Confira o relato de seis guarapuavanas que sofreram algo em comum: violência obstétrica
(Foto: Ilustrativa/Pixabay) |
Guarapuava - “Uma enfermeira me mandou calar a boca porque eu iria assustar as outras pacientes, detalhe: só havia mais uma paciente no quarto! Me trataram com desprezo e muito mal assim que eu disse ser "solteira", pois não era casada no papel. Estava sozinha e era nova e boba, comecei a chorar e tentar não "gritar" de dor! Senti medo”. Este é o relato de Sonia Godoy, mãe de uma garotinha de 10 anos. “Hoje estou grávida de quase oito meses e tenho pavor daquele hospital”.
“Induziram empurrando minha barriga com os braços”
Outro procedimento comum é a manobra de Kristeller, que consiste em empurrar a barriga da gestante para auxiliar a saída do bebê, porém o recurso é proibido inclusive nos livros de medicina. Este foi o caso de Tati Castilho. Segundo ela, o médico empurrou sua barriga com os braços.
“Induziram empurrando minha barriga com os braços, soro na veia. O médico me mandou calar a boca, fui "rasgada" por dentro e sofri complicações por isso”, relata.
“Não sabia como funcionava parto induzido. Fui ao hospital porque tinha saído o tampão, aí resolveram induzir”
Chrys Gechele também teve o parto induzido sem saber como era. De acordo com Chrys, ela só ficou sabendo que era violência obstétrica depois do parto.
“Não sabia como funcionava parto induzido. Estava de 40 semanas e fui ao hospital porque tinha saído o tampão aí resolveram induzir. Dei entrada no domingo 8h da manhã e minha filha nasceu segunda às 5h35. Não me deram soro para dor e quando deu os dez dedos de dilatação ela ainda estava alta”, conta.
“As enfermeiras que estavam dormindo me machucaram, e foram super estúpidas comigo”
Passar por agressões é difícil em qualquer momento, mas durante o parto a situação fica ainda mais complicada, é um momento delicado para mulher. “Eu tinha 16 anos e queriam forçar um parto normal que não tinha como acontecer, me deixaram sofrer das 14h da quarta até às 9h30 de quinta. Sem contar as enfermeiras que estavam dormindo e me machucaram, e foram super estúpidas comigo”, conta Deizy Munhoz Rocha.
“O médico mandou eu ficar quieta porque na hora de “fazer” eu não gritei daquele jeito”
Ainda é difícil para as vítimas compreenderem que sofreram uma violência obstétrica, já que pensam que determinados procedimentos e atitudes são comuns na hora do nascimento. “Eu sofri. Com 17 anos ganhei meu filho, fui internada às 7h30 do dia 07 de julho de 2011 e eles fizeram meu parto às 10h56 do dia 08 de julho de 2011. O médico mandou eu ficar quieta porque na hora de “fazer” eu não gritei daquele jeito, e se eu continuasse gritando de dor ele iria me deixar sozinha com as enfermeiras. Foi preciso a minha mãe brigar com o médico pra ele fazer meu parto logo. Meu filho nasceu com um caroço na cabeça, pois estava passando da hora de nascer”, relata Gracielli Zagulski.
“Minha mãe morreu por negligência médica”
De acordo com uma pesquisa da Fundação Perseu Abramo, uma em cada quatro mulheres é vítima de violência obstétrica durante o parto no Brasil, muitas acabam tendo a vida interrompida. Anne Rebeca Valentim conta que sua mãe, Paula Rodrigues dos Santos acabou morrendo por negligência médica.
“O médico que atendeu minha mãe, além de machucar e maltratar, deixou a metade da placenta, que acabou fazendo uma trombose. Lembro que ela contava que o médico falava coisas ruins para ela. Meu irmão hoje tem nove anos; nasceu no dia 06 dezembro de 2007, e minha mãe morreu no dia 10 de dezembro de 2007. Ela só tinha 24 anos. Como consequência da morte da minha mãe, minha avó acabou falecendo de tristeza 38 dias depois da morte dela”.
Quando Paula morreu Anna tinha apenas oito anos, sua irmã cinco, seu irmão quatro e o bebezinho, apenas quatro dias.
Bárbara Franco
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