Cabeleireira tinha 20 anos. Família registrou Boletim de Ocorrência. Assessoria da clínica diz que local possui alvará para realização dos procedimentos, que prestou todo socorro necessário e que causa da morte foi embolia pulmonar.
Polícia investiga morte de jovem em BH, após procedimentos cirúrgicos
A cabeleireira Edisa de Jesus Soloni, de 20 anos, morreu horas após fazer três cirurgias plásticas em uma clínica no bairro Savassi, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, no dia 11 de setembro.
Ainda na clínica, ela reclamou de dores e chegou a desmaiar, quando foi levada a um hospital, mas morreu após chegar ao local.
A clínica nega negligência, afirma que prestou socorro e diz que a causa da morte foi embolia pulmonar. Família registrou Boletim de Ocorrência. Delegado da Polícia Civil afirma que a clínica já é investigada por homicídio culposo em outro caso, ocorrido em 2011 (leia mais abaixo).
"Ela tinha o sonho de fazer uma lipoabdominoplastia, era muito vaidosa e estava muito feliz. Um sonho que virou pesadelo", contou a massagista Silvana Mota Pereira, prima da vítima.
De acordo com familiares da vítima, Edisa queria fazer uma lipoabdominoplastia. A jovem, entretanto, foi convencida pelo médico a fazer três cirurgias de uma só vez: lipoabdominoplastia, lipoaspiração na região do queixo e enxerto da gordura retira na barriga no glúteo.
A prima da vítima disse que Edisa pagou pelos três procedimentos o valor de R$11 mil à vista. Todos os procedimentos foram feitos na clínica.
"Minha prima contou que o próprio médico a incentivou, além da lipoabdominoplastia, lipar a região do queixo e colocar no glúteo a gordura retirada da barriga. Médico também disse que este procedimento não precisaria ser em hospital e que a clínica era bem equipada", disse Silvana.
Edisa de Jesus Soloni, morreu quatro horas depois de passar por três cirurgias plásticas em BH
Investigação
A família registrou boletim de ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia Civil. A Polícia Civil de Minas Gerais instaurou inquérito para apurar as causas da morte da cabeleireira.
O delegado Vinícius Dias, responsável pelo inquérito que apura as circunstâncias da morte de Edisa, disse que informações preliminares demonstram que a clínica "não tem determinados alvarás de autorização" e que possui histórico de possível homicídio culposo em 2011 (leia mais aqui).
Sobre este caso, em nota, a Belíssima disse que "o médico foi totalmente inocentado pelo Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRMMG) e, desde já, pôde exercer a sua profissão normalmente de forma legal, pois não foi encontrada nenhuma imperícia e negligência referente a conduta médica do cirurgião".
Ainda segundo a nota, o alvará do local não é de clínica e sim de Hospital Dia o que permite realizar lipoaspiração em qualquer paciente que tenha seu risco cirúrgico liberado tecnicamente.
Apesar de a clínica afirmar que o médico é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a reportagem procurou a entidade, que informou que o profissional "concluiu estágio (equivalente a residência médica), mas não possui o título de especialista".
Em nota, o Conselho Regional de Medicina (CRM) informou que "tomou conhecimento por meio da imprensa de óbito de paciente ocorrido após cirurgia, e que iniciará os procedimentos regulamentares necessários à apuração dos fatos".
Na tarde desta segunda-feira (14) familiares e amigos da vítima fizeram protesto na porta da clínica. Eles alegam que o médico foi negligente e não prestou assistência à família.
Familiares e amigos de Edisa protestam na porta da clínica no bairro Savassi, na Região Centro-Sul de BH
Dores e desmaios
Cerca de quatro horas após a cirurgia, segundo familiares, a jovem teria reclamado de dores e desmaiou.
"O médico chegou no quarto da clínica e disse que era um problema simples, mas que precisava transferir minha prima para o hospital", relembrou Silvana.
Edisa chegou a ser transferida, mas morreu assim que deu entrada no Hospital Felício Rocho, segundo Silvana.
"Ele [o médico] simplesmente disse que foi uma fatalidade e, desde então, tem evitado falar com a gente. Um absurdo. Descaso total", completou a prima.
O que diz a clínica
A assessoria da clínica Belíssima disse que o local possui alvará da Secretaria Municipal de Saúde para a realização de cirurgias plásticas, o que pode ser comprovado por meio de documentação.
A clínica também nega acusação de negligência feita por familiares e diz que "todo socorro foi prestado".
Ainda de acordo com a clínica, o médico cirurgião plástico responsável pelo procedimento é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e exigiu todos os exames pré-operatórios, que mostraram que a paciente tinha condições de passar pelo procedimento.
Segundo a assessoria, "o Hospital Dia, conhecido como Clínica Belíssima, tem autorização de funcionamento para tal procedimento".
Leia a íntegra das notas emitidas pela clínica:
Primeira nota:
"O Hospital Dia esclarece, primeiramente, que possui alvará da Secretaria Municipal de Saúde para a realização de cirurgias plásticas, o que pode ser comprovado por meio de documentação. Inclusive, o local funciona como um Hospital – Dia, tendo toda a infraestrutura necessária para internações de até 24 horas.
O médico cirurgião plástico responsável pelo procedimento é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e exigiu todos os exames pré-operatórios, que mostraram total condição da paciente em passar pelo procedimento.
Diante das complicações inesperadas, todas as medidas necessárias foram realizadas em tempo hábil, transferindo a paciente consciente e alerta para o Hospital Felício Roxo [Hospital Felício Rocho].
Informamos também que qualquer cirurgia, de pequeno ou grande porte, envolve risco cirúrgico, mesmo com pacientes totalmente saudáveis.
Prestamos nossas condolências aos familiares e nos colocamos à disposição para quaisquer outros esclarecimentos."
Segunda nota:
"Lembrando que a causa da morte foi embolia pulmonar e que todo o socorro foi prestado pela Belíssima que arcou com deslocamento para um hospital particular e chamou a ambulância para prestar o socorro necessário.
Não houve demora no atendimento.
Segundo dados registrados na clínica a paciente entrou na sala de cirurgia às 14 horas de sexta-feira, a operação durou 1 hora e 30, começou a passar mal às 18 horas no quarto. Foi levada para o hospital às 19 horas e veio a óbito no hospital na madrugada de sábado."
Terceira nota:
"Sobre o caso de 2011 em que a Polícia Civil diz investigar, informamos que o médico foi totalmente inocentado pelo Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRMMG) e desde já pôde exercer a sua profissão normalmente de forma legal pois não foi encontrada nenhuma imperícia e negligência referente a conduta médica do cirurgião.
O alvará do local não é de clínica e sim de Hospital Dia o que permite realizar lipoaspiração em qualquer paciente que tenha seu risco cirúrgico liberado tecnicamente."
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