quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Santa Casa denuncia caos depois de receber 134 pacientes mesmo sem ter vaga

 Hospital fez reclamação formal contra a Central Municipal de Regulação ao CRM 


Uso de ambú, respirador manual, indica situação grave em relação à falta de leitos de UTI  


Depois de receber, em 48 horas, 180 pacientes, dos quais 134 foram encaminhados ao hospital no sistema chamado “vaga zero”, a direção da Santa Casa de Campo Grande voltou a denunciar “situação crítica”. Documento enviado ao CRM-MS (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul), alerta para o “altíssimo risco de desassistência aos pacientes”.

Não é de hoje que o hospital trabalha à beira do colapso. Do meio do ano para cá, a Santa Casa – referência em atendimento de alta complexidade, como casos graves de neurologia e ortopedia – vem fazendo alertas para a superlotação. Em julho, chegou-se ao ponto de pacientes serem mantidos vivos por meio do ambu, por falta de respiradores mecânicos. 

O caso voltou à tona em setembro. No dia 16, o hospital divulgou que havia recebido na primeira quinzena do mês, 1.431 pacientes, 520 a mais que no mesmo período em 2020. Para a Santa Casa, a superlotação seria por conta das flexibilizações das regras para evitar a covid-19, por estar na retaguarda das unidades responsáveis por receber os pacientes com suspeita ou confirmados com o novo coronavírus.

Agora, o hospital denuncia o uso indiscriminado do recurso “vaga zero”, quando paciente é levado para a instituição mesmo diante da informação de falta de vagas, profissionais, medicamentos ou equipamentos para atendê-lo. A

Segundo a Santa Casa, a dificuldade de manter os estoques de materiais e equipamentos “em níveis minimamente aceitáveis para não comprometer a assistência aos pacientes de urgência e emergência” foi informada à Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).

No documento, o diretor-técnico, José Roberto de Souza, informa ainda que na segunda-feira (21), a instituição avisou sobre a falta de materiais para a realização de cateterismos e angioplastias e pediu que o envio de pacientes com problemas cardíacos fosse suspenso temporariamente, o que não aconteceu.

Os 134 pacientes “vaga zero” chegaram à Santa Casa entre domingo e segunda. O hospital teme que pessoas morram por falta de assistência. 

“A atitude da regulação continua expondo os pacientes à evidente situação de riscos assistenciais, potencialmente graves e fatais”, informa a denúncia. -
O Campo Grande News fez contato com a Sesau, mas até o fechamento da matéria, não havia retorno sobre a situação. 

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