Simone Serra deixou três filhos, sendo uma delas, de 23 anos, com necessidades especiais.
A família de uma mulher de 42 anos, que morreu após ser picada por uma jararaca, na cidade de Cachoeira, denúncia dois casos de negligência médica por falta de atendimento apropriado para a vítima.
Segundo informações da família, Simone Sena Serra estava no quintal da casa dela, que fica na zona rural de Cachoeira, quando foi picada pela cobra, na noite de sábado (4). A mulher foi socorrida e levada pelo filho para o Hospital Nossa Senhora da Pompeia, em São Félix, cidade vizinha. Entretanto, os familiares contam que o atendimento foi negado.
Após terem o pedido de atendimento negado, de acordo com a família, Simone Serra foi levada para o Hospital de Cachoeira. No local, receberam a informação de que não tinha soro antiofídico, que poderia ter salvado a vida dela.
“Não poderia ficar ninguém com ela, teve convulsão durante a noite, tanto que quando meu filho chegou no hospital, ela estava toda inchada e já não falava. Quando meu filho entrou em desespero, eles resolveram transferir ela, mas ela morreu logo em seguida”, disse o marido de Simone, Mário Anunciação.
Simone Serra ficou internada na unidade saúde e morreu no domingo (5). No ano passado, a mulher já tinha sido picada por outra cobra, foi levada para o Hospital Nossa Senhora da Pompeia, em São Félix, onde se recuperou.
O marido de Simone Serra, que estava em São Paulo, onde trabalha há um ano e três meses, pegou dinheiro emprestado para comprar a passagem de avião logo que soube da morte da esposa. Ele conseguiu chegar a tempo do enterro dela, que aconteceu na manhã de terça-feira (8).
“Eu tive que sair de São Paulo ‘às carreiras’ [às pressas] para ver minha esposa pela última vez e abraçar meus filhos, que estão todos desesperados, todos despedaçados”, contou Mário Anunciação.
“Até onde vai essa covardia? Por que não pode socorrer uma pessoa que é de Cachoeira em São Félix? Por que São Félix não pode socorrer? Por que negaram socorro? Que discriminação é essa?”, questionou, emocionado.
Simone Serra deixou três filhos, sendo uma delas, de 23 anos, com necessidades especiais.
Ao ser procurado pela TV Bahia, o diretor médico do Hospital Nossa Senhora da Pompeia, em São Félix, Odilon Rocha, contou que a unidade de saúde não atendeu Simone porque atendia um caso grave de infarto agudo quando ela chegou no local.
O diretor informou que foi recomendado que Simone Serra fosse levada para a Santa Casa de Cachoeira, que tinha o soro antiofídico. Ele afirma que a mesma foi atendida no local, no ano passado, porque a unidade da cidade dela não tinha o medicamento na ocasião.
Em nota, o Hospital de Cachoeira afirmou que é “mentira” que a paciente não foi medicada com o soro antiofídico e que depois aguardou o momento da regulação.
A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) informou que a paciente Simone Sena Serra entrou no sistema de regulação no dia 5 de setembro, com solicitação de leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto.
O órgão contou que no momento de admissão da paciente, a equipe da Santa Casa de Cachoeira entrou em contato por telefone com a Sesab e passou o estado clínico dela. Após as informações, foi orientado o uso do soro antiofídico, mas a paciente não resistiu.
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