'Disseram que tinha uma ala separada para pacientes com Covid, mas como a gente ia saber, se ninguém era testado?', questionou acompanhante de paciente da unidade de saúde.
Acompanhantes de pacientes denunciam aglomeração e superlotação em hospital no Recife |
A realidade de pacientes nos corredores e de superlotação no Hospital Getúlio Vargas (HGV), no bairro do Cordeiro, na Zona Oeste do Recife, não mudou durante a pandemia da Covid-19. Denúncias de acompanhantes de quem está internado no local apontam que as aglomerações têm sido constantes, apesar das recomendações de distanciamento social para prevenir o novo coronavírus.
“Minha tia faz quimioterapia no Imip [Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, no bairro dos Coelhos, na área central do Recife] e foi encaminhada para o Getúlio Vargas para fazer uma cirurgia de retirada de vesícula. Não tem dignidade nenhuma lá. No próprio corredor, tem uma ala vermelha”, contou Bárbara Maciel, que acompanha a paciente no local.
Pacientes internados em corredor no Hospital Getúlio Vargas, no Recife, durante a pandemia da Covid-19 |
O hospital, segundo Bárbara, tem uma ala para a Covid-19, mas a incerteza de pacientes e acompanhantes com relação ao cumprimento de protocolos traz insegurança às famílias com parentes que aguardam procedimentos médicos na unidade de saúde.
“Quando eu fui ficar com minha tia, levei um borrifador de álcool 70%, mas tinha muita aglomeração. Disseram que tinha uma ala separada para pacientes com Covid, mas como a gente ia saber, se ninguém era testado? Alguns pacientes no corredor usavam máscara, mas outros não usavam”, disse Bárbara.
Através de imagens enviadas ao WhatsApp da TV Globo, é possível ver que pacientes foram colocados em um dos corredores do Hospital Getúlio Vargas. “Não tem cadeira para os acompanhantes. Tem dias que a gente consegue, tem dias que não”, afirmou Bárbara. Ainda de acordo com ela, as fotos foram tiradas entre a sexta (31) e o sábado (1º).
Hospital Getúlio Vargas, no Recife, tem pacientes internados no corredor |
A tia dela chegou ao HGV na terça (28), mas saiu no sábado (1º) sem o procedimento médico. “Ela assinou um termo de desistência porque não tem expectativa nenhuma de fazer a cirurgia. Ela viu muitos corpos de pessoas que faleceram passando pelo corredor, isso afeta a pessoa”, declarou Bárbara.
Resposta
Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) disse reconhecer a grande demanda da unidade, “mas, mesmo diante do atual contexto de pandemia, vem garantindo o atendimento à população”.
“Para otimizar o fluxo de pacientes na unidade, aqueles que apresentam perfil para estarem em outros serviços são avaliados e transferidos para unidades de retaguarda, inclusive há busca ativa na emergência para detectar tais pacientes”, afirmou no texto.
A SES explicou, ainda, que o HGV não recusa atendimento de pacientes e que todos os internados são submetidos a um questionário para averiguar se apresentam sintomas gripais. Em caso positivo, essas pessoas são mantidas em isolamento, de acordo com a secretaria.
Há uma recomendação de uso contínuo de máscara no hospital e a permissão de acompanhantes só é dada em casos previstos em lei, com o objetivo de reduzir o número de pessoas circulando na unidade de saúde.
“É importante destacar que a equipe multiprofissional do hospital que atua nas emergências do serviço trabalha, permanentemente, para dar agilidade a exames e procedimentos, objetivando a rápida recuperação do paciente e, com isso, dar uma maior rotatividade aos leitos”, declarou a SES.
Problemas reincidentes
Em março deste ano, o Sindicato dos Enfermeiros de Pernambuco (Seepe) denunciou que insumos como sabão, papel toalha e álcool em gel estavam em quantidade insuficiente em hospitais estaduais localizados no Recife. Na época, a SES negou a falta de insumos de limpeza.
Acompanhantes usam pedaço de papelão para abanar pacientes no Hospital Getúlio Vargas
Em maio de 2019, pacientes e seus acompanhantes denunciaram problemas como superlotação, calor e falta de camas na emergência do HGV. O mesmo problema foi relatado em março do mesmo ano (veja vídeo acima).
Covid-19 em Pernambuco
Foram confirmados, no sábado (1º), 1.741 casos da Covid-19 em Pernambuco. A SES também registrou 40 óbitos. Com isso, o total de infectados no estado é de 96.746, além de 6.597 mortes por causa do novo coronavírus, números que começaram a ser registrados em março, no início da pandemia.
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