segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Empresária tem morte cerebral após passar por cirurgia plástica em clínica de BH: ‘Sentimento de revolta’

 

Fabíola Corrêa da Silva, de 54 anos, ficou internada durante seis dias no Hospital Odilon Behrens após passar por uma abdominoplastia

Uma empresária de 54 anos morreu nessa terça-feira (2) após passar por uma cirurgia de abdominoplastia no Hospital da Plástica, clínica localizada no bairro Lourdes, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Fabíola Corrêa da Silva precisou ser transferida e internada no Hospital Odilon Behrens no último dia 27 de julho, data em que passou pelo procedimento, após apresentar morte encefálica.

Ao BHAZ, a clínica informou que “não houve demora para socorrer a paciente” (leia abaixo). Em conversa com a reportagem nesta quarta-feira (3), o marido de Fabíola, André Luiz Ferreira de Souza, disse que a cirurgia plástica era um dos maiores sonhos da esposa.

“Nós pagamos pouco mais de R$ 20 mil pelo procedimento, mas o dinheiro é o de menos, eu pagaria R$ 100 mil para estar com ela de volta. Cansei de brigar com ela para ela não fazer, por que na minha visão, não tinha necessidade. Mas era o sonho dela, ela tem muitas amigas que fizeram, que ficaram ‘fininhas'”, contou.

‘Correria e gritaria’


André conta que a esposa realizou o procedimento no Hospital da Plástica no último dia 27 de julho. A cirurgia começou às 7h30 e terminou por volta das 14h45. Quando deixou o bloco cirúrgico, Fabíola chegou a conversar com o marido.

“Ela subiu na maca conversando comigo, me pediu um beijo, disse que estava com saudades. Chegou a janta dela, tomou três colheres de sopa e gelatina e meio copo de água e me disse que estava com muito sono por conta da anestesia”, relatou.

Logo que Fabíola caiu no sono, o marido estranhou o ronco da esposa. Um médico esteve no quarto e disse que a deixaria descansando para, posteriormente, fazer a verificação. Alguns minutos depois, no entanto, o soro da paciente acabou e André acionou um enfermeiro, que prontamente chegou até a sala para trocar o material e aplicar uma injeção.

“Quando ele foi aplicar a injeção ela não estava roncando mais. O enfermeiro começou a bater na testa dela e colocou um oxímetro para medir a oxigenação e frequência cardíaca, que estava zerada. Me tiraram às pressas do quarto falando que eu não poderia ver o procedimento. Foi aquela correria, aquela gritaria, falaram que conseguiram reanimá-la e a levaram para o bloco cirúrgico novamente”, lembra ele.

‘Sentimento de revolta’


Por conta da gravidade do caso, a paciente precisou ser transferida para o Odilon Behrens. Por lá, André foi informado que a esposa havia tido morte encefálica.

“Foram dois médicos com ela e eu fui atrás com o meu carro. A médica do Odilon Behrens disse que precisava falar comigo em particular e ela começou a me falar que fizeram muitos procedimentos errados, que a Fabíola chegou no hospital já com morte encefálica”, conta ele.

Em seis dias de internação, o quadro de Fabíola não apresentou nenhuma melhora. André garante que, antes da cirurgia, a esposa fez todos os exames exigidos pela clínica e que eles não apresentaram nenhum agravante.

“A médica do Odilon disse que tiveram vários erros no procedimento, não foi só um. O que fica é um sentimento de revolta, lógico que a gente não tá procurando dinheiro, até porque isso não vai trazer a Fabíola de volta. Mas tem que haver alguma punição para que isso não aconteça com outras pessoas”, disse ele.

A família registrou uma ocorrência policial contra a clínica e acionou a Justiça. O corpo de Fabíola Corrêa da Silva foi encaminhado ao IML (Instituto Médio Legal) para a realização de necropsia.

O que diz a clínica?


Em nota enviada ao BHAZ, o Hospital da Plástica disse que não houve demora para socorrer a paciente. “Ao ser verificado pelo médico plantonista que a paciente estava passando mal, imediatamente, ela foi estabilizada pela equipe médica e cirúrgica e encaminhada por uma ambulância UTI para o Hospital Odilon Behrens com vida”, disse a unidade.

O hospital ainda acrescenta que “possui toda estrutura necessária e equipamentos de alta tecnologia estando em dia com toda a documentação sanitária municipal, estadual e federal”.

Nota da Polícia Civil na íntegra


A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) instaurou Inquérito Policial para apurar as circunstâncias e a causa da morte da mulher, de 54 anos, ocorrida após se submeter a uma cirurgia plástica. O corpo será submetido aos exames cabíveis no Instituto Médico Legal Dr André Roquette (IMLAR), na capital, e os trabalhos investigativos estão a cargo da 1a Delegacia de Polícia Civil Sul”.





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