quarta-feira, 11 de maio de 2022

UPA: Família denuncia suposta negligência no atendimento

 Mesmo com o quadro grave e a internação feita, nenhum médico foi ver a paciente durante a noite toda

Na redação do A TRIBUNA, Robson Nunes Oliveira, Jaqueline Gomes e Ronnie Nunes Oliveira, filhos e nora de Elza, denunciam atendimento da UPA

Familiares de Elza Nunes de Oliveira, 71 anos, suspeitam que a falta de atendimento médico pode ter agravado o quadro de saúde da idosa, que acabou morrendo neste sábado (23/4) depois de ter ficado 36 horas na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Rondonópolis, com dores abdominais e vômito. Os familiares procuraram o A TRIBUNA para denunciar o caso.

As dores eram tão intensas que os médicos trocaram o Buscopan pela morfina, mas não a transferiram para outra unidade com mais recursos. Vinte e quatro horas depois de ter entrado na UPA, Elza estava sendo intubada e, 36 horas depois de muitas dores e aflição dos familiares, a idosa morreu. Foram muitos remédios, embora os exames não apontassem a real causa da enfermidade.

A história de dona Elza poderia ser como a de dezenas de pessoas que procuram a unidade com dor abdominal, tomam remédio e vão embora, mas não foi. As doses de Buscopan foram poucas para tamanha a dor que começou logo cedo, na última sexta-feira. Foi submetida a exames de sangue, de urina e raio-X. A suspeita inicial era de que ela tivesse com pedras nos rins, o que não foi constatado no exame. Como as dores eram intensas, novo exame de sangue foi feito. Também sem alteração.

Os relatos do filho, Robson Nunes Oliveira, e da esposa dele, Jaqueline Rodrigues Gomes, são de aflição. Contam que do meio-dia até de noite de sexta-feira foram três doses de morfina, sendo a primeira às 12 horas, a segunda por volta das 15 horas e, por fim, a última às 19 horas. Nada continha a dor de dona Elza. Depois de tanta medicação a pressão foi a 6 por 6 e vieram as bolsas de soro para melhorar a pressão.

Mesmo com o quadro grave e a internação feita, nenhum médico foi ver a paciente durante a noite, reclama nora, Jaqueline. Ela conta que, ao amanhecer de sábado, a sogra começou a passar muito mal. “Foi por volta das 5 horas da manhã que ela ficou muito ruim, começou a faltar o ar. Demoraram para trazer o oxigênio e, então, vieram vários médicos. Primeiro, dois médicos, que não eram os plantonistas, falaram sobre um cirurgião fazer uma avaliação, depois veio uma médica que pediu para a levarem para o box. Eles falaram que o estado era grave e eu sabia que tinha algo muito errado ali, pelo jeito que conversavam”, conta.

Um pedido de ultrassonografia foi feito às 5h45min. Horas depois houve troca do médico de plantão, que foi ver a paciente assim que entrou. Mas a saúde de dona Elza estava muito debilitada e ela precisou ser intubada. Ainda pela manhã teve uma parada cardíaca, de tarde teve uma segunda parada e de noite veio a notícia do falecimento. No atestado de óbito, consta como causa da morte choque não específico, acidose metabólica, abdômen agudo, isquemia mesentérica.

36 horas depois de dar entrada na UPA, Elza Nunes de Oliveira, 71 anos, morreu 

Robson conta que a mãe tinha comorbidades, pressão alta, diabetes e diverticulite. Avisamos tudo aos médicos, entregamos os exames, todos que tínhamos porque ela estava fazendo retorno no gastroenterologista e no cardiologista. “Achamos que o problema era no intestino, mas não nos ouviram. Ela tinha que ter sido transferida para fazer mais exames que não tinham ali. Era muita dor e ela ficou uma noite toda sem ter visita de um médico”.

A família reclama de superlotação e falta de atendimento pelo médico da noite. “Talvez se ele tivesse ido até ela, levado para a cirurgia ou transferido, ela não teria morrido. Não queremos que outras pessoas passem pelo que estamos passando”.

SECRETARIA DIZ QUE VAI APURAR SE HOUVE FALHA NO ATENDIMENTO
Diante da denúncia dos familiares de Elza Nunes de Oliveira, 71, depois de ter sofrido por 36 horas com dores agudas indo a óbito na Unidade de Pronto Atendimento de Rondonópolis, no sábado à noite (23/4), a Secretaria Municipal de Saúde disse que lamenta a morte a idosa e que irá investigar se houve ou não falha no atendimento.

 

“A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) comunica que está procedendo a uma apuração para levantar ponto por ponto o atendimento da paciente, desde o momento em que ela deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) até o instante em que ela foi a óbito”, consta.

 

“A Pasta ressalta que a apuração está sendo realizada para saber se houve falha e, em caso afirmativo, onde ocorreu essa falha, pois o objetivo é que ela não se repita. A SMS salienta, ainda, que, constatada alguma falha, buscará identificar os responsáveis e tomar as medidas cabíveis. A Saúde lamenta o ocorrido e expressa suas condolências aos familiares da paciente”, finalizou.


A Tribuna MT 



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