 7% de gordura corporal, o cirurgião aspirou mais de 10% do peso de Lidiane em sete partes do corpo, como abdômen, flancos, coxas e axilas.

"Conclui-se que houve um homicídio culposo por parte do médico, em razão da imperícia, e com inobservância de uma regra de técnica da profissão médica", disse a delegada Lígia Mantovani.

Dezoito pessoas foram ouvidas durante as investigações. Imagens das câmeras da clínica onde a cirurgia plástica aconteceu foram periciadas e exames de corpo de delito e necropsia analisados.

Lidiane Aparecida Fernandes Oliveira, de 39 anos, morreu após fazer duas cirurgias plásticas em clínica de BH

Segundo o que a irmã da vítima relatou à polícia, Lidiane tinha procurado outras clínicas para fazer a cirurgia, mas recebeu a recomendação de perder peso antes do procedimento. Apenas o médico Lucas Mendes aceitou fazer a cirurgia, realizada em 6 de dezembro do ano passado, em uma clínica no bairro de Lourdes, região nobre de BH.

Pouco depois de deixar o bloco cirúrgico, a paciente começou a reclamar de dores. Horas mais tarde foi transferida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o hospital Vera Cruz e morreu na madrugada.

Ela chegou a ser enterrada, mas a polícia pediu a exumação do corpo.

No atestado de óbito, o cirurgião afirmou que a causa foi choque cardiogênico, insuficiência respiratória e tromboembolismo pulmonar. Para os legistas que periciaram o corpo Lidiane, ela morreu por anemia aguda. Outra investigação será feita para apurar se houve negligência no pós-operatório.

Lidiane Aparecida Fernandes Oliveira, de 39 anos, morreu, na madrugada de terça-feira (7). 

À época da morte, o cirurgião plástico Lucas Mendes se manifestou por meio de nota.

"Perder uma paciente dessa forma foi e está sendo muito difícil para mim. Nenhum médico acorda de manhã para trabalhar com o objetivo de causar mal ao seu paciente. Algumas informações sobre o ocorrido e a paciente não tenho o direito de mencionar na mídia, pois tenho que respeitar o sigilo da relação médico-paciente. Quando os familiares estiverem se sentindo um pouco melhor, se for o desejo deles, estarei a disposição para conversar".

g1 tentou entrar contato com o médico nesta quinta-feira para falar sobre o indiciamento, mas ainda não teve resposta.

Outra plástica termina em morte


Júlia Ferro, de 29 anos, morreu após duas cirurgias plásticas em uma clínica de BH.

A Polícia Civil também apura a morte de Júlia Moraes Ferro, de 29 anos, após passar por cirurgias plásticas, no início do mês, em uma clínica localizada no bairro Serra, região nobre de Belo Horizonte.

Segundo o boletim de ocorrência, a mulher, moradora de João Monlevade, na Região Central de Minas Gerais, colocou prótese de silicone nos seios e passou por uma lipoaspiração no abdômen no dia 8 de abril, na clínica Sebastião Nelson.

Julia Moraes Ferro morreu após cirurgia plástica em BH 

A advogada Bárbara Abreu, que representa a clínica de cirurgia plástica Sebastião Nelson, disse em nota enviada à TV Globo, na tarde desta quinta-feira (28), que, "até o momento, não há nenhum indício de má-conduta médica" nas cirurgias feitas em Júlia Moraes Ferro, de 29 anos, que morreu dias após ter feito os procedimentos, em Belo Horizonte.

LEIA A NOTA NA ÍNTEGRA:

A clínica onde Júlia Ferro fez às cirurgias se manifestou por meio de nota.








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