Foto de Alan, de 9 anos, foi divulgada durante denúncia de mães sobre a superlotação do hospital
A lavradora Marlene Trabach e o filho Alan sendo medicado ao lado de uma lixeira Foto: Ajari Taeko Foto Leitor |
Morreu no último sábado (27) o menino Alan Gonçalves Trabach, 9. Ele lutava contra um câncer nos rins desde o final de 2013 e foi fotografado, este mês, recebendo medicação sentado em uma cadeira de plástico ao lado de uma lixeira, no Hospital Infantil de Vitória. Ele teve falência múltipla dos órgãos.
De acordo com uma tia de Alan, a autônoma Edna Trabach, 34, o menino teve alta do Hospital Infantil, mas como não estava conseguindo se alimentar e urinar, a mãe dela, a lavradora Marlene Trabach, que criava Alan como se fosse filho, o levou para um hospital público de Itaguaçu, cidade que a família vive.
“Ele foi internado e no último dia 19 foi transferido para o Hospital Infantil, em Vitória, mas a médica nos falou que o caso dele não tinha mais jeito. Pedi para transferi-lo para outro hospital, ela disse que outro hospital não teria recursos. A morte dele foi um choque, pois por mais que a situação dele era crítica, acreditávamos que ele tinha chances”, lamenta.
Ainda segundo Edna, na noite em que o sobrinho faleceu, não tinha médico no setor de Oncologia. Ela acredita que o hospital poderia ter feito mais pela vida do sobrinho. “Ele começou a ter intercorrências, falei com a enfermeira, ela simplesmente falou que os médicos já haviam conversado com a minha família sobre a situação do Alan, e saiu. Eles poderiam ter colocado um balão de oxigênio para tentar salvá-lo”.
Infraestrutura
A autônoma conta que no decorrer do tratamento do sobrinho atendimento não deixou à desejar, mas a infraestrutura sempre foi precária.
“Teve medicamento que a minha mãe teve que comprar, pois sempre faltava, era uma vitamina que tinha que passar na boca dele, porque machucava em função da quimioterapia. Minha mãe já passou mais de 20 dias sentada em uma cadeira quebrada. Só tem um banheiro para todos os acompanhantes. Os profissionais querem trabalhar, mas não encontram infraestrutura para isso. Só quem está lá dentro sabe o que sofre”.
Para ela a lembrança que fica é de uma criança guerreira que lutou pela vida até o fim. “Ficamos sem chão quando ele foi diagnosticado com câncer, pois ele era uma criança cheia de vida. Ainda não consigo acreditar que ele se foi, mas ele lutou até o último minuto, o defino como um menino guerreiro, não só ele, mas todas as crianças que nesse momento estão passando por tratamento de câncer no Hospital Infantil, aquilo ali não é para qualquer um”, diz.
Resposta da Sesa
A direção do Hospital Estadual Infantil de Vitória lamenta o óbito e informa que, desde 2013, quando iniciou o tratamento na Unidade a família foi informada da gravidade do caso. No dia citado (foto), o paciente deu entrada apresentando dor. Ele foi atendido, medicado para dor e, após avaliação médica, recebeu alta hospitalar. O paciente retornou à Unidade no dia 23 de maio e estava recebendo toda assistência na unidade de oncologia do Hospital. A direção ressalta que no dia do óbito o paciente não era portador de nenhuma infecção, conforme exames laboratoriais.
O Hospital conta com médicos pediatras, 24 horas por dia, para atender qualquer intervenção clínica de todas as intercorrências na clínica pediátrica. O fato será apurado.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) está realizando a maior intervenção no atendimento pediátrico das últimas décadas. O pronto-socorro do Hospital será transferido, até julho, para uma área maior que possibilitará a ampliação de leitos, passando de 171 para 294, além de oferecer melhor ambiente e estrutura física. O setor de oncologia também será transferido para a área do Hospital da Polícia Militar e possibilitará uma maior oferta de leitos e melhor estrutura física para o atendimento oncológico.
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